Serenidade e criatividade são segredos para garantir o equilíbrio entre mente, corpo e coração
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Alphaspirit / Divulgação
Livro dá dicas para conduzir as crianças
da geração Z rumo a um futuro próspero — e, também, esclarece que nem
sempre "próspero" é o que os pais imaginam
LARA ELY
Todo pai e toda mãe desejam que seu filho tenha sucesso na vida. Mas
nem sempre esse sucesso está associado a fama, dinheiro e poder. Uma
pessoa bem-sucedida é aquela que se sente realizada, vive com qualidade e
equilíbrio e está bem consigo e com os outros. Parte desse sucesso
depende da qualidade da educação recebida na infância.
Um guia com sete maneiras de ajudar os filhos a se realizarem na
escola e na vida acaba de ser lançado pela Editora Sextante, com autoria
da educadora Andrea Ramal. Em Filhos Bem-sucedidos (192 páginas, R$
19,90), a autora dá dicas de como educar os filhos em um mundo
competitivo e com tantas mudanças. Aborda ainda que a educação oferecida
hoje, tanto em casa quanto na escola, não é a mesma de décadas atrás, e
mostra como lidar com os desafios dessa realidade educacional e com o
estilo de aprendizado das crianças e dos jovens da geração Z.
Sete fatores-chave para o sucesso
- Estimular uma atitude empreendedora
- Formar uma criança com valores essenciais para o futuro
- Acertar na hora de escolher uma escola
- Ensinar a criança a estudar
- Potencializar o trabalho da escola
- Ajudar o filho a superar dificuldades escolares
- Ir além do ensino escolar e formar um cidadão integral
"Não adianta manter o velho modelo
de educação intocado"
Serenidade e criatividade, segundo a educadora Andrea Ramal, são
segredos para garantir o equilíbrio entre mente, corpo e coração.
Confira trechos da entrevista que ela concedeu ao Meu Filho.
Meu Filho — O sucesso é algo relativo, que varia de
acordo com os padrões culturais de cada época, local e classe social.
Quais seriam os padrões universais de sucesso?
Andrea Ramal — Dificilmente poderíamos falar em
padrões universais, pois sucesso está ligado a valores, cultura,
mentalidades, e essas condições podem mudar. No entanto, de uma forma
geral, acredito que as pessoas de sucesso sejam as que conseguem um
equilíbrio na própria vida e se sentem bem consigo mesmas e com os
outros. São aquelas que reagem com serenidade e criatividade frente aos
problemas, têm autoconfiança para encarar as dificuldades. São as que
têm iniciativa e entusiasmo. Não esperam acontecer, elas constroem o
próprio destino. As pessoas de sucesso alcançam qualidade de vida e se
sentem felizes. Elas equilibram a mente, o corpo, o coração.
Meu Filho — Quais costumam ser as falsas noções de sucesso que os pais têm acerca da criação dos seus filhos?
Andrea — Alguns pais ligam sucesso simplesmente a
dinheiro, fama ou poder. Outros medem o sucesso pelos relacionamentos,
orgulham-se quando os filhos têm amigos de famílias ricas e chegam a
escolher a escola em função de quem frequenta. Às vezes, esses valores
não são passados de forma explícita, mas ficam subliminares nas
conversas do dia a dia. Com uma criação marcada por preconceitos e por
valores da sociedade de consumo, os pais correm o risco de formar
pessoas frustradas, que querem ter sempre mais e nunca estão
satisfeitas, que são competitivas e que querem dominar os outros a
qualquer custo. Ou simplesmente incapazes de agir com solidariedade e
empatia.
Meu Filho — Como os pais podem se manter bem atualizados em relação às mudanças de seu tempo?
Andrea — Os pais precisam se informar e, no que se
refere à tecnologia, aprender a usar os dispositivos e mídias que as
crianças usam. As crianças de hoje são membros da geração Z, de
"zapping". Elas buscam sempre novidades, sem necessariamente se
aprofundar no que encontram. Aprendem "just in time", à medida que
precisam do conhecimento para resolver algo, sem acumular informação na
cabeça. Preferem fazer várias coisas ao mesmo tempo. O abismo entre esta
geração e a anterior é imenso. Mas não adianta manter o velho modelo de
educação intocado, esperando que as crianças se adaptem. Para educar
hoje, é preciso assumir que o contexto mudou, que as crianças são
diferentes e pensam, relacionam-se e aprendem de novas maneiras. Os pais
devem entrar nesse mundo para dialogar com elas, ensinando-as a
reconhecer os seus riscos e a usar bem as suas potencialidades.
Meu Filho — O quanto se deve ouvir e considerar a vontade dos filhos para estabelecer as escolhas e limites da sua criação?
Andrea — É preciso encontrar o equilíbrio entre os
desejos da criança e os limites necessários a toda educação. Crianças e
adolescentes criados sem limites se acostumam a ter todas as vontades
realizadas e acabam se tornando pessoas mimadas, suscetíveis, que se
irritam facilmente e são incapazes de lidar com a frustração. São,
muitas vezes, adultos imaturos, que esperam reproduzir no trabalho, em
casa e nas relações sociais as mesmas situações que viveram quando
crianças. Por isso é preciso saber dizer "não" quando necessário.
Diálogo e afeto, uma didática que motiva e o estabelecimento de limites
claros são ingredientes essenciais para uma educação equilibrada.
Meu Filho — Muitos pais acham que seus filhos são
perfeitos. Quais são os fatores que influenciam na falta de crítica e
como isso influencia no desenvolvimento da criança?
Andrea — É preciso ter cuidado com a forma como as
críticas são feitas às crianças. Uma crítica feita por alguém da família
pode ter o mesmo impacto de uma frase como: "Eu não gosto de você" ou
"Você não é bom o suficiente". Já os elogios (sinceros, é claro)
funcionam como reforços positivos. Mas não dá para educar só com
elogios. Hoje existe uma mentalidade muito voltada para proteger as
crianças do fracasso e da decepção, como se isso pudesse aumentar a sua
autoestima. Na verdade, essa postura pode ser prejudicial. Mostrar ao
filho que ele errou, e dizer que os pais esperam que ele se saia melhor
da próxima vez, é uma forma de estimular o seu gosto por desafios e sua
capacidade de superar dificuldades. Para educar hoje, é preciso assumir
que o contexto mudou e que as crianças são diferentes
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Fonte: ZH on line, 15/05/2013
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