quinta-feira, 7 de março de 2013

Humildade

 Luís Rocha e Melo, SJ*
 
Quaresma

Quem ora entende, sem grandes explicações, que a oração pertence à vida, nem pode nunca desligar-se dela. Pelo contrário, quem ora dá rumo à vida; a vida é oração e a oração brota da vida, já que o essencial, na relação com Deus, é uma vida entregue. O «aqui estou» dos profetas, ou o «eis-me aqui» de Maria, são a expressão verbal e orante de uma entrega sem condições. Quando o Senhor chama alguém à relação com Ele, no amor e na fidelidade, não chama a entregas parciais ou temporais. Chama à totalidade, como é próprio de amor total. Atitudes medianas ou ambíguas não são dignas do nosso Deus, nem da vocação a que somos chamados: predestinados para ser imagem idêntica à de seu Filho, somos chamados a coisas grandes, nada menos que a participar plenamente da santidade de Deus. Não é monopólio dos conventos; é a vida dos batizados, em cujo coração depositou o Senhor a vida trinitária, como semente destinada a crescer. «Sereis santos porque eu sou o Senhor» (Lev 11,44). 

Ponto claro no caminho espiritual, do passado e do presente, é que para a santidade - a plenitude do amor de Deus em nós - se caminha na humildade, que tentámos descrever como sendo a outra face do amor, o esquecimento de si. O Espírito sopra onde quer e os caminhos são variados; mudam culturas e linguagens, exprimem-se de muitas maneiras os homens e as mulheres de todos os tempos, mas vão bater no mesmo ponto; para viver o tudo há que passar pelo nada. O nada da adoração de si próprio, que torna possível a adoração em espírito e em verdade dos adoradores que o Pai deseja. «Nada, nada, nada», insistem os homens de Deus, sem sombras de niilismo ou pessimismo, porque o outro lado do nada é o Tudo. 

Com base na cultura do seu tempo, mestres do passado cultivaram o desprezo de si, como expressão de humildade. São maneiras de falar próprias das antropologias dos tempos, incómodas em mundo que exalta, de todas as maneiras, os valores e a dignidade do homem. A humildade aparece hoje como obra de arte antiga que precisa de restauro, pois a atitude espiritual a que os autores de todos os tempos dão tanta importância - e que se continua a chamar humildade - está no âmago do espírito de Jesus, proclamado nas bem-aventuranças. Não é arcaísmo que se possa deitar fora, nem questão facultativa, acessória ou periférica.

Certas caricaturas que dela se fizeram, ao longo dos tempos, e a identificaram com condições sociais e culturais, ou com atitudes de amorfo ou de invertebrado, desvirtuaram - tiraram a força - à energia da verdade e do amor. Não confundamos o humilde com o parvo que se cala quando tem razão, ou com o tímido que se encolhe quando é agredido. Muito menos com o resignado, perante situações de injustiça pessoal ou coletiva. É verdade que, ao chegar a sua hora e quando «tudo estava consumado», Jesus se entregou, sem resistência, aos verdugos, porque assim era necessário para revelar um amor até ao extremo. Não o fez por fraqueza, mas em plena liberdade, no cumprimento da missão que o Pai lhe confiara. Antes disso, encontramos um Jesus, manso e humilde de coração que desmascara, com frequência, a hipocrisia dos fariseus, denuncia a corrupção dos poderosos, ou expulsa os vendilhões do templo. Encontramo-lo a argumentar e a defender-se perante as ciladas dos inimigos, ou até a derrotá-los com as mesmas armas que eles utilizavam: «De onde provém o batismo de João? Do céu ou dos homens? ... Eles não souberam responder ... » (Mt 21, 25 ss.). E quando, no sermão da montanha, afirma, a certa altura, «se alguém te bater na face direita oferece-lhe também a outra» (Mt 5, 39), não está a proibir a digna oposição aos ataques injustos, ou o combate ao mal no mundo, mas sim a condenar a vingança de quem paga o mal com o mal, ou a proclamar um amor para além do obrigatório: «Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas» (Mt 5, 41). Que o mesmo é dizer: não penses demasiado nos teus direitos e põe-te sempre a favor dos outros. Não chegam as páginas de um livro para continuar a dizer que a humildade, em Jesus, é coluna vertebral da sua vida e missão: o humilde é homem sem medo, porque se esquece de si. 

