Célio Pezza*
Os motivos de um suicídio mudam de uma pessoa para outra, sociedades ou
países. Por exemplo, no Japão, o suicídio, até pouco tempo atrás, tinha um
significado de valor e estava ligado à salvação do nome da pessoa. Já nos
países ocidentais, sempre esteve mais associado a desordens mentais. Na
verdade, o suicídio reflete uma ausência de motivos para continuar vivendo,
quer sejam reais ou imaginários.
Nesta era globalizada, os valores econômicos são superestimados, e os seres
humanos estão sendo classificados como ganhadores ou perdedores, contrariando
os preceitos de uma constituição que assegura a todos o direito de uma vida
com um padrão mínimo de saúde, cultura e dignidade. Isto fica particularmente
comprometido entre nações em guerra, onde todos os direitos assegurados são
completamente esquecidos. Este total desrespeito à vida humana tem um preço,
e não só em dinheiro mas também em saúde mental.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) temos, aproximadamente, um
milhão de suicídios por ano no mundo. Interessante notar que, para cada
suicídio consumado, temos cerca de 20 tentativas sem sucesso. O país com
maior índice de suicídios é a Rússia, com 39 vítimas a cada 100 mil
habitantes. França, Alemanha, Canadá apresentam uma taxa ao redor de 15. O
Brasil ao redor de sete, e países como Irã e Egito são os menores, com taxas
abaixo de um. Nos Estados Unidos, temos uma pesquisa interessante, que mostra
uma taxa média de 10 suicidas no país, mas um índice de 32 entre os veteranos
de guerras, sendo considerado o maior do mundo.
Os suicídios nas Forças Armadas americanas alcançaram o numero recorde de 350
somente em 2012, contra 301 do ano anterior, o que mostra um crescimento de
16% ao ano. Segundo o Pentágono, os suicídios superaram as mortes em combate
no Afeganistão. Essa situação gerou um batalhão de aproximadamente 10 mil
psiquiatras, psicólogos e enfermeiros especializados em saúde mental nas
clínicas e hospitais militares para atender a essa crescente quantidade de
problemas psicológicos.
Uma grande parte dos ex-combatentes volta com problemas psicológicos
terríveis, ansiedades intensas, dificuldades para trabalhar e relacionar-se
socialmente, pesadelos recorrentes, paranoias, surtos esquizofrênicos,
depressões severas, dependências de drogas e, em muitos casos, com a vontade
de matar que foi desenvolvida nos campos de batalha. Um em cada cinco
soldados apresenta estes sintomas que levam a um alto risco de cometer
assassinatos ou suicídio. A grande incidência está nos jovens entre 20-30
anos, ou seja, aqueles que serviram durante a chamada “guerra contra o
terror”, iniciada no governo Bush, e temos mais mortes por suicídio entre os
que voltam do que os que caem nos campos de batalha.
Enquanto não mudar radicalmente este cenário de guerras constantes, de
grandes nações e corporações estarem acima do ser humano, vamos continuar com
estas tragédias, e a taxa de suicídios continuará aumentando. Os homens
plantam guerras, terror, destruição e colhem doentes, maníacos, assassinos e
suicidas. É a famosa lei de colher o que plantou.
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* Célio Pezza, escritor, é autor de diversos livros, entre eles 'As sete
portas', 'Ariane' e o mais recente 'A nova terra - Recomeço'.
-www.celiopezza.com
Fonte: http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2013/06/07/suicidios/
Imagem da Internet
Psicologo Clinico José Antonio Zago por mais de 30 anos, descreve que a dependencia quimica é uma busca de curar as feridas mais intimas de um ser doente existencialmente, mais a frente diz ". Contudo, mesmo inconscientemente, a pessoa dando á vida em troca de morte ou de destruição é porque intimamente sua vida nada vale ou equivale à morte. Eis o projeto suicida. A dependência de drogas concretiza a desvalorização interior."
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