quinta-feira, 10 de junho de 2010

A eternidade

Rimbaud


De novo me invade.

Quem? — A Eternidade.

É o mar que se vai

Como o sol que cai.



Alma sentinela,

Ensina-me o jogo

Da noite que gela

E do dia em fogo.



Das lides humanas,

Das palmas e vaias,

Já te desenganas

E no ar te espraias.



De outra nenhuma,

Brasas de cetim,

O Dever se esfuma

Sem dizer: enfim.



Lá não há esperança

E não há futuro.

Ciência e paciência,

Suplício seguro.



De novo me invade.

Quem? — A Eternidade.

É o mar que se vai

Com o sol que cai.
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Tradução: Augusto de Campos Por Conceição Freitas


Fonte: Correio Braziliense online, 10/06/2010

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