Que há insatisfação, isso é evidente. As agendas múltiplas
captadas nas ruas podem ser agrupadas em críticas aos serviços públicos e
à questão da representatividade política. Não há partidos ou a igreja
por trás dos manifestantes, fato intrigante e novo no Brasil. Mas por
que as ruas “explodiram” agora? “Você conhece em química o processo de
saturação?”, responde com outra pergunta o professor de filosofia da
Universidade de São Paulo (USP), José Arthur Giannotti.
Em um copo de água, você adiciona seguidas doses de açúcar, que vai
sendo diluído até o ponto de saturação, quando então esse material
sólido começa a se depositar no fundo.
“No caso da insatisfação política, ninguém consegue determinar o
momento em que satura”, explica, ao lembrar que a questão do transporte e
a polêmica em torno de um novo modelo de cobrança na tarifa já tinham
derrubado um dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, nas
eleições do ano passado. “Os brasileiros enriqueceram e não mais
aguentam os serviços de péssima qualidade que são oferecidos a eles.”
A reportagem é de Alessandro Silva e publicado pelo Jornal da Unicamp, 01 de julho de 2013 a 28 de julho de 2013.
Docentes ouvidos utilizaram a palavra “inferno” para descrever a vida
de quem, para trabalhar e estudar, precisa do transporte público – o
estopim da crise. “A vida cotidiana é infernal. Quatro horas para uma
pessoa que mora na periferia de São Paulo, pega trem, metro, um ônibus,
ou mais, para ir e voltar, é tratado como gado. O transporte público
brasileiro, relativamente, é um dos mais caros do mundo e, efetivamente,
um dos mais precários”, afirma o sociólogo Ricardo Antunes, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)
da Unicamp, ao comparar a estrutura disponível na capital paulista e o
serviço oferecido em outras capitais tão populosas quanto, como Londres e
México, por exemplo.
E não é de hoje que o transporte público leva pessoas às ruas. No Rio de Janeiro,
cerca de 5 mil pessoas, em uma cidade com então 192 mil habitantes,
saíram de casa para protestar em 1879, contra o aumento de um vintém no
valor da passagem. Na época, o bonde era um transporte de massa, que
atendia cerca de 20 milhões de passageiros por ano. E essa nova taxa,
segundo livros de história, era um recurso do Estado para socorrer a
economia. “Ou seja, a história do transporte público em São Paulo,
mas no Brasil de um modo geral, sempre foi caótica. Os governos, de um
modo quase geral, nunca investiram corretamente, quando necessário, na
melhoria da mobilidade urbana. Sempre disseram que não há recursos e
investiram no transporte individual, isto é, dos ricos. A ideia de
serviço público que o Estado deve aos cidadãos no Brasil não pega. Basta
olhar a história do país e fazer um inventário destas explosões de
protesto poderá perceber que a indignação contra a péssima qualidade do
transporte público lidera de longe esse tipo de manifestação”, explica a
socióloga Walquiria Gertrudes Domingues Leão Rêgo, professora do IFCH da Unicamp.
Em São Paulo, o epicentro da onda de protestos liderada pelo Movimento Passe Livre (MPL),
que desde 2004 atua em diversas regiões do país sob a bandeira da
redução de aumentos e da gratuidade das tarifas, uma pesquisa do Datafolha
(18/06) mostrou que o 67% dos paulistanos, de maneira espontânea,
reconheciam que os protestos estavam associados ao preço das passagens,
mas para 38% deles, as marchas também protestavam contra a corrupção e
contra os políticos (35%). As entrevistas, realizadas um dia depois do
primeiro recorde de público na cidade, quando 65 mil pessoas saíram às
ruas, mostraram ainda que a falta de prestígio dos três poderes da
República era a maior em dez anos entre os paulistanos. No “ país do
futebol”, 70% deles disseram ter interesse pelas manifestações e apenas
18%, pela Copa das Confederações.
“O que me chama a atenção é que, pela primeira vez, desde o final da
ditadura, vejo populares na rua cobrando dos poderes estabelecidos,
sobretudo do Executivo e do Legislativo, um maior respeito pelo bem
público. É a primeira vez que vejo uma movimentação tão grande de massa
sem uma direção direta de partidos políticos ou da igreja”, afirma o
filósofo Roberto Romano, professor do IFCH
da Unicamp, que analisa a questão dos protestos a partir de um recorte
histórico brasileiro. “Tudo é feito no Brasil para valorizar os
operadores do Estado, e essa é uma característica do absolutismo. Quem
opera o Estado é superior ao cidadão comum. Quando você entra em
qualquer prefeitura, você vê aquele cartaz grande dizendo: ‘desrespeito
ao funcionário, tantos anos de cadeia’, mas não há nada do lado dizendo
que desrespeito ao cidadão também pode dar cadeia.”
