Carolina Carettin*
Vivemos em uma sociedade onde a imagem de uma pessoa nos diz mais do que se conhecermos ela pessoalmente. Será? Essa concepção, divulgada pelos meios de comunicação de massa, fizeram com que nosso olhar fosse treinado para perceber primeiro os estímulos imagéticos. Nicolau Sevcenko em seu texto "Máquinas, massas, percepções e mentes" diz que a partir da aceleração do ritmo cotidiano surge a supervalorização do olhar. Uma das invenções tecnológicas que contribuiu para essa mudança na percepção sensorial foi o cinema. Ao ver um filme, nossos olhos entram em um mundo que supera limites, um mundo fantasioso.
Junte a supervalorização do olhar, tecnologia e um sistema capitalista e você terá um mundo todo sendo julgado e interpretado por aquilo que consome. Atrelada a isto vem a obsessão com a perfeição. Não a perfeição real - sermos exatamente como somos e valorizar aquilo que temos de melhor -, mas a perfeição imposta pela moda, pela mídia e pelos padrões sociais.
É aí que entra o trabalho do fotógrafo Phillip Toledano. Phillip introduz seu ensaio "A New Kind of Beauty" com o seguinte texto (tradução livre):
"Eu estou interessado em o que definimos como beleza, quando decidimos nós mesmos criá-la.
A beleza sempre foi uma moeda, e agora que finalmente temos condições tecnológicas de cunhá-la com nossas mãos, que escolha fazemos?
A beleza sempre foi uma moeda, e agora que finalmente temos condições tecnológicas de cunhá-la com nossas mãos, que escolha fazemos?
A beleza é informada pela cultura contemporânea? Ou é definida pela mão do cirurgião? Podemos identificar tendências físicas que variam de década para década, ou a beleza é atemporal?
Quando recriamos nós mesmos, estamos revelando nosso verdadeiro eu, ou estamos deixando nossa verdadeira identidade de lado?
Talvez estejamos criando um novo tipo de beleza. Uma amálgama de cirurgia, arte e cultura popular? E se assim for, os resultados são a vanguarda da evolução induzida pelo homem?"
O que vemos depois são as fotos que Toledano fez de pessoas que
acabaram tornando-se quase bonecos. Podemos perceber que a fisionomia
delas é praticamente igual. Os seis das mulheres extremamente redondos,
seus olhos puxados levemente para "corrigir" os pés-de-galinha, homens
com fisionomia feminina e lábios carnudos.
Phillip Toledano ©
É clichê dizer que o que nos faz seres humanos são nossas diferenças,
mas mesmo assim, é a mais pura verdade. Não se mate para ter uma
barriga tanquinho para poder usar biquini no verão. Quem foi que proibiu
sua barriga de aparecer do jeito que ela é? Mostre sua celulite, sua
estria, suas gordurinhas, seu nariz que alguém disse que é grande demais
para ser aceito pela sociedade, sua perna muita fina que sofre bullying
das outras mais grossas. Assuma seu corpo e valorize-o por inteiro e
não só o que ele tem de "melhor" e de "mais bonito".
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* Estudante de jornalismo
Fonte: http://lounge.obviousmag.org/das_artes/2013/06/
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