Juremir Machado da Silva*
Não faz muito, a professora Marilena Chauí, filósofa,
militante do PT, comentarista de Spinoza e intelectual engajada, teve um
surto de sinceridade. Ela disse sem medir as palavras nem as reações :
“A classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma
abominação ética porque é violenta, e é uma abominação cognitiva porque
é ignorante. Fim”
A classe média acha que tem impunidade no Brasil com as prisões
lotadas de pobres. Quer penas perpétuas e, se possível, pena de morte.
A classe média não quer cotas.
Odeia o bolsa-família.
Quer manter prisões infectas.
Gosta da meritocracia como sistema de hierarquia social reprodutor da
desigualdade e útil para afagar o seu ego de classe básica.
É sexista.
Não aceita beijo gay em novela.
Fura sinal de trânsito, mas não quer ser multada.
Sonega imposto de renda, mas discursa contra a corrupção.
Corre para comprar o último livro de Dan Brown.
Talvez Marilena Chauí esteja errada.
Não é a classe média que pensa assim.
Ou não é toda a classe média.
É boa parte do Brasil.
O Brasil médio, mediano, medíocre, submisso, cabeça feita por décadas
de ditadura, coronelismo, moral e cívica, novelismo global e
lacerdismo.
O Brasil é uma abominação.
Uma abominação que se tenta impedir de mudar.
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* Sociólogo. Prof. Universitário. Escritor. Tradutor. Cronista do Correio do Povo.
Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/
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