domingo, 13 de junho de 2010

Confissão por telefone


Frei Rovilio Costa, frade capuchinho do RS.
Faleceu em 13/06/2009 em Porto Alegre.

“Por outro lado, certas atitudes de meu amigo por vezes me desconcertava. Assim, por exemplo, ao arrepio de decisões da Santa Sé, ele costumava atender confissões ao telefone. Eram doentes e/ou idosos que não podiam procurar um padre. Por mais de uma vez estávamos falando e, de repente, alguém ao telefone pedia para se confessar. Eu saía e esperava até que a conversa acabasse. Um dia, ao chegar, vi que ele estava confessando alguém. Quando voltei, perguntei a ele se não estava agindo contra uma norma da Igreja, ao que ele me respondeu: “É um senhor de idade, no interior de uma cidadezinha de Santa Catarina. Lá não há padre e, quando o pároco aparece para rezar a missa, esse velhinho não se confessa, porque não se dá com o padre. Você acha que Deus está preocupado com esta história de, num caso como este, alguém se confessar por telefone?” Doutra feita, uma senhora divorciada, conhecida dele e de mim, catóica praticante, veio desolada falar comigo, porque o papa dissera que os divorciados deveriam ser afastados da comunhão. Sugeri-lhe que fosse falar com o frei. Dias depois encontrei-a e contou-me que o frei lhe dissera que a Igreja se preocupa muito com o sacramento do matrimônio, mas que a norma primeira de nossas ações é nossa consciência. E ela, desde então, lépida e feliz, de sã consciência voltou a comungar. Uns dias após o falecimento do frei, encontrei-me com essa senhora e alguns outros conhecidos e ela voltou a recordar este fato.”
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Do opúsculo: Frei Rovílio – 35 anos de convivência. Luiz A. de Boni, pp.15/16.

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