A humildade pode entender-se a partir de vários ângulos, segundo as suas diferentes manifestações. Também se pode entender na raiz e identificá-la com o próprio espírito de Jesus, suporte das bem-aventuranças. Sendo arcaica a palavra, para alguns contemporâneos, não podemos eliminá-la do nosso vocabulário espiritual, sob pena de deitarmos por terra uma atitude básica da espiritualidade cristã. Não havendo outra, para já, que a substitua, é preciso reencontrar-lhe o sentido, apesar das caricaturas acima referidas. A humildade é, no sentido bíblico e no da tradição cristã, atitude eminentemente religiosa que nasce na relação do homem com Deus, e «transforma o pobre em homem de Deus». Diz respeito à relação da criatura perante o Criador e à verdade dessa mesma relação. A humildade, na Bíblia, é atitude da criatura pecadora, diante do Todo-Poderoso, três vezes santo. O humilde reconhece que recebeu de Deus tudo o que é e tudo O que tem; depois de ter feito tudo o que tinha a fazer, o humilde reconhece-se servo inútil, ou seja, não se apropria dos dons de Deus para glória pessoal; o humilde sabe que por si não é nada e abre o coração à graça. Os humildes procuram os interesses dos outros e ocupam o último lugar. Não tocam, por isso, trombeta diante de si, nada fazem para serem vistos pelos homens , nem a sua mão esquerda sabe o que faz a direita. A humildade é suporte da fé. Como consequência, também está na base da relação fraterna. 

Israel aprende a humildade de várias maneiras: ao fazer a experiência da omnipotência de Deus que salva o povo, como único Senhor, ao fazer a experiência da pobreza, na provação coletiva das derrotas e do exílio, ou na provação individual da doença e da opressão dos fracos. Essas humilhações levam Israel à consciência da incapacidade radical do homem e da miséria do pecador que se separa de Deus; daí se volta para Deus de coração contrito e humilhado, em humildade feita de dependência total e de docilidade confiante. O «resto» de Israel será humilde e pobre.

O Messias é manso e humilde, e é Messias dos humildes. Não procura a sua glória pessoal; humilha-se ao ponto de lavar os pés aos discípulos; aniquila-se ao fazer-se homem e servo, e ao percorrer um caminho até à morte de cruz.

A humildade é o lado oculto do amor: é preciso seguir o caminho desta humildade nova e da mansidão, para praticar o mandamento novo. Todas as bem-aventuranças são a lei nova do amor, ou a pedagogia dela - o seu lado oculto - e supõem, por isso, uma espiritualidade pascal, de morte e ressurreição. Amar é sair de si; para sair de si é preciso esquecer-se de si. Para caminhar em direção ao «êxtase» (estar fora de si), é preciso um «êxodo» (sair de si). Quer dizer que o espírito de Jesus, que está na base de todas as bem-aventuranças, é o espírito da humildade. Como é a face escondida do amor, também tem uma morte e uma ressurreição. A humildade será, portanto, nesta perspetiva, a capacidade de esquecimento de si - a morte do egoísmo - em função do Outro ou dos outros. Isso é a ressurreição. 

Sem ela, seríamos simplesmente pobres, ou mansos, ou misericordiosos, ou tristes... A humildade é atitude próxima da fé, da esperança e da caridade. Podemos colocar o espírito de Jesus - a atitude habitual da sua alma humana, que o leva a nada poder fazer por si próprio se não vir o Pai fazê-lo, a humildade de Jesus - como sustentáculo da sua união permanente com o Pai. O Filho é aquele que está voltado para o seio do Pai, esquecido de si. Está no Pai, conhece o Pai, vive pelo Pai, não tem outro alimento senão fazer a vontade do Pai,  nada faz que o Pai não lhe dê a fazer.

