Por Juliano Nobrega*
Um quinto do tráfego da internet no mundo vai para sites de sexo; no Brasil, o XVideos está entre os 10 sites mais acessados — então não adianta fingir que você não sabe do que estou falando. Mas quantas matérias você viu sobre o assunto sem ser para falar de crimes ou abusos?
O Financial Times decidiu enfrentar o tabu e escrever sobre os negócios da pornografia. Afinal, essa é uma indústria que fatura centenas de milhões de dólares globalmente, mas acaba operando num mundo de sombras porque tanta gente resiste a falar sobre ela abertamente.
A repórter Patricia Nilsson contou tudo o que descobriu no podcast Hot Money, uma série de oito episódios que desvenda os bastidores do dinheiro que mantém os maiores sites de pornografia do mundo. Até ela mergulhar no tema, ninguém sabia, por exemplo, quem controlava a maior empresa do setor.
O podcast detalha ainda como a internet implodiu o modelo de negócios da pornografia. Como se viu no jornalismo profissional, sites passaram a oferecer rios de conteúdo de graça, afetando a vida de milhares de estrelas pornôs e empresários do setor. Um novo ecossistema surgiu, com brigas bilionárias e personagens obscuros.
O mais surpreendente (alerta de spoiler) foi descobrir que o controle do conteúdo dos maiores sites de pornografia do mundo acabou caindo nas mãos de ninguém menos que Visa e Mastercard, as maiores empresas de meio de pagamentos do mundo.
Como é praticamente impossível receber dinheiro online sem passar por essas duas, e nenhuma delas quer ver sua marca associada a crimes como pornografia infantil, abuso sexual ou tráfico de pessoas, Visa e Mastercard acabaram criando um sistema de controle que define, em última instância, se tudo bem aparecer sangue num vídeo de pornografia, por exemplo.
Na falta de um regulador governamental — os sites estão espalhados pelo mundo, operando em países com todo tipo de legislação — o dinheiro, claro, ditou as regras.
* Jornalista apaixonado pelo ofício da informação.
Fonte: https://julianonobrega.com.br/2022/09/01/quem-manda-na-pornografia-online/
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