Alain Boden*
A
“hipótese comunista”, conceito formulado pelo filósofo, dramaturgo e
militante francês Alain Badiou, inspira uma obra homônima sobre a
revitalização do comunismo e um novo programa para a esquerda, lançada
agora pela Boitempo. Desde 2008, quando foi exposto pela primeira vez em
um artigo da New Left Review, o termo vem sendo adotado e
discutido por uma ampla gama de pensadores, como Slavoj Žižek, Jacques
Rancière, Michael Hardt, Antonio Negri e Terry Eagleton.
Trecho do livro
“A
história de uma vida é por si mesma, sem decisão nem escolha, uma parte da
história do Estado, cujas mediações clássicas são a família, o trabalho, a
pátria, a propriedade, a religião, os costumes... A projeção heroica, mas
individual, de uma exceção a tudo isso – como é um processo de verdade –
também quer estar em partilha com os outros, quer se mostrar não só como
exceção, mas também como possibilidade agora comum a todos. E esta é uma
das funções da Ideia: projetar a exceção no comum das existências,
preencher o que só faz existir com uma dose de inaudito. Convencer meu
entorno individual, esposo ou esposa, vizinhos, amigos e colegas, de que
existe também a fabulosa exceção das verdades em devir, de que não estamos
fadados à formatação de nossa existência pelas exigências do Estado. É
claro que, em última instância, apenas a experiência nua, ou militante, do
processo de verdade, forçará a entrada desse ou daquele no corpo de
verdade. Mas para conduzi-lo ao ponto em que essa experiência ocorre, para
torná-lo espectador e, portanto, já meio ator daquilo que importa para uma
verdade, a mediação da Ideia, a partilha da Ideia são quase sempre
necessárias”
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* Alain
Badiou nasceu em 1937 na cidade marroquina de Rabat. Autor de vasta
produção intelectual, é tido como um dos principais filósofos franceses da
atualidade. Atualmente, é professor emérito da École Normale Supérieure
de Paris, onde criou o Centre International d’Étude de la Philosophie
Française Contemporaine.
Fonte: http://www.boitempoeditorial.com.br/
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