Leonardo Neiva 19 de Março de 2024
Autor analisa sucesso do livro cult “Casa de Folhas”, elogiado por Stephen King, impossível de filmar e que levou 24 anos para chegar ao Brasil
Num início muito semelhante ao de um filme de terror tradicional, os Navidson se instalam em uma nova casa aparentemente comum. Até que o patriarca faz uma descoberta inusitada, senão impossível: a casa é maior por dentro do que por fora. Munido dessa informação, Will Navidson, um fotógrafo de guerra vencedor do Pulitzer, começa a explorar o misterioso labirinto oculto no interior do edifício, que ele registra num documentário.
“Sinto inveja dessa primeira excursão pela casa, de estar exposto pela primeira vez aos seus mistérios”, conta Danielewski em entrevista a Gama. Hoje, 24 anos após a publicação original, a obra, assim como seu autor, segue envolta numa atmosfera de suspense que contribuiu de maneira significativa para o status cult que ganhou ao longo dos anos.
A história dos Navidson o leitor acompanha através de uma análise acadêmica escrita por Zampanò, idoso cego e solitário. Além disso, o relato é entrecortado pelas notas de rodapé de Johnny, funcionário de um estúdio de tatuagem que surrupiou os documentos após a morte de Zampanò. Enquanto acompanhamos essas três linhas narrativas simultâneas, Johnny se debate com uma inconsistência: não há nenhum registro real de que o documentário, os Navidson ou sua casa misteriosa tenham existido.
Além das experimentações narrativas, o livro é repleto de detalhes como notas de rodapé que levam a outras notas de rodapé, anagramas e charadas que, assim como o labirinto no centro da “Casa de Folhas”, inspiram infinitas possibilidades de leitura. Há capítulos em que é preciso rodar o volume constantemente ou colocá-lo frente a um espelho para avançar na leitura. Até a capa esconde uma brincadeira. Ela é menor que o interior do livro, da mesma forma que a casa do título.
Todos esses aspectos ajudam a entender os desafios com que o tradutor Adriano Scandolara e a diagramadora Lilian Mitsunaga tiveram de lidar ao longo de um projeto que levou anos para ser concluído. O trabalho e as particularidades de impressão, como palavras coloridas, também se refletem no preço: a edição limitada sai por salgados R$ 295.
Chamada de “Moby Dick do horror” por ninguém menos que Stephen King, a obra também resiste ao ebook ou a adaptações audiovisuais, embora seu autor esteja contemplando uma complexa versão em audiobook. “Ao mesmo tempo, não sei o que significa. É uma forma de arte diferente? Devo admitir de cara que será uma versão resumida?”, questiona.
Uma das inspirações para a estrutura labiríntica da obra veio com a morte do pai, que lhe inspirou a escrever um poema numa nota de rodapé, direcionando toda a estrutura da obra. Escrito ao longo de dez anos, “Casa de Folhas” na época também dividiu espaço com o trabalho de Danielewski como encanador.
O sucesso do romance — hoje considerado um dos principais exemplos da literatura ergódica, que demanda esforço considerável do leitor —, no entanto, permitiu que se dedicasse integralmente à literatura. Tanto que suas obras seguintes foram os ambiciosos “Only Revolutions” e a série “The Familiar”, que deveria se estender por 27 volumes, mas acabou sendo cancelada no quinto livro.
Considerada uma das obras contemporâneas mais influentes no gênero terror, ela inspirou de livros a músicas, filmes e até videogames. Em 2023, um usuário chegou a criar uma versão alternativa do jogo “Doom” numa casa infestada de monstros, com paredes e cômodos que mudam constantemente de lugar, como no labirinto do livro. “Foi uma forma diferente de se engajar com a obra. Para mim, foi um enorme prazer. Um sentimento de diversão, integridade e sofisticação”, admite Danielewski.
Discutido à exaustão em fóruns ainda no início da internet, hoje o livro parece ganhar nova vida nas redes sociais. No início do ano, uma usuária do TikTok enganou muita gente ao falar sobre um suposto novo documentário de terror da A24, que não passava de uma descrição do falso documentário no coração de “Casa de Folhas”. Na conversa com Gama, Danielewski aborda o legado da obra, sua relação surpreendente com fenômenos recentes como a Inteligência Artificial e como o livro permite que cada leitor mergulhe numa narrativa única de si mesmo.
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G |O que te inspirou a escrever “Casa de Folhas”? Mais de 20 anos depois, sua visão sobre a obra mudou?
