segunda-feira, 2 de maio de 2011

Como reformar a educação

FERNANDO VELOSO*
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Relatório compara trajetórias de países
 e expõe lições para alcançar
excelência no ensino

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Um tema recorrente em estudos sobre política educacional é a busca de elementos comuns nas experiências de sucesso.
Em 2007, um relatório da McKinsey analisou as características dos sistemas educacionais que costumam se destacar nas avaliações internacionais.
Embora tenha dado contribuição relevante para o debate sobre reforma educacional, uma limitação do estudo era o fato de se concentrar no estágio atual de países que atingiram a excelência.
Para países que buscam melhorar seu desempenho, o mais importante é saber como percorrer a trajetória de baixa para elevada qualidade da educação.
Um novo relatório da McKinsey, "How the World"s Most Improved School Systems Keep Getting Better", divulgado no final do ano passado, preencheu essa lacuna.
O estudo analisou 20 experiências de reformas que conseguiram elevar o aprendizado dos alunos de forma significativa, dentre elas a de Minas Gerais.
A principal conclusão é que existe um padrão nas trajetórias de sistemas educacionais que tiveram sucesso em melhorar a qualidade do ensino de forma sustentada.
No entanto, as características dessa trajetória mudam ao longo do tempo, dependendo do estágio de desempenho em que o sistema educacional se encontra.
"Isso implica que, ao longo do tempo,
o sistema educacional deve se
tornar mais descentralizado e
oferecer maior autonomia
para diretores e professores.
Para que isso funcione,
a carreira de professor deve ser reestruturada
para atrair candidatos
muito qualificados."

No caso de sistemas educacionais com nível de aprendizagem muito baixo, o principal objetivo é estabelecer e assegurar um patamar básico de qualidade da educação para todos os alunos.
Isso envolve o estabelecimento de metas para as escolas, criação de incentivos para que as metas sejam atingidas e apoio a escolas e alunos com fraco desempenho.
Na medida em que a qualidade da educação aumenta, o progresso passa a depender mais de inovações que ocorrem ao nível da escola. Isso implica que, ao longo do tempo, o sistema educacional deve se tornar mais descentralizado e oferecer maior autonomia para diretores e professores. Para que isso funcione, a carreira de professor deve ser reestruturada para atrair candidatos muito qualificados.
Embora a responsabilização de gestores e professores esteja em todos os estágios da trajetória rumo à excelência em educação, sua forma muda ao longo do tempo.
Nos patamares mais baixos, a cobrança de resultados, em geral, é feita por meio de mecanismos de incentivos associados a metas de aprendizagem em leitura e matemática nas séries iniciais.
Na medida em que a qualidade aumenta e se consolida uma cultura de responsabilização, a avaliação torna-se mais abrangente e passa a incluir outras disciplinas, séries e elementos subjetivos.
Em resumo, esse novo relatório realizado pela McKinsey fornece lições valiosas para o Brasil e outros países que estão reformando seus sistemas educacionais.
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*FERNANDO VELOSO, 44, é pesquisador do IBRE/ FGV.
Fonte: Folha online, 02/05/2011

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