Novas ideias sobre como
a mente funciona
Peça a alguém que
cite um psicólogo famoso e provavelmente a resposta será “Sigmund
Freud”, o acadêmico austrÃaco barbado que surgiu com a ideia da
psicanálise. As sua ideias sobre o inconsciente – uma espécie de porão
pouco iluminado da mente que é inacessÃvel ao pensamento racional, mas
que ainda assim influencia a conduta das pessoas – já se tornaram
domÃnio público.
Ainda que tenha permanecido popular em reuniões sociais, a ideia de
inconsciente já não convencia tanto assim os psicólogos do século XX,
graças ao surgimento de abordagens mais cientÃficas da psicologia. Estas
se concentravam somente no estudo do comportamento e se abstinham de
teorizar a respeito dos mecanismos internos da mente.
Em seu livro mais recente, “Subliminal” (Subliminar), Leonard
Mlodinow, um fÃsico teórico, revela como a ideia do inconsciente voltou a
ser respeitável nos últimos 20 anos. Este desenvolvimento foi auxiliado
por evidências experimentais rigorosas dos efeitos do subconsciente e,
especialmente, por tecnologias que permitem escanear o cérebro em tempo
real para que pesquisadores possam examinar o que está acontecendo
dentro da cabeça de suas cobaias.
A evidência experimental sugere que, como Freud suspeitava, o
raciocÃnio consciente é responsável por uma parte relativamente pequena
da atividade em nossos cérebros, sendo que a maior parte da atividade
acontece em lugares insondáveis. Entretanto, ao contrário do
inconsciente freudiano (um lugar quente e claustrofóbico repleto de
memórias reprimidas e fantasias sexuais inapropriadas a respeito das
figuras paterna e materna), o inconsciente moderno é um lugar onde dados
são processados ultra-rapidamente, onde mecanismos de sobrevivências
úteis e regras empÃricas a respeito do mundo foram lapidadas ao longo de
milhões de anos de evolução.
É o inconsciente, por exemplo, que costura os dados de cor, forma,
movimento e perspectiva para criar a visão experimentada pela parte
consciente da mente. Experimentos com pessoas com certos tipos
especÃficos de dano cerebral, que eliminam a habilidade de desempenhar
algumas destas tarefas, podem revelar o que está acontecendo embaixo dos
panos. Pessoas com “visão cega” podem responder a alguns estÃmulos
visuais até mesmo quando não têm consciência de estar vendo. Em
experimentos em que pessoas com esta condição caminham por corredores
cheio de obstáculos, elas se esquivam e caminham até seu destino sem se
machucar porque alguns dados residuais ainda chegam ao cérebro – ainda
que em um nÃvel que passa despercebido por suas mentes conscientes.
A visão moderna da mente inconsciente pode ser mais benigna que a de
Freud, mas ainda assim pode gerar impulsos indesejáveis. Alguns
psicólogos teorizam que a tendência do humano a categorizar quase cada
pedaço de informação que cruza o seu caminho é um mecanismo de
sobrevivência que evoluiu para permitir que certas decisões sejam
tomadas rapidamente. Além disso, este mecanismo também pode estar por
trás da tendência humana de agrupar pessoas em raças, gêneros, credos e
similares, e depois aplicar certas caracterÃsticas – sem fundamentação –
para todas as pessoas de um certo grupo.
Os insights fornecidos pela ciência moderna a respeito do modo de
funcionamento da mente humana são fascinantes em si, mas também sugerem
que muito da sabedoria popular a respeito do comportamento humano talvez
precise ser reconsiderado. Mlodinow observa que os modelos econômicos,
por exemplo, “baseiam-se na presunção de que as pessoas tomam decisões…
pesando conscientemente todos os fatores”, enquanto a pesquisa
psicológica sugere que, na maior parte do tempo, elas não se comportam
assim. Em vez disso, elas atuam com base em regras simples e
inconscientes que pode às vezes geral resultados completamente
irracionais.
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Fontes:
The Economist - Hidden depths
http://opiniaoenoticia.com.br/vida/ciencia/a-mente-inconsciente-profundezas-ocultas/
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