Flavia Pardini, da Página 22
Responda rápido: quando você pensa na mudança climática, que ideia lhe vem à cabeça?
Há boas chances de que tal ideia lhe tenha sido transmitida via redes
sociais, na forma de uma informação, rápida, direta e que se espalha
como um vírus, de pessoa para pessoa. Enfim, um meme.
O termo foi cunhado pelo biólogo Richard Dawkins no livro O Gene
Egoísta para descrever a unidade mínima da memória. Na genética, é o
gene que funciona como a unidade de transmissão de informação que se
auto-reproduz, determinando a evolução de dada espécie. Para Dawkins,
memes têm potencial para explicar o comportamento humano e a evolução
cultural.
Um meme que recentemente explodiu e logo na sequência morreu foi o
fenômeno coreano de Gangnam Style. Mas há memes que perduram por
décadas.
A mudança climática, por exemplo, ocupa espaço na mídia e nas mentes
humanas há pelo menos 30 anos, mas apenas 5% da população mundial reage à
ideia como um fenômeno cultural real.
Para entender que tipo de mensagem fez com que uma parcela pequena da
população se ligasse à ideia da mudança do clima enquanto a grande
maioria permanece imune, o húngaro Lazlo Karafiath e o americano Joe
Brewer decidiram se dedicar à “ciência de memes”.
Eles criaram o Climate Meme Project e, via crowdfunding, angariaram fundos para estudar a mudança climática como meme.
Acabaram com um conjunto de 5 mil memes que abordam a questão
positiva ou negativamente e agruparam-nos em cinco dimensões –
harmonia, sobrevivência, cooperação, ímpeto e elitismo –, ou “campos de
batalha” onde diferentes opiniões sobre o tema tentam espalhar ideias.
Todas as dimensões estão cheias de cenários catastróficos,
negatividade e conflito, o que segundo os pesquisadores explica porque o
meme da mudança climática não pega na população em geral.
“O aquecimento global não é um bom meme”, escreveram Brewer e
Karafiath em um relatório. “As tentativas de comunicação dos últimos 20
anos falharam completamente. Temos que olhar para fora para encontrar
memes que se espalhem mais facilmente”.
A conclusão, dizem, é positiva, pois significa que há – muito –
espaço para encontrar e espalhar memes que funcionem em detonar a ação
coletiva em relação ao clima.
Enquanto Brewer e Karafiath se empenham em descobrir que meme é esse,
a grande maioria da população já se esqueceu do Gangnam Style e dança
agora ao som do Harlem Shake.
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(Blog De Lá Pra Cá/ Página 22)Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/10/05/2013
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