E a multiplicidade de pautas e demandas é uma característica dos
movimentos de rua, e não uma anomalia excepcional no cenário brasileiro.
“As mobilizações amplas de rua fazem isso. Elas levam as pessoas,
mobilizam, fazem as pessoas prestarem mais atenção a determinados
assuntos, mas a pauta fica desorganizada, porque não há um elemento
político unificador. Partidos políticos fazem esse papel de articulação;
no entanto, o descolamento das manifestações com relação aos partidos
deve-se à percepção de que a ação política partidária é ineficaz,
deficitária, descolada da agenda popular”, avalia a cientista política Rachel Meneguello, professora do IFCH e diretora do Centro de Estudos de Opinião Pública (CESOP) da Unicamp. Para ela, o Movimento Passe Livre
exerceu um papel de agente catalisador das insatisfações acumuladas,
que possibilitou a operacionalização da mobilização dos mais diversos
tipos de movimentos, e o aproveitamento da repercussão dos protestos
pela redução do preço da passagem do transporte na cidade de São Paulo.
Para o cientista político Luiz Werneck Vianna,
pesquisador na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de
Janeiro, o Brasil está diante de um movimento apartidário, mas que não é
apolítico. “Boa parte dessas lideranças já identificadas está vinculada
a universidades de elite, a setores da classe média, boa parte da
classe média-alta. Este não é um movimento ‘espontâneo’, desinformado,
ingênuo, do ponto de vista dos protagonistas que andaram tecendo esse
processo”, analisa. Todas as pesquisas realizadas até agora mostram que a
maioria dos participantes não tem partido. Militantes de esquerda, com
bandeiras, chegaram a ser hostilizados e expulsos de protestos
realizados nas ruas do país.
Ao comparar a juventude escolarizada que partiu para as ruas do Brasil, com outros movimentos recentes como o “Occupy”
(EUA), que protesta contra a desigualdade econômica e social, e os
“Indignados” (Espanha), todos com forte articulação pelas redes sociais,
o sociólogo Marcelo Ridenti,
professor do IFCH da Unicamp, destaca uma diferença essencial, o fato
de os jovens brasileiros terem emprego. “No Brasil, é uma juventude de
estudantes, muitos dos quais trabalham, e recém-formados que não
encontram no trabalho a possibilidade de manter o padrão de vida
familiar (no caso das classes médias estabelecidas), nem vislumbram a
realização das promessas de ascensão social pelo estudo, no caso dos
jovens com menos recursos”, afirma o pesquisador.
“A juventude atual assumiu o mesmo matiz da que lutou contra a ditadura: a esperança de mudanças”, avalia o economista Gustavo Zimmermann,
professor do Instituto de Economia da Unicamp. “No entanto,
diferentemente da geração anterior, a atual expressa profunda decepção
com os partidos políticos e com os legislativos e executivos dos três
níveis de governo, incapazes de dar respostas minimamente satisfatórias
aos anseios da classe média. Esperanças e frustrações formaram o
substrato das atuais manifestações”, avalia o docente.
A internet é tida hoje como um grande “motor” das manifestações, no
passado organizadas de forma “artesanal” e trabalhosa. Tanto que 91% dos
entrevistados em uma pesquisa realizada pelo Ibope, em oito capitais do
país, disseram ter tomado conhecimento pela internet sobre as
manifestações das quais participaram. “As formas tradicionais de
manifestação estão sendo substituídas e a rede adquiriu uma dimensão,
uma velocidade de propagação dos fatos, que funciona para a juventude e
que surpreende”, avalia o professor do Instituto de Economia da Unicamp,
José Dari Krein, pesquisador de relações do trabalho e sindicalismo.
“Do ponto de vista das formas de organização na base, o movimento
atual é superior ao da minha época [‘Caras-Pintadas’]. Eles são muito
mais democráticos. Na verdade, percebo na juventude que se apropria das
informações por meio das redes sociais uma forte pulsão politizante. Em
1992, quando organizamos o movimento ‘Fora Collor’ existia uma pauta
única, que era derrubar o presidente. Apesar das demandas comuns por
transporte, educação e saúde, hoje em dia essa pauta se fragmentou. Isso
tornou o movimentou atual mais imprevisível”, avalia o sociólogo Ruy Braga,
que em 1992 durante o movimento “Fora Collor” na época era dirigente
estudantil (DCA Unicamp) e, hoje, é professor da Universidade de São
Paulo (USP) e autor do livro A Política do Precariado - do populismo à hegemonia Lulista.
“A política brasileira entra em uma nova conjuntura. Aquela etapa
marcada pela aposta do governo federal, enfim, das forças sociais e
políticas que se aglutinaram em torno daquilo que genericamente podemos
chamar de “lulismo”, e apostaram na desmobilização e na pacificação dos
conflitos na sociedade brasileira nos últimos dez anos, essa aposta foi
fundamentalmente perdida. O que está havendo hoje no país é uma retomada
de uma tradição de mobilização e de luta, pela efetivação e pela
ampliação dos direitos sociais.”