Mark Z. Danielewski |As inspirações de “Casa de Folhas” estão dentro do livro, e a singularidade de sua inspiração é tão fantástica quanto tentar encontrar uma resposta final para a questão da casa. A resposta mais complexa é que todo projeto criativo, se seu autor investir em criar algo vital e imediato, não só uma regurgitação de outros formatos, acaba sendo uma fonte interminável de inspirações. Comecei a escrever “Casa de Folhas” faz mais de 30 anos. O livro em si é um catálogo de suas próprias inspirações. Se os leitores reconhecem ou não de onde elas vêm ou como evoluíram ao longo do tempo, não importa muito. Eles respondem à presença delas, percebem que algo vital acontece ali. O livro é meu pequeno monstro que cresceu. E, quando você sai com um amigo próximo, não quer ficar conversando com o pai dele. Pode até achar interessante, mas logo vai querer voltar a falar com seu amigo. Significa que fui saindo cada vez mais de cena. Hoje, as relações que as pessoas constroem com “Casa de Folhas” vão muito além de mim, e é como deveria ser.
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G |No Brasil, o livro era uma espécie de lenda urbana. Sem uma tradução, as pessoas tinham que comprar de fora e ler em inglês. Você já recebeu mensagens de brasileiros sobre isso? O que espera da reação ao livro?
MZD |Recebi muitas mensagens de leitores brasileiros ansiosos para um dia terem uma tradução para o português. É surpreendente que não tenha acontecido antes, mas acaba sendo um processo orgânico. Escrever “Casa de Folhas” demandou muita energia e também é necessário um esforço enorme para traduzir e publicar. E, pelos amigos brasileiros que tenho, sei que a mente literária está viva e respirando no Brasil. Em termos do que o livro faz formalmente, já existe uma tradição de narrativas ficcionais complexas. Acredito que vai haver uma participação e recepção ativa dos leitores brasileiros. Há pouco tempo, uma leitora veio falar comigo. Ela estava aliviada. Tinha pensado que ia ser algo acadêmico e complexo, mas logo se viu imersa e curtindo. Às vezes, a reputação de “Casa de Folhas” chega na frente da experiência. É um livro que as pessoas costumam gostar de ler. De certa maneira, sinto inveja dessa primeira excursão pela casa, de estar exposto pela primeira vez aos seus mistérios. Então estou animado para saber as reações dos leitores brasileiros. Talvez a gente possa voltar a conversar em alguns anos, e aí você me conta.
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G |Você se envolveu de alguma forma na tradução para o português? Quais os maiores desafios?
MZD |Na verdade, fui uma espécie de corrimão de apoio. Sempre considerei a tradução uma forma de arte em si mesma, um gesto criativo. Então até quero ajudar o tradutor, mas não ficar no caminho da jornada artística que ele precisa percorrer. Nesse sentido, é uma jornada muito pessoal. Quão longe ele está disposto a mergulhar na escuridão se trata de uma escolha individual.
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G |Você mencionou que as pessoas chegam com a ideia de que a leitura vai ser complexa. Muitos se surpreendem com a forma como o livro lida com temas como luto, abandono, amor etc?
MZD |O livro te dá permissão constante para não lê-lo. Você pode ler uma nota de rodapé se quiser, mas não é obrigado. Pode voltar para uma determinada página, mas também não precisa. Tudo depende do seu nível de curiosidade. Quando falamos de sentimentos, tendemos a colocar todos num mesmo pote, mas eles são muito diferentes. A sensação que temos ao nos apaixonarmos comparada à de quando o amor se acaba… há uma enorme distância aí. Assim como o labirinto impossível que existe no coração da casa, você pode mapear sua própria jornada, que é particular como os seus sentimentos. Quando uma pessoa tenta me explicar o que acha de “Casa de Folhas”, fico curioso, porque ela está falando de si. Da primeira vez que lê, você geralmente descobre sensações novas. Se ler de novo, talvez comece a ter um diálogo não só com a casa, mas com você mesmo. Por que esses sentimentos surgiram? É por conta da maneira como a casa se move? É um reflexo da história de Johnny ou do legado da minha própria família, que costumo questionar ou evitar? Todas essas coisas podem se tornar parte da experiência.
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G |Como seus outros livros seguem lógica semelhante, ia perguntar se você acha que a literatura precisa demandar esforço. Mas, com o que você acaba de dizer, te pergunto se é uma maneira de tornar ainda mais individual a jornada do leitor.
