Josias de
Souza*
Imagem:
Ricardo Stuckert - 14.nov.2019/PT/AFP
O Partido dos Trabalhadores sempre foi uma legenda à frente do seu
tempo. Aos 25, quando exalava a doce fragrância do poder, viveu a crise etária
dos 40.
Trazia na cara aquele jeitão ávido de quem perdera muito tempo na vida.
Sucumbiu com naturalidade singular às relações plurais.
Hoje, ao atingir de fato os 40, padece os males de uma velhice precoce.
Enfrenta dissabores típicos de quem esqueceu de maneirar.
Com deficiência neurológica, o PT não consegue compreender sua própria
realidade. Ainda não se deu conta de que tem um enorme passado pela frente.
Acorrentado a Lula e à fábula da perseguição, o partido se confunde com
a imagem do dono. Mantém os pendores hegemônicos. Mas já não consegue liderar o
que se convencionou chamar de "esquerda".
Batizada de 'Festival PT 40 anos', a festa de aniversário do PT oferece
três dias de tédio. Exibe algo que Cazuza chamaria de museu de grandes
novidades.
Lula discursará neste sábado como principal atração do evento, que
ocorre no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Despejará sobre o microfone ideias
que não correspondem aos fatos.
Não é que Lula tenha se tornado igual aos políticos que atacava. O
problema é que Lula ficou diferente do personagem que ele dizia ser. Sua piscina
está cheia de ratos.
Em novembro de 2002, falando à Folha, o historiador inglês Eric Hobsbawm
disse ter visto na vitória que levou Lula ao Planalto um dos poucos eventos do
começo do século 21 que inspiravam "esperança".
No prefácio de um livro lançado em dezembro de 2002 ("Lula, o filho
do Brasil", de Denise Paraná), o escritor Antônio Cândido enxergou no PT
um partido "vivo", capaz "de escolher no arsenal ideológico os
instrumentos adequados à ação política transformadora desse Brasil pesado de
iniquidades seculares”.
No mesmo livro de Denise Paraná, à altura da página 147, Lula pintou
assim o seu autorretrato:
"(...) Se eu não tivesse
algumas [qualidades pessoais] não teria chegado aonde cheguei. Eu não sou bobo.
Acho que cheguei aonde cheguei pela fidelidade aos propósitos que não são meus,
são de centenas, milhares de pessoas."
Decorridas quase duas décadas, o Lula de 2020 não faz jus nem às
avaliações de Hobsbawm e Cândido nem à imagem que fazia de si mesmo. Ele agora
reivindica a condição de bobo.
A "esperança" foi derrotada pelo dinheiro. Tomado de assalto
por vivaldinos, o partido "vivo" flerta com o pior tipo de morte: a
irrelevância.
Lula nunca soube de nada. Mas as nove ações penais que coleciona indicam
que, no seu caso, nada é um vocábulo que ultrapassa tudo.
Como não enxerga no espelho a figura de um desbravador do Código Penal,
Lula recusa a ideia da autocrítica. Admite, no máximo, que o PT "cometeu
erros".
Ao usar a palavra "erro" como eufemismo para corrupção, Lula
revela uma desconexão voluntária com a realidade. Virou paródia grotesca do herói
idílico do PT.
Lula vendeu os ideais para financiar sua aventura. Trocou o ascetismo
pela propina. Daquele sonho de 40 anos atrás só sobrou o esboço de um epitáfio:
"Cometemos erros”.
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* Jornalista. Colunista do UOL –
08/02/2020
O Partido dos
Trabalhadores sempre foi uma legenda à frente do seu tempo. Aos 25,
quando exalava a doce fragrância do poder, viveu a crise etária dos 40.
Trazia na cara aquele jeitão ávido de quem perdera muito tempo na vida.
Sucumbiu com naturalidade singular às relações plurais.
Hoje, ao atingir de fato os 40, padece os males de uma velhice precoce.
Enfrenta dissabores típicos de quem esqueceu de maneirar.
Com deficiência neurológica, o PT não consegue compreender sua própria
realidade. Ainda não se deu conta de que tem um enorme passado pela
frente.
Acorrentado a Lula e à fábula da perseguição, o partido se confunde com a
imagem do dono. Mantém os pendores hegemônicos. Mas j... - Veja mais em
https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/02/08/aos-40-pt-sente-as-dores-de-uma-velhice-precoce.htm?cmpid=copiaecola
Aos 40, PT sente as
dores de uma velhice precoce
Ricardo Stuckert - 14.nov.2019/PT/AFP
Imagem: Ricardo Stuckert - 14.nov.2019/PT/AFP
Josias de Souza
Colunista do UOL
08/02/2020 04h58
O Partido dos Trabalhadores sempre foi uma legenda à frente do seu
tempo. Aos 25, quando exalava a doce fragrância do poder, viveu a crise
etária dos 40.
Trazia na cara aquele jeitão ávido de quem perdera muito tempo na vida.
Sucumbiu com naturalidade singular às relações plurais.
Hoje, ao atingir de fato os 40, padece os males de uma velhice precoce.
Enfrenta dissabores típicos de quem esqueceu de maneirar.
Com deficiência neurológica, o PT não consegue compreender sua própria
realidade. Ainda n... - Veja mais em
https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/02/08/aos-40-pt-sente-as-dores-de-uma-velhice-precoce.htm?cmpid=copiaecola
Aos 40, PT sente as
dores de uma velhice precoce
Ricardo Stuckert - 14.nov.2019/PT/AFP
Imagem: Ricardo Stuckert - 14.nov.2019/PT/AFP
Josias de Souza
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08/02/2020 04h58
O Partido dos Trabalhadores sempre foi uma legenda à frente do seu
tempo. Aos 25, quando exalava a doce fragrância do poder, viveu a crise
etária dos 40.
Trazia na cara aquele jeitão ávido de quem perdera muito tempo na vida.
Sucumbiu com naturalidade singular às relações plurais.
Hoje, ao atingir de fato os 40, padece os males de uma velhice precoce.
Enfrenta dissabores típicos de quem esqueceu de maneirar.
Com deficiência neurológica, o PT não consegue compreender sua própria
realidade. Ainda n... - Veja mais em
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