Quem caminha para o «nada», de que nos falam os místicos, aproxima-se de Deus. O espírito de Jesus - a humildade que tentamos descrever - só tem sentido em perspetiva religiosa, pois o nada é espaço do Tudo. Despojar-se ou esvaziar-se é deixar outras esperanças (pontos de apoio ou fundamentos de felicidade), para encontrar a Esperança e colocar em Deus a confiança única e total. Assim eram os pobres de Yavé, os anawin, regressados do cativeiro, despojados de tudo, a quem o sofrimento ensinou a humildade autêntica; esta é sempre acompanhada pelo abandono nas mãos de Deus e leva à certeza de que o Senhor está perto, e não abandona quem n'Ele confia. Ainda que falte tudo. 

Da mesma maneira, as bem-aventuranças são sete, oito ou nove situações (podem ser muitas mais) - situações humanas concretas que implicam um comportamento moral - em que o espírito de Jesus se vive, em estreita relação com o amor do Pai, derramado nos corações. Sem elas, o amor não é verdadeiro. Os pobres, os mansos, os misericordiosos, os que têm fome e sede de justiça, são homens modestos que não fazem alarido, que pensam pouco em si próprios e que, por isso mesmo, não têm medo de dar a cara. A humildade é, neles, energia de aceitação de si próprios que lhes dá capacidade de integração de todas as coisas, define a sua personalidade de homens e prepara-os para serem perseguidos por causa da justiça. São homens unificados que não esperam nada de nada e, por isso, podem olhar o mundo pelo prisma de Deus, com olhos de misericórdia, de justiça, de pureza ... Homens que vivem o espírito de Jesus vão reproduzindo neles a Sua imagem. 

Na oração, vive-se tudo isto como experiência vital. Se o objetivo da oração é o de buscar e encontrar a Deus, quem ora despoja-se, esvazia-se de si e de todas as coisas, para que Deus seja tudo. Convém notar que o nada de que falamos, e o tudo de Deus em nós, não são realidade feita nem acabada: são caminho no qual se entra e pelo qual se vai. É próprio da alma humilde não se afligir por causa da lentidão com que avança e tudo esperar do Senhor que também não tem pressas. A pedagogia divina adapta-se, misteriosamente, à nossa debilidade, e não se assusta com ela: também se adapta ao ritmo do crescimento humano, que não pode ser mais rápido, em muitos casos, sob pena de se destruir. O jardineiro, que cuida a sua planta, rega-a e poda-a, mas não puxa por ela para a fazer crescer mais depressa. O que o Senhor pede de nós é a fé. Na lentidão, precisamente, se prova a fé, a paciência e a constância. Quem anda em humildade tam­bém não se aflige ao ver a meta ainda longe, nem lhe interessa saber a que distância está dela. O que importa é estar no seu caminho. Jesus é o caminho.

Santa Teresa perguntava-se, um dia, por que razão era o Senhor tão amigo da humildade. E veio-lhe de repente uma luz: «É porque Deus é suprema verdade e que a humildade consiste em caminhar segundo a verdade. Ora é uma grande verdade que nós, por nós mesmos não temos nada de bom... Quem não compreende isto caminha na mentira...».