MZD |Com certeza. E parte disso é a forma como o livro é rotulado. Uma livraria pode botá-lo na sessão de ficção, outra na de terror, uma terceira na parte acadêmica… isso muda constantemente. Talvez não de um dia ou de um ano para o outro, mas a cada cinco ou dez anos, o livro se transforma em outra coisa. Então o selo da literatura ergódica ainda serve para definir “Casa de Folhas”? Não sei e não é algo com que me preocupo. Mas não acho que seja correto limitá-lo a uma leitura difícil. Encontrei um jovem de 13 anos que leu o livro muito rápido. Ele foi passando as páginas porque amou a história, sem perder tempo com aquilo que não o interessava. Talvez tenha aprendido isso rodando intermináveis streams de vídeo ou os stories do Instagram e TikTok, onde é fácil ignorar coisas. Os jovens são especialistas nisso. Então não dá para definir como leitura difícil. Se a pessoa quiser passar mais tempo lendo ou relendo, talvez se interesse por algumas de suas complexidades.
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G |Nesses 25 anos, o livro influenciou vários artistas. Desde elogios de Stephen King e referências em livros de autores como Paul Tremblay até videogames. Como você avalia o legado de “Casa de Folhas”?
MZD |Conforme envelheço, me sinto com sorte. Parece que alguns elementos em torno do livro foram altamente providenciais. Trabalho com o mesmo editor desde os anos 90, tive muita sorte de estar ao lado dele. O timing e a forma como o livro saiu, tudo isso importa. Claro, você coloca muito trabalho duro naquilo, mas, considerando a turbulência do mercado literário, sempre há um pouco de sorte e acaso envolvidos. A forma como o livro chegou à academia, se tornou parte da cultura gamer ou até dos tatuadores é impressionante. Me tornei o pai que observa sua criatura emergir e criar vida própria. Há um certo estranhamento nisso, uma distância. É como ser um atleta que chega aos 60 e olha para o que foi capaz de fazer aos 25. Foi no final do século 20, um reflexo da minha criação, da educação que recebi dos meus pais, da universidade, dos professores. Tudo se juntou para levar a “Casa de Folhas”. Por mais que eu fosse o vetor, o livro também representa uma linguagem e uma narrativa que vão além de mim.
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G |O livro é considerado impossível de adaptar. Mas você compartilhou o roteiro de uma série baseada na história. Existem planos para uma adaptação?
MZD |Era a proposta para uma série de TV, uma forma de revitalizar narrativas alternativas. Ela teria seguido com uma história diferente, mas traria a “Casa de Folhas” e todos os seus personagens de volta. O roteiro questionava o fato de o baú que Johnny encontra estar repleto de páginas escritas. Em vez disso, continha rolos de filmes. Brinquei com a ideia de produzir um programa, com uma sala de roteiristas cheia de vozes diferentes. E queria libertá-los do texto, para fazer explorações ousadas. Houve tentativas com diferentes produtoras. Apesar de termos chegado próximo, o negócio nunca pareceu certo. É mais complexo do que encontrar um agente e um editor, porque há muitas pessoas envolvidas: atores, produtores, diretores etc. Não quer dizer que não vai acontecer. Mas se, por exemplo, a HBO se interessar pelos direitos, é pouco provável que eu diga sim. Quero saber primeiro se vai haver uma aliança criativa. A produtora não vai ter um senso meticuloso. Eles sabem que fez sucesso e vão tentar transformar em algo fácil de produzir. Não é uma crítica, é realidade. Meu trabalho é encontrar uma equipe criativa e parcerias que façam sentido. Até o momento, não aconteceu. Mas venho avaliando um audiobook. Ao mesmo tempo, não sei o que significa. É uma forma de arte diferente? Devo admitir de cara que será uma versão resumida? Quero uma interpretação mais dramática ou com vozes singulares? Não sei. O que acha?
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G |Também não sei. Acho possível adaptar, seja para um audiobook ou uma série, mas não tem como ser uma adaptação totalmente fiel…
MZD |Uma coisa que sempre pareceu clara é que, para ter a experiência completa de “Casa de Folhas”, você precisa do livro em mãos. Ele não está disponível nem como ebook. E a experiência é pessoal para cada leitor, o que considero especial.
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G |Essas características fizeram com que o livro fosse discutido à exaustão em fóruns online assim que saiu. Hoje, inspira vídeos no YouTube com milhões de visualizações, conteúdo no TikTok e outras mídias. Ele segue instigante para o público atual?
MZD |Isso acaba fugindo do meu escopo. Quando você entra em um desses grupos, encontra pessoas que leram o livro várias vezes. Pode ser de grande ajuda para novos leitores, mas também intimidador. Tem gente que o lê em grupos de leitura e discute ao longo de meses. A ideia me fez pensar que nem todos esses debates acontecem online. Ele tem vida própria além da internet.
