segunda-feira, 10 de junho de 2013

Marilena Chauí e a classe média

Juremir Machado da Silva*

 

Não faz muito, a professora Marilena Chauí, filósofa, militante do PT, comentarista de Spinoza e intelectual engajada, teve um surto de sinceridade. Ela disse sem medir as palavras nem as reações : 

“A classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta, e é uma abominação cognitiva porque é ignorante. Fim”

A classe média acha que tem impunidade no Brasil com as prisões lotadas de pobres. Quer penas perpétuas e, se possível, pena de morte.

A classe média não quer cotas.

Odeia o bolsa-família.

Quer manter prisões infectas.

Gosta da meritocracia como sistema de hierarquia social reprodutor da desigualdade e útil para afagar o seu ego de classe básica.

É sexista.

Não aceita beijo gay em novela.

Fura sinal de trânsito, mas não quer ser multada.

Sonega imposto de renda, mas discursa contra a corrupção.

Corre para comprar o último livro de Dan Brown.

Talvez Marilena Chauí esteja errada.

Não é a classe média que pensa assim.

Ou não é toda a classe média.

É boa parte do Brasil.

O Brasil médio, mediano, medíocre, submisso, cabeça feita por décadas de ditadura, coronelismo, moral e cívica, novelismo global e lacerdismo.

O Brasil é uma abominação.

Uma abominação que se tenta impedir de mudar.
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* Sociólogo. Prof. Universitário. Escritor. Tradutor. Cronista do Correio do Povo.
Fonte:  http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/
Imagem da Internet

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