segunda-feira, 9 de maio de 2011

Habitará Deus no nosso cérebro?

 Ascensão de Cristo, Salvador Dali

Imagine que com o simples rodar de um botão poderíamos controlar o funcionamento do nosso cérebro fazendo, por exemplo, desaparecer magicamente a privação da toxicodependência, aumentar a capacidade e velocidade do raciocínio ou mesmo aumentar a capacidade de memorização.
Imagine uma máquina capaz de induzir estados místicos de consciência e proporcionar-nos “encontros virtuais” com o Divino. Uma técnica desta magnitude que aumente a capacidade específicas do cérebro com um mínimo de efeitos colaterais é algo que motiva um sem número de investigadores da área e que constitui o Santo Graal da Neurofisiologia.
Pois bem, essa técnica existe, já caminha pelo seu pé e responde pelo nome de EMTr – Estimulação Magnética Transcraniana de Repetição ou, na terminologia anglo-saxónica TMS – Transcranial Magnetic Stimulation. Trata-se de uma técnica não invasiva que permite estimular, inibir e modelar circuitos específicos do cérebro: um íman similar ao utilizado na Ressonância Magnética Nuclear (RMN), focado em partes específicas do córtex cerebral e que aplicado em impulsos de frequência, intensidade e duração variáveis pode, em baixas frequências, inibir o córtex e, em altas frequências, estimulá-lo, perdurando significativamente o seu efeito para lá da estimulação.
Desenvolvida em 1985 na Universidade de Sheffield e aperfeiçoada a partir de 1995 tem sido utilizada com sucesso em doentes com Depressão Major renitente à terapêutica convencional para acelerar o efeito dos antidepressivos e em doentes esquizofrénicos padecendo de alucinações auditivas, pensando-se que a FDA poderá em breve qualificar esta técnica como segura para o tratamento do Síndrome Depressivo em doentes não respondedores à terapêutica convencional e como alternativa à Electroconvulsivoterapia (ECT). A ser testada também na terapêutica da Epilepsia refractária, na terapêutica da dor crónica, na reabsorção de derrames cerebrais, na regulação do apetite, no tratamento do Síndrome de Privação dos Opiáceos e no Síndrome de Défice de Atenção. É no âmbito da melhoria do desempenho cerebral que as suas possibilidades se revelam mais promissoras.
Estudos realizados na Universidade de Gottingen, Alemanha, e no Centre for the Mind em Sidney, Austrália, indiciam uma melhoria de dez por cento em testes de aprendizagem de tarefas motoras e aumentos significativos da capacidade criativa em voluntários sujeitos a estimulação específica com TMS e investigações patrocinadas pelos insondáveis(?!) e incontornáveis desígnios militares dos USA já a colocam em capacetes de pilotos de caça com o intuito de melhorar o seu desempenho e dentro de um aparelho portátil do tamanho de um leitor de mp3 capaz de estimular o cérebro ao toque de um botão.
Os trabalhos do Neurofisiologista e pioneiro da TMS Michael Persinger da Laurentian University em Sudbury, Ontário, têm-se orientado para a estimulação de hemisfério cerebral direito, conseguindo induzir estados místicos de consciência com “presença sensorial” em voluntários que experimentam quer sensações de prazer intenso quer sensações de pânico que os levam a acreditar que a câmara de testes está assombrada, quer ainda sensações de “contacto directo” com o Divino.
Persinger está convencido que as alterações normais, não induzidas artificialmente, dos campos magnéticos podem ser responsáveis por experiências paranormais como os fenómenos dos fantasmas, dos OVNI's e das aparições místicas. Baseados nos trabalhos de Persinger, na emergente área da Neuroteologia há já cientistas a explorar a base biológica da espiritualidade e a aventar que o próprio fenómeno religioso pode ter uma origem e uma explicação electromagnética e que as experiências místicas como as sentidas por Santos e Místicos podem ser recriadas, em laboratório, por impulsos electromagnéticos.
Fontes, entretanto não confirmadas, reportam a imensa preocupação e desconforto que grassa do Vaticano a Jerusalém com o alcance das experiências de Persinger. E, de repente, a Procissão só vai no adro e a ficção já era...
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*Publicado em tecnologia por jr

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