Na gênese das manifestações
As causas dos movimentos de rua são variadas, segundo professores ouvidos pelo Jornal da Unicamp:
Ricardo Antunes
(Sociologia, Unicamp) – “O que vemos nas ruas, hoje, é um movimento
amplo, de massa, polissêmico e multiforme, diferente de outros. As
manifestações fizeram ruir o mito do país da classe média, do Brasil
onde tudo dá certo e onde o povo está feliz. Isso ocorreu pela
confluência de alguns elementos importantes, como o esgotamento interno
do nosso modo de vida vigente desde os anos 90. Além disso, há um
descontentamento com as instituições de representação política. Nenhum
órgão no Brasil, hoje, certamente, é tão impopular como o parlamento.
Por quê? Porque há um fosso enorme entre o sentimento nas ruas e os
procedimentos parlamentares. Em meio às manifestações, o parlamento
aprovou, pela sua Comissão de Direitos Humanos, o projeto que ficou
conhecido grotescamente como “cura gay”. Enquanto amplos setores mais
esclarecidos sabem que a opção sexual não é doença, o parlamento toma
essa medida.”
Walkiria Leão Rêgo (Sociologia, Unicamp) – “Quando
as pessoas melhoram um pouquinho de renda, suas expectativas e demandas
por cidadania e bem-estar também aumentam. É um sinal muito positivo,
saudável. A miséria, como diria um grande pensador, não é a escola da
razão. Por isto e muito mais as pessoas não aceitam continuar sendo
insultadas, vilipendiadas, desrespeitadas cotidianamente. A explosão
disto provém de um longo processo de frustrações e decepções que na
explosão, como estamos vendo, mostram pautas muito heterogêneas. O
precaríssimo e absurdo estado dos transportes públicos há tempos exige
investimentos. Idosos, deficientes físicos, permanecem em pé sem ter
lugar garantido para se sentarem dignamente. Imagine isso, anos a fio,
diariamente. Agora, a solução não está na rejeição de partidos e muito
menos da política, que são essenciais à democracia. Colocam a democracia
brasileira em sério risco. Lutamos muito por ela. Temos mesmo que lutar
por mudanças. Contudo, não sejamos ingênuos. Forças conservadoras e até
fascitoides estão também metidas nesta explosão, querendo se apropriar
dela para destruir a democracia.”
José Arthur Giannotti (Filosofia, USP) – “Nós
tivemos um ciclo importante que vem desde Fernando Henrique, passando
por Lula, que trouxe certo bem-estar para uma população carente. Tivemos
a inclusão, e isso é um mérito do Lula extraordinário, de quase 40
milhões de pessoas que vieram para o mercado e para a cena política. Mas
ao chegarem, perceberam a insuficiência dos passos à frente. Em
particular a violência do transporte público no país. As pessoas são
“chicoteadas” para entrar no metrô. Ao mesmo tempo, o governo imagina
que sairá do atoleiro econômico, no qual estamos metidos, aumentando o
consumo, deixando o país se desindustrializar com crescimento da
inflação. A cidade se tornou a evidência da má administração:
incentiva-se a produção de carros que não podem andar nas ruas. ”
Roberto Romano (Filosofia, Unicamp) –
“Historicamente, no Brasil, a propaganda tem sido utilizada para reduzir
a participação das massas. Ela afasta os problemas reais da ordem
social, econômica e tecnológica. No primeiro governo Lula, prometeu-se
que 4% do PIB [Produto Interno Bruto] seria empregado em ciência e
tecnologia, mas isso não se concretizou. Toda a propaganda é feita para
criar uma ilusão e um medo perene. E a propaganda, é bom lembrar, é uma
forma de intimidação: ‘se você não votar em mim, esse paraíso irá
desaparecer.’ E por que os manifestantes perderam o medo? Pela
realidade. Você é bombardeado pela propaganda desde 88. Olha atrás de um
ônibus e vê: ‘dever do Estado e direito do cidadão’. Entra nele e tem
três vezes mais do que a capacidade; você é empurrado, humilhado; paga
uma tarifa muito cara; não tem o ônibus no horário. Depois de um tempo,
você está extremamente cansado da realidade e a propaganda não dá conta
disso.”
