Aurélio Wander Bastos*
Os primogênitos de Gaza
Os primogênitos de Gaza
voltarão sempre para
defender aquilo que
é seu espaço
A história nem sempre se repete, mas os fatos históricos podem entre si ter sensíveis semelhanças, guardadas as diferenças de espaço e tempo. Todavia, muitas vezes, o espaço é o mesmo, embora os tempos mudem, principalmente na região em que viveu Jesus, no passado recente conhecida como Palestina, ao tempo do Império Romano, também, como reinos de Israel e Judéia, e, nos nossos dias, por Israel, Cisjordânia e Gaza, numa dimensão histórica mais extensiva, Egito. No Egito viveram os cristãos coptas, à margem do Rio Nilo, que guardavam profundas convicções místicas e até recentemente conviveram com sucessivas crenças que influenciaram o catolicismo.
Na verdade, deveu-se aos cristãos coptas a sobrevivência de muitas das crenças que influenciaram o Novo Testamento, dentre elas a fuga de José, Maria e Jesus para o Egito, na busca de proteção da abençoada criança contra as ordens de Herodes. Por esta razão, os egípcios (não apenas coptas) apreciam o Evangelho de Mateus, que descreve a ordem de Herodes, governador da Palestina, que representava o Império Romano nos seus primeiros anos de consolidação, com os césares Otávio Augusto e Tibério. O censo na verdade era uma dissimulada forma de identificar os primogênitos com a reconhecível intenção de eliminar o que se pressupunha um menino salvador.
José, presumindo que o objetivo do censo seria infligir o caos, desorientando as famílias para provocar a morte do recém-nascido Jesus, levou o Messias com Maria, sua mãe, em modesto burrico, no desespero da preocupação, intimidados por Herodes, que comandava os soldados a serviço do Império Romano, levando-o para o Egito, exatamente através de Gaza, por suas trilhas pedregosas, suas cavernas soturnas e seus caminhos escuros e obscuros. Em nossos tempos, as crianças morrem nas ruas ou escolas de Gaza ou marcham em fuga levados pelos pais, desesperadamente, pelas mesmas trilhas e caminhos, na contramão dos túneis construídos no deserto para o transporte de armas, repetindo o fenômeno em tempos históricos diferentes, buscando o delta do Nilo, de tantas águas, onde Jesus sobreviveu à fúria do Império.
Embora os textos mais conhecidos não especifiquem o caminho seguido por José, Maria e Jesus, vários livros coptas belíssimos foram publicados ilustrando esta difícil rota da luta pela sobrevivência, nas noite do deserto do Sinai-Gaza, para alcançar o Vale do Nilo, até Alexandria. Esta jornada, de grande inspiração humana, transformou-se, no tempo histórico, em infernal campo de guerra, território místico das crianças da nova Palestina do islã, que não conseguem atravessar os túneis do Sinai e sucumbem nos monturos dos foguetes.
Jesus sobreviveu e retornou seis meses depois a Belém, da mesma forma que os primogênitos de Gaza voltarão sempre para buscar construir, não a Igreja cristã, que evoluiu do ventre do povo de Israel, mas para fazer a guerra santa na defesa do espaço que serviu para o filho do povo judaico buscar o abrigo que o protegeu contra a agressividade do Império Romano. Estas luzes estelares do rastro dos mísseis, que iluminam a morte das crianças, não é uma ironia da História, mas sobreviverá na história das ironias.
Na verdade, deveu-se aos cristãos coptas a sobrevivência de muitas das crenças que influenciaram o Novo Testamento, dentre elas a fuga de José, Maria e Jesus para o Egito, na busca de proteção da abençoada criança contra as ordens de Herodes. Por esta razão, os egípcios (não apenas coptas) apreciam o Evangelho de Mateus, que descreve a ordem de Herodes, governador da Palestina, que representava o Império Romano nos seus primeiros anos de consolidação, com os césares Otávio Augusto e Tibério. O censo na verdade era uma dissimulada forma de identificar os primogênitos com a reconhecível intenção de eliminar o que se pressupunha um menino salvador.
José, presumindo que o objetivo do censo seria infligir o caos, desorientando as famílias para provocar a morte do recém-nascido Jesus, levou o Messias com Maria, sua mãe, em modesto burrico, no desespero da preocupação, intimidados por Herodes, que comandava os soldados a serviço do Império Romano, levando-o para o Egito, exatamente através de Gaza, por suas trilhas pedregosas, suas cavernas soturnas e seus caminhos escuros e obscuros. Em nossos tempos, as crianças morrem nas ruas ou escolas de Gaza ou marcham em fuga levados pelos pais, desesperadamente, pelas mesmas trilhas e caminhos, na contramão dos túneis construídos no deserto para o transporte de armas, repetindo o fenômeno em tempos históricos diferentes, buscando o delta do Nilo, de tantas águas, onde Jesus sobreviveu à fúria do Império.
Embora os textos mais conhecidos não especifiquem o caminho seguido por José, Maria e Jesus, vários livros coptas belíssimos foram publicados ilustrando esta difícil rota da luta pela sobrevivência, nas noite do deserto do Sinai-Gaza, para alcançar o Vale do Nilo, até Alexandria. Esta jornada, de grande inspiração humana, transformou-se, no tempo histórico, em infernal campo de guerra, território místico das crianças da nova Palestina do islã, que não conseguem atravessar os túneis do Sinai e sucumbem nos monturos dos foguetes.
Jesus sobreviveu e retornou seis meses depois a Belém, da mesma forma que os primogênitos de Gaza voltarão sempre para buscar construir, não a Igreja cristã, que evoluiu do ventre do povo de Israel, mas para fazer a guerra santa na defesa do espaço que serviu para o filho do povo judaico buscar o abrigo que o protegeu contra a agressividade do Império Romano. Estas luzes estelares do rastro dos mísseis, que iluminam a morte das crianças, não é uma ironia da História, mas sobreviverá na história das ironias.
*Advogado e cientista político.
http://ee.jb.com.br/reader/zomm.asp?pg=jornaldobrasil_117644/104335 12/01/2009
http://ee.jb.com.br/reader/zomm.asp?pg=jornaldobrasil_117644/104335 12/01/2009
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