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G |Você levou mais de uma década para escrever “Casa de Folhas”. Como é seu processo de escrita? Já dedicou tanto tempo a uma mesma obra?
MZD |Meu livro seguinte, “Only Revolutions”, levou seis anos e foi a experiência de escrita mais intensa que já tive. “The Familiar” também foi intenso. Em termos de horas, talvez tenha sido igual porque, quando escrevi “Casa de Folhas”, tentava ganhar a vida como encanador. “Only Revolutions” saiu um livro bonito, mas muito complicado. “The Familiar” foi o mais ambicioso, a história de uma menina que encontra um gato que não é só um gato. A ideia era escrever 27 volumes. Tivemos um começo promissor, publicando dois livros com mais de 800 páginas por ano, com experimentações gráficas mais intensas que “Casa de Folhas”. Mas a quantidade de leitores não era suficiente para justificar outros 22 volumes. Assim como uma série de TV, fomos cancelados. Foi angustiante, porque o livro ficou dez anos em produção e chegou a ser best-seller do New York Times. Sofri essa derrota sozinho, mas sinto também por aqueles que queriam continuar a experiência. Muita gente acha que sei como tudo ia acontecer. Até tinha um rascunho geral, mas, quando você escreve algo dessa magnitude, a história pode mudar. Estou animado com o livro que estou escrevendo, um faroeste ao qual dediquei cinco ou seis anos. Tem a mesma energia de “The Familiar”, só que com começo, meio e fim. Assim ninguém se frustra.
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G |Em “Casa de Folhas”, as incertezas sobre o que é real, o fato de alguns livros e citações serem verdadeiros e outros inventados, tudo contribui para uma atmosfera de dúvida. No gênero, é importante o leitor não saber onde está pisando?
MZD |Não escrevi para gerar um efeito. Podemos olhar o livro como uma história de terror, como parte das mídias digitais ou até uma fresta entre o mundo antes e depois da popularização da internet. Mas também tem a ver com a pergunta: o que é válido e o que não é? No que podemos acreditar? Até as imagens perderam seu status de autenticidade. Então é uma história de terror que reflete nossos terrores em relação à mídia, às pessoas e aos governos. Ao mesmo tempo, tem um nível pessoal. No feed de um amigo, as imagens são mesmo dele ou foram criadas para gerar uma certa ideia sobre sua vida? Pode ser pela idade, mas a comunicação digital tem se tornado cada vez menos frequente para mim. Sento para jantar com amigos que não levam seus celulares. Em vez de apontar coisas nas telas, usamos palavras para descrevê-las. Quando olhamos um para o outro ou repartimos o pão, compartilhamos algo significativo e autêntico. O centro de “Casa de Folhas” é a forma como Johnny cria uma narrativa sobre si com a qual consegue viver. O livro não é sobre a história dele ou dos Navidsons, mas sobre como cada um enxerga sua própria narrativa na escuridão. É quando percebe que precisa forjar uma história que seja verdadeira, mas também o ajude a seguir adiante. A jornada dos leitores não é dentro da casa, mas em suas casas particulares.
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G |Depois dessa jornada, é estranho retornar para uma leitura mais tradicional, sem notas de rodapé e mensagens escondidas. Você já leu algum livro que tornou difícil começar outra leitura depois?
MZD |Li a “Ilíada” muitas vezes, com diferentes tradutores, e é uma experiência angustiante, porque pouca coisa mudou. Temos pessoas se esfaqueando e se matando no campo de batalha. O ethos sangrento daquilo, o antagonismo que existe ali e a busca pela glória e riqueza que move os personagens são muito poderosos. Mais recentemente, li “Quando Deixamos de Entender o Mundo”, de Benjamín Labatut, que é de uma energia viciante. Você começa com um artigo científico e logo percebe que a ficção tomou conta. Tem a ver com a vontade de inventar, mas também olhar para o custo das ideias, coisas complicadas e perigosas. Ainda assim, o espírito humano consegue se lançar sobre territórios desconhecidos e retornar com algo como a teoria quântica. É fantástico. E gostei muito de “An Immense World”, de Ed Yong, que é narrado pelo ponto de vista dos animais. Foi encantador entender que a aranha não te observa só com olhos, mas através das vibrações, da música de sua teia. Agora, quando vejo uma teia de aranha, enxergo uma criatura que escuta intensamente o mundo, o que é comovente.
Fonte: https://gamarevista.uol.com.br/formato/conversas/mark-z-danielewski-de-casa-de-folhas-o-livro-e-meu-pequeno-monstro-que-cresceu/?utm_medium=Email&utm_source=NLGama&utm_campaign=MelhorGama
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