Luiz Werneck Vianna (Ciência Política, PUC-Rio) – “A
política dos últimos anos é largamente responsável por essa situação. A
política do chamado ‘presidencialismo de coalizão’, na forma degrada
como o praticamos, aviltou os partidos, aviltou a representação, nesse
toma-lá-dá- cá infernal. Isso extraiu a legitimidade, a aura dos
partidos. Os movimentos sociais foram inteiramente cooptados e estão
ausentes das ruas. A representação [no caso, os partidos] tentou chegar
depois, com o movimento na rua. Este é um movimento de jovens, grande
parte deles universitários, mas cadê a UNE [União Nacional dos
Estudantes]? De um lado, a representação política foi degradada por esse
toma-lá-dá-cá; de outro, a cooptação dos movimentos sociais fez com que
essa juventude não encontrasse canais de expressão e ficasse
processando a sua insatisfação em um lugar novo, nas redes sociais.”
Marcelo Ridenti (Sociologia, Unicamp) – “Vejo uma
juventude nova, escolarizada, que é resultado de anos de investimento
social. No entanto, pelas estatísticas, 70% dos jovens de 18 a 24 anos
não estão nas escolas. Os que estão nas ruas são, sobretudo, os 30% da
juventude que estão na universidade, no ensino médio, ou recém-formados,
a maioria dos quais trabalha. Bem ou mal, com todos os problemas, tem
havido uma escolarização muito rápida. Hoje, existem quase 7 milhões de
pessoas nas faculdades. Os antecedentes dessa situação estão
relacionados com o aumento da escolarização, que, em termos percentuais,
ainda é baixo, mas em números absolutos é alto. As manifestações
revelam uma certa descrença nas instituições e a incapacidade dos
mecanismos tradicionais para expressar essa nova juventude.”
Ruy Braga (Sociologia, USP) – “Temos um modelo de
desenvolvimento que entrega para a juventude empregos formais, mas que
paga pouco. Que garante muito gasto social, mas que, ao mesmo tempo,
diminui investimentos em saúde e educação, que sucateia os serviços
públicos. Um modelo que não distribui renda entre aqueles que vivem como
trabalhadores assalariados. Percebe-se um relativo progresso, mas que
se esgotou. Por outro lado, tenho um emprego, ele é formal, mas, ao
mesmo tempo, paga mal e as condições de trabalho são péssimas; estou
frequentemente assediado pela polícia nos bairros periféricos onde moro;
esses bairros, por sua vez, são bairros horríveis; o transporte público
é péssimo e caro; e efetivamente não tenho saúde e educação. Existem
muitas razões para as mobilizações.”
Gustavo Zimmermann (Economia, Unicamp) – “Há uma
crise do modelo de governança no Brasil, do modo de governar. Foi essa
crise que levou ao apartidarismo prevalecente nas passeatas
[identificado nas ruas, segundo pesquisas]. Precisamos reconhecer que os
partidos foram incapazes de produzir respostas esperadas, mas o
apolitismo é muito perigoso. As manifestações atingiram os níveis atuais
por juntarem as insatisfações com os serviços públicos urbanos, com a
desilusão com os representantes políticos, as ameaças à estabilidade
monetária e as incertezas do momento econômico. A gota d’água foi a
correção das tarifas dos transportes urbanos. Ademais, há a revolta com
os custos da Copa do Mundo.
Não se tem transporte urbano decente, mas o teremos para os estádios.
Isso ofende o cidadão: ‘para fazer futebol aparece dinheiro, mas para
atender o dia a dia, não’.”
José Dari Krein (Economia, Unicamp) – “Houve uma
perda de representatividade das instituições políticas e novas demandas
de participação estão sendo colocadas. As manifestações expressam
diferentes e até contraditórias aspirações de segmentos sociais que
buscam protagonismo político, especialmente da juventude. As tensões
sociais de diferentes ordens, que passam fundamentalmente pela qualidade
de vida, dos serviços públicos e da inquietação da forma como ocorre o
jogo político no país. Infelizmente, os partidos não conseguem
conectar-se com amplos segmentos sociais e não expressam as tensões
sociais, constituindo-se fundamentalmente em conglomerações voltadas
para viabilizar seus projetos eleitorais. Em substituição as formas
tradicionais, há novos instrumentos de manifestação das insatisfações,
tais como nas redes sociais.”
Rachel Meneguello (Ciência Política, Unicamp) – “A não ser o Movimento Passe Livre,
que coloca uma pauta muito clara e específica, é um movimento de
múltiplos interesses. Não se observa nas ruas uma pauta unitária, uma
agenda unificadora. Há uma insatisfação generalizada com questões da
vida urbana e com o sistema representativo. Não entendo que esse
movimento tenha uma pauta contrária à democracia. A questão do
apartidarismo [defendida pela maioria dos participantes das
manifestações] pode prejudicar a sequência da mobilização.
Historicamente, grandes mobilizações de massa têm sequência em suas
reivindicações porque partidos transformam isso em agenda a ser colocada
ao poder público, de maneira organizada. Hoje, as coisas estão
colocadas para o poder público de maneira fragmentada e direta,
provavelmente traduzindo a natureza das atuais mobilizações.”
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Fonte: IHU on line, 02/07/2013
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