domingo, 4 de setembro de 2011

Pesquisa identifica três perfis diferentes para consumidores de celulares

Esses usuários buscam tecnologia,
 funcionalidade e atitude. Seis em cada 10
não conseguem viver
sem os aparelhos

 
Você está mais para um ciborgue, um centauro ou um caubói do espaço? Nunca ouviu falar nessas expressões? Pois, agora, os usuários de celulares podem ser classificados em um desses três perfis, segundo pesquisa realizada pelas empresas Amdocs e Coleman Parkes e pelo antropólogo social Massimiliano Mollona. Uma das principais descobertas foi que os aparelhos móveis se tornaram uma necessidade — e em todo o mundo.
Para chegar a essas conclusões, foram ouvidos 4,7 mil consumidores de diferentes faixas etárias em 14 países das Américas do Norte e do Sul, Europa e região da Ásia-Pacífico. Entre os entrevistados, 63% afirmam que não conseguem viver sem o celular; 49% consideram que a tecnologia de telefonia móvel aumenta a facilidade de conseguir emprego, contatos e sociabilidade; e 70% esperam poder fazer ainda mais atividades com o aparelho, a partir do desenvolvimento de outros serviços móveis.
Ao perceber que as pessoas passaram a usar os celulares como “distintivos digitais”, observados pela maneira como os usuários seguram o aparelho nas mãos e fazem questão de atendê-lo em qualquer lugar, a qualquer momento, Mollona chegou às três comunidades de consumidores: ciborgues, centauros e caubóis do espaço.
Na primeira classificação, enquadram-se os usuários que conectam-se em todos os aspectos da vida, nas esferas profissional e pessoal, e são mais propensos a pagar por serviços sofisticados. Usam o celular mais que outras formas de comunicação a fim de aumentar o círculo social e a mobilidade entre os dois ambientes, além de serem usuários das mídias sociais e dos jogos on-line. Segundo a pesquisa, os ciborgues são encontrados, principalmente, na América Latina e nos mercados em desenvolvimento da Ásia.
O segundo perfil, dos centauros, refere-se aos consumidores que separam a vida pessoal da tecnologia e veem o celular como um equipamento funcional, distante de um reflexo da personalidade. Por isso, preferem mensagens de texto — por garantir mais discrição — e não usam o mesmo celular para o trabalho e a vida pessoal. Escolhem planos que permitam controlar os gastos, como pacotes de serviços ou pré-pagos. Estão localizados, em maioria, na Europa e nos mercados desenvolvidos da região da Ásia-Pacífico.

Fatores culturais

Por último, os caubóis do espaço, classificados como nômades tecnológicos, individualistas e imprevisíveis. Esse perfil troca de aparelhos e provedores com frequência, alegando questões tecnológicas e econômicas. Os caubóis têm atitude funcional com os celulares e usam o aparelho em benefício próprio, sem se preocupar em expandir o círculo social ou a conectividade. Essa comunidade é específica da América do Norte.
“Como esse e outros estudos mostram, a evolução do mundo conectado tem se beneficiado de fatores socioculturais”, afirma o antropólogo. “No entanto, a utilização é diferente nas três comunidades e cada uma tem necessidades e expectativas distintas, as quais as empresas provedoras de serviços devem suprir se quiserem fornecer a experiência desejada”, recomenda.
“Enquanto as principais concorrentes brigam por uma maior fatia do mercado, as provedoras de serviços precisam garantir que seus sistemas atendam a diferentes modelos de negócios e proporcionem uma experiência personalizada”, concorda Rebecca Prodhomme, vice-presidente de marketing de produtos e soluções da Amdocs.
Além disso, a pesquisa forneceu um quadro do comportamento humano no mundo conectado. Nele, o antropólogo afirma que os mercados emergentes estão prontos para o mundo conectado. “No Brasil, por exemplo, esse crescimento é acelerado pela falta de limites entre as esferas privada e pública e pela sociedade performativa, na qual a socialização acontece em público e é baseada na comunicação verbal. Esse tipo de cultura é altamente conectada e os celulares revelam e melhoram as conexões sociais”, analisa.

Ciborgue

A publicitária e analista de redes sociais Carol Caixeta, 22 anos, não tira o celular das mãos nem por um segundo. Há oito anos ela mantém o vício em ficar conectada — desde o primeiro aparelho — e, de tanto teclar, ganhou a etapa regional do campeonato de digitação de SMS Mobile WorldCup, em 2009, além de dores nos nervos dos braços e sessões de fisioterapia. Carol tem a principal característica de um ciborgue: o celular é a extensão da sua vida e a acompanha em todos os momentos. “Acordo e atualizo os feeds do Twitter e do Facebook pelo telefone. Enquanto me arrumo, posto mensagens. Dou check-in no foursquare em todos os lugares que vou e não consigo viver sem o WhatsApp (aplicativo para smartphones que permite envio gratuito de fotos, textos e mensagens de voz).” Para dar conta de tamanha demanda, ela usa um pacote com 700 SMS por mês e internet ilimitada. Outra mania da publicitária é usar computador, tablet e celular, todos juntos, ao mesmo tempo.

Centauro
Enquanto uns usam e abusam das funcionalidades dos smartphones para todos os aspectos da vida, outros preferem separar a forma de se comunicar na vida pessoal e na profissional. A solução encontrada pelo professor e agente de intercâmbio Diego Ponce de Leon, 29 anos, foi comprar quatro aparelhos. “Tenho dois celulares pessoais, um para falar com a família e amigos e outro exclusivo para a namorada; e outros dois profissionais, um para manter contato com a minha gerência e outro que ativo quando viajo a trabalho.” Para Diego, essa é a melhor forma de manter a vida organizada. “Quando um dos celulares toca, sei a natureza da ligação, se estou lidando com os lados pessoal ou profissional”, explica e afirma que prefere a conversa cara a cara com a família. “Deixo o telefone para uma comunicação mais prática.” No entanto, o professor mantém algumas vaidades, como adquirir pacotes de serviço com tudo incluso e trocar o aparelho pelo menos uma vez por ano.

Caubói do espaço
O agente administrativo Marco Antônio Amaral, 29 anos, não liga muito para as possibilidades tecnológicas dos smartphones, como acesso à internet e aplicativos. “Tenho um aparelho de MP3, então uso o celular para fazer ligações e mandar mensagens”, afirma. O que importa é o uso funcional do aparelho. Por isso, Marco está sempre em busca de formas para economizar nas ligações. Há seis meses, ele comprou um celular mais simples dual chip e, desde então, usufrui de promoções e pacotes mais baratos. “Tenho um plano pré-pago em um chip para falar só com os amigos e um pós-pago no outro para situações em que eu precisar”, explica. Marco usa o mesmo celular para a vida profissional e pessoal e diz que a praticidade de ter um aparelho com dois chips foi consequência. “O que me importa é a questão econômica. Com as promoções, mantenho contato sempre com amigos e família, e por pouco”, revela.
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Fonte:http://www.correiobraziliense.com.br/ 30/08/2011

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