A humildade verdadeira nasce na contemplação da criação: tudo o que somos, e tudo o que temos de bom, vem de Deus - «todos os bens e dons descem do alto», dizia Santo Inácio; são dados gratuitamente, na criação ou redenção; não são devidos como se a eles houvesse um direito. Conhecê-los e agradecê-los faz parte do caminhar em verdade e do crescer no amor: «Não trate (alguém) de umas humildades que há ... que lhes parece humildade não entender que o Senhor lhes vai dando dons - diz Santa Teresa. Entendamos bem, como é isso, que no-los dá Deus sem nenhum mérito nosso, e agradeçamo-lo a Sua Majestade; porque se não conhecemos que recebemos, não despertamos para amar ... É coisa muito clara que amamos mais a uma pessoa quando muito se recorda as boas obras que nos faz». Aparências de humildade, como toda a aparência, não fazem crescer no amor. São doença do espírito tão grave como a vanglória. Conhecer o que Deus dá - capacidades naturais ou as maravilhas da graça - faz conhecer o seu jeito de amar e desperta o coração para o amor. Conhecer o dom gratuito, acolhê-lo e pô-lo a render, faz «entrar (a pessoa) na alegria do seu Senhor» (Mt 25, 21), e manifesta a glória do Criador. Conhecer os dons, todos os dons, reconhecer neles a santidade de Deus e louvá-lo por eles, faz-nos lembrar, outra vez, a humildade da sua serva que dizia: «O Senhor fez em mim maravilhas, santo é o seu nome» (Lc 1,49).

Apropriar-se dos dons, para fazer deles motivo de glória pessoal (isso é a vaidade), é uma espécie de roubo. Roubo de uma glória que pertence ao Criador. Podemos e devemos entender e sentir que os dons pessoais, e os do mundo inteiro, manifestam a glória do Criador, mas não inverter o sentido das coisas com um retomo da glória sobre si próprio, como se os dons não fossem dons, mas coisa devida. Na raiz do pecado está uma transformação do dom em coisa devida, ou uma apropriação do que se deve acolher: como se um homem, ao conhecer o presente que um amigo lhe vai dar, lho roubasse, substituindo o acolhimento pela apropriação. É a tentação de se apoderar da condição divina quando ela é oferecida, para a ter antes de tempo, autonomamente conquistada. «Sereis como Deus» (Gen 3, 5): para ser como Deus, basta apoderar-se do fruto - por isso é que ele é proibido; é uma pressa de ter, já, uma glória que Deus oferece e que há de amadurecer a seu tempo, reconhecida. Na raiz do pecado há uma falta de paciência que leva a pessoa a querer já, por sua conta, o que lhe há de ser oferecido depois, como dom. 

É doentio não ver nem reconhecer os dons de Deus, em si próprio, na Igreja e no mundo, e mais doentio ainda chamar humildade a essa estreiteza de vistas. Referimo-nos a pessoas que se acham sempre infradotadas, no plano da natureza ou da graça, ou veem o mundo com miopia. As causas da doença radicam, muitas vezes, na educação, humana ou religiosa, que deixou confusões de conceitos e atitudes, e medos. A pedagogia não era certamente a da verdade, criadora de liberdade e, por isso, se era muitas vezes convidado a esconder ou ignorar o que era bom, não viesse a vanglória dar cabo de tudo. A humildade verdadeira é outra coisa: é atitude de reconhecimento e acolhimento do dom como dom - a ação de graças é inerente - e atribuição da glória, como manifestação do resplendor divino, ao Criador. A humildade, que consiste em 'caminhar segundo a verdade' é movimento de ida sem volta; o humilde, esquecido de si, procura a glória de Deus, sem retomo. Acolhe o dom e não quer outra coisa senão que a santidade de Deus se manifeste, no dom reconhecido e acolhido. 

O vaidoso, pelo contrário, quer a glória para si. A glória de Deus, oferecida como dom, quere-a já, como direito, mas não tem onde ir buscá-la senão à glória dos homens - ao aplauso ou aos louvores que vêm dos outros. No fundo, o vaidoso não aceita a dependência do dom - a glória que vem de Deus - e proclama para si uma glória e uma felicidade autónomas; não espera de Deus o presente - o dom - e apodera-se dele antes do tempo, com os meios que tem à mão: cultiva a própria imagem e a que os outros têm dele, para subir no conceito dos homens. A felicidade ficará por aí, trepidante, à mercê de um conceito que pode mudar com os ventos: o seu fundamento existe agora e pode não existir amanhã. Felicidade inquietante: como se pode ser feliz hoje, com a possibilidade de o não ser amanhã? 

