segunda-feira, 13 de maio de 2013

Galimberti e o ser humano na idade da técnica

 

"Os jovens não sabem o que é ser livre, pois pensam que a liberdade é a revogação da escolha."
 
A noite da quinta-feira, 09-05-2013, contou com a palestra Galimberti e o ser humano na idade da técnica, proferida pelo professor Dr. Selvino J. Assmann, do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. O evento foi realizado na sala Ignácio Ellacuría e Companheiros, no IHU, e integra o I Seminário em preparação do XIV Simpósio Internacional IHU Revoluções Tecnocientíficas, Culturas, Indivíduos e Sociedades. A modelagem da vida, da produção do conhecimento e dos produtos tecnológicos para a tecnociência contemporânea que ocorrerá em outubro de 2014. O principal tema abordado foi a questão da técnica em nossa sociedade.

De acordo com o professor, Galimberti considerava que o homem moderno criou em um certo momento um Deus que é destinado a morrer, fazendo uma relação a Nietzsche, a partir da afirmação gradual do ser humano. O Niilismo, portanto, nasceu com o pensamento judaico-cristão e ele é a raiz da técnica. Dentro desta perspectiva, uma contradição que apareceu durante a conferência, foi a de que nossa sociedade não tem uma moral à altura da idade da técnica. "A ética da responsabilidade se limita a responder pelas consequências previsíveis das próprias ações. Se aumenta com a técnica nossa capacidade de fazer, mas não se aumenta a possibilidade de poder prever, por isso a ética de responsabilidade vai definhando como possibilidade", explica Assmann.

Supressão dos meios

Segundo o conferencista, a técnica é o que permite que os fins suprimam os meios. "A técnica é a manifestação humana que se torna maior que o próprio criador. Mas veja, não é a tecnologia – conjunto de meios –, mas a técnica – forma máxima de racionalidade que consiste em perseguir o máximo de fins com o uso mínimo de meios. Técnica, nesse contexto, é a racionalidade instrumental, algo que governa o nosso modo de viver", argumenta o professor.

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Para Galimberti, a idade da técnica não é somente mais um instrumento, mas ela também é capaz de nos instrumentalizar. Tal racionalidade desenvolveu novas concepções categóricas como a do indivíduo, da liberdade e da política, entre outros. A seguir, reproduzimos de forma absolutamente resumida três conceitos apresentados durante a conferência.

Indivíduos - Se na idade pré-tecnologica era possível reconhecer a identidade de um indivíduo através de suas ações, hoje, elas são calculadas ao aparato técnico que ele pertence. Como profissional o sujeito não apresenta sua identidade, mas sua funcionalidade.

Liberdade - A margem de liberdade não depende das pessoas, mas do papel que ela ocupa no aparato técnico, o que impede que o indivíduo se torne pessoa e não tem sentido falar em comunidade nesse contexto. Isso é a massa, a perda do indivíduo no todo. É por isso que, na concepção de Galimberti, os jovens não sabem o que é ser livre, pois pensam que a liberdade é a revogação da escolha.

Política - A politica deixou de ser o lugar e o campo da decisão. A política parece um soberano retirado do poder útil apenas para a representação da soberania, pois a política para decidir deve obedecer a economia, a economia para decidir seus investimentos deve atender à disponibilidade dos recursos técnicos. Trata-se, portanto, de uma gestao voltada para a eficácia e isso põe em risco a democracia.
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Fonte: IHU on line, 13/05/2013
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