Carlos Mello*
A bíblia é muita clara em afirmar que Jesus voltaria para submeter os pecadores ao “Juízo final” e fazer o arrebatamento dos bons para a vida eterna no Reino dos Céus. Logicamente não esquecendo as ameaças, como é padrão cristão, aos que não acreditaram nas fantasiosas estórias, de que serão torrados eternamente nas chamas de sua inquisição. Em seguida aconteceria o Armagedom, ou simplesmente a batalha final do fim do mundo que ele criou. A bíblia adora uma batalha, quanto mais sangrenta melhor, então teria que ser encerrada a vida na terra com uma já sabendo quem seriam os perdedores, obviamente os não crentes.
Desnecessário transcrever as citações sobre estas predições do Cristo para o “julgamento final” porque ocuparia um espaço imenso. Mas resumindo o “pastor de todas as ovelhas” deixou claro (supondo que ele tenha existido, afinal somente na bíblia consta sua passagem neste planeta) que retornaria antes de os que o estavam escutando morressem, ou seja, não passaria do século 2.
Não tem como dizer que existe “alguma má interpretação” como os religiosos adoram relativizar o que está escrito no livro que eles dizem ter lido.
Mas se ele já deveria ter voltado há no mínimo mil e oitocentos anos atrás, como ele mesmo estabeleceu. Porque não voltou? E o fim do mundo tantas vezes vaticinado? A resposta, para quem tem um pouco de raciocínio é óbvia. Era um falso messias.
A Igreja tenta dissimular a fraude insistindo categoricamente que é necessário manter a fé porque “ele um dia voltará”.
A estória do retorno do criador do mundo para o julgamento final, é exageradamente infantil. É provável que os catequistas tenham dificuldades de falar sobre este dogma até nas lavagens cerebrais, realizadas através da catequese nas crianças, pois atualmente qualquer criatura que aprenda a ler e escrever, vai ter à sua disposição infinitamente mais informações que seus avôs crentes tiveram, dificultando aceitarem contos demasiadamente infantis como este.
Não existe como justificar por que ele não voltou como tinha prometido, muito menos levar a sério uma fábula como esta a não ser pela fé (fé cega, logicamente). Os intérpretes (porque este livro sagrado sempre é necessário alguma interpretação de tão mal inspirado e escrito que foi) das escrituras justificam que o “Big Lord” resolveu dar um tempo para os pecadores se arrependerem.
Quem sabe ele decidiu salvar outros mundos antes!
Nestes séculos de espera pelo retorno deste ser imaginário, a humanidade, em toda sua história, enfrentou guerras promovidas pela igreja como as Cruzadas, os genocídios perpetrados pelos monarcas católicos contra os povos maias, incas, astecas, e outros. Países cristãos, avalizados pela Santa Madre Igreja promoveram a escravidão dos negros. Ocorreram duas guerras mundiais, e Jesus não voltou! Mas os crentes continuam esperando e sempre “enxergando” sinais iminentes de seu retorno triunfal para serem arrebatados e viverem nos céus para todo o sempre, pois se está no Livro das Revelações da Bíblia, tem que ser verdade, então é só esperar.
Para sorte dos ateus e pecadores, a última data para o fim do mundo, anunciada pelo movimento cristão Family Radio Worldwide, dos EUA, que deveria acontecer no dia 21 de Maio de 2011, não ocorreu. O líder, Harold Camping afirmava que “As pessoas sem boa alma permanecerão na Terra e passarão por um período de tormentos, até ao fim dos tempos”.
Com isso temos mais uma chance, entre as milhares de predições de fim dos tempos já ocorridas. O “Todo poderoso” está dando sempre mais um tempo para os homens se arrependerem. Pelo menos por mais alguns meses, pois pelo calendário Maia, que não é cristão, prevê o fim do mundo para 21 de Dezembro de 2012.
Quem sabe mais alguns séculos!
O que deveria acontecer era um Armagedom na ignorância.
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*Carlos Mello é economista formado pela UFRGS, trabalha com Avaliações Financeiras e Cálculos Periciais. Reside em Porto Alegre.
Fonte: http://www.ricardoorlandini.net 31/08/2011
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