"Os jovens não sabem o que é ser livre, pois pensam que a liberdade é a revogação da escolha."
A noite da quinta-feira, 09-05-2013, contou com a palestra Galimberti e o ser humano na idade da técnica, proferida pelo professor Dr. Selvino J. Assmann,
do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina –
UFSC. O evento foi realizado na sala Ignácio Ellacuría e Companheiros,
no IHU, e integra o I Seminário em preparação do XIV
Simpósio Internacional IHU Revoluções Tecnocientíficas, Culturas,
Indivíduos e Sociedades. A modelagem da vida, da produção do
conhecimento e dos produtos tecnológicos para a tecnociência
contemporânea que ocorrerá em outubro de 2014. O principal tema abordado foi a questão da técnica em nossa sociedade.
De acordo com o professor, Galimberti considerava que o homem moderno criou em um certo momento um Deus que é destinado a morrer, fazendo uma relação a Nietzsche,
a partir da afirmação gradual do ser humano. O Niilismo, portanto,
nasceu com o pensamento judaico-cristão e ele é a raiz da técnica.
Dentro desta perspectiva, uma contradição que apareceu durante a
conferência, foi a de que nossa sociedade não tem uma moral à altura da
idade da técnica. "A ética da responsabilidade se limita a responder
pelas consequências previsíveis das próprias ações. Se aumenta com a
técnica nossa capacidade de fazer, mas não se aumenta a possibilidade de
poder prever, por isso a ética de responsabilidade vai definhando como
possibilidade", explica Assmann.
Supressão dos meios
Segundo o conferencista, a técnica é o que permite que os fins
suprimam os meios. "A técnica é a manifestação humana que se torna maior
que o próprio criador. Mas veja, não é a tecnologia – conjunto de meios
–, mas a técnica – forma máxima de racionalidade que consiste em
perseguir o máximo de fins com o uso mínimo de meios. Técnica, nesse
contexto, é a racionalidade instrumental, algo que governa o nosso modo
de viver", argumenta o professor.
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Para Galimberti, a idade da técnica não é somente
mais um instrumento, mas ela também é capaz de nos instrumentalizar. Tal
racionalidade desenvolveu novas concepções categóricas como a do
indivíduo, da liberdade e da política, entre outros. A seguir,
reproduzimos de forma absolutamente resumida três conceitos apresentados
durante a conferência.
Indivíduos - Se na idade pré-tecnologica era
possível reconhecer a identidade de um indivíduo através de suas ações,
hoje, elas são calculadas ao aparato técnico que ele pertence. Como
profissional o sujeito não apresenta sua identidade, mas sua
funcionalidade.
Liberdade - A margem de liberdade não depende das
pessoas, mas do papel que ela ocupa no aparato técnico, o que impede que
o indivíduo se torne pessoa e não tem sentido falar em comunidade nesse
contexto. Isso é a massa, a perda do indivíduo no todo. É por isso que,
na concepção de Galimberti, os jovens não sabem o que é ser livre, pois pensam que a liberdade é a revogação da escolha.
Política - A politica deixou de ser o lugar e o
campo da decisão. A política parece um soberano retirado do poder útil
apenas para a representação da soberania, pois a política para decidir
deve obedecer a economia, a economia para decidir seus investimentos
deve atender à disponibilidade dos recursos técnicos. Trata-se,
portanto, de uma gestao voltada para a eficácia e isso põe em risco a
democracia.
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Fonte: IHU on line, 13/05/2013
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