Voltamos ao sermão da montanha: «Guardai-vos de fazer as vossas obras diante dos homens para vos tomardes notados por eles ... Quando deres esmola, não permitas que toquem a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas ... a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo, já receberam a sua recompensa» (Mt 6, 1-7). Assim como quem diz: se pões a tua esperança na glória dos homens, tê-la-ás (talvez), mas a tua felicidade ficará por aí. É a tua, exclusivamente tua; apoderaste-te dela. Não faças assim, porque ficas enclausurado, fora da lógica do dom, que é esta: «Quando deres esmola, pelo contrário, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita... » (ib.), para que os teus horizontes se abram à glória que Deus te oferece - «teu Pai que vê no oculto recompensar-te-á» (ib.). Deixa essa glória que não presta - é pequena e passageira, indigna de ti - e abre-te à esperança, no acolhimento do dom de Deus e à glória que Ele te dará: a que virá no fim dos tempos em plenitude e que já te é dada agora, em embrião, destinado a crescer. Não tenhas pressa: ele cresce devagarinho. Na lentidão e na paciência é que se vive a esperança. Aceita a liberdade na dependência, porque essa é a verdade da tua vida: não podes existir e ser feliz na existência, só por ti. 

Se se opõe à esperança, a vaidade opõe-se também à fé: «Como podeis acreditar, vós que tirais a glória uns aos outros e não buscais a glória que vem de Deus?» (Jo 5,41-44). A humildade está na base da fé e, portanto, da caridade. Ela é a outra face do amor. 

A oração dos humildes

Toda a oração dos humildes é de acolhimento do dom. O dom é a vida de Deus, Deus em pessoa, em três pessoas. É tudo o que a vida de Deus é: amor, alegria e paz. Vida em abundância, que o coração humano não pode suspeitar, mas que vai saboreando quando a acolhe e se entrega. Não imaginemos o dom de Deus com a avareza da nossa pequenez, como coisa que Deus desse com muito regateio, ou com exigências de tal ordem, que lhe tomassem o acesso quase impossível, ao comum dos mortais. Essa era a visão do jansenismo. Não. Deus só pede um coração humilde, capaz de acolhimento. A sua grande alegria é a de se comunicar por inteiro. As suas delícias encontra-as junto dos homens"; a sua morada é o coração humanol82; o que Ele dá é nascente da água que jorra para a vida eterna. Em oração - e fora dela, se a vida é toda oração - o humilde é recetáculo dessa torrente; fica, apenas, abismado e reconhecido, contente por dar ao Senhor a alegria de dar. 

Fica inundado, em profunda paz, aquela que Jesus dá. Paz como ausência de medos e inquietações, e paz como harmonia que vem de Deus, inexplicável em termos de linguagem, destinada a crescer em tons e matizes cada vez mais profundos, com a certeza inabalável de que nada, nem ninguém, a poderá roubar, nem a morte, nem a vida, nem os principados nem as potestades ... Nem a própria fragilidade: «Esta é humildade falsa que o demónio inventava para desassossegar-me e experimentar se pode trazer a alma ao desespero ... A humildade verdadeira ... não vem com alvoroço, nem desassossega a alma, nem obscurece, nem dá secura, antes a regala com quietude, com suavidade, com luz». Paz que aumenta de grau com novidade, a ponto de se imaginar, em cada um desses momentos, que os anteriores não eram paz, e de encontrar em cada um, nova luz, que se adentra sempre mais longe.
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Luís Rocha e Melo, SJ
* In Se tu soubesses o dom de Deus, Editorial A.O., Braga, 1999, pp. 76-87
Esta transcrição omite as notas de rodapé
Seleção de Teresa Messias, professora na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa 
Fonte: Site português:  http://www.snpcultura.org/quaresma_2013.html

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