sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Um blog para quem é aficionado por cadernos

Caderno usado para anotar tarefas do dia a dia 

 Foto: Reprodução/Reddit Caderno usado para anotar tarefas do dia a dia

No ar desde 2008, página em inglês aborda todos os aspectos que envolvem o hábito de se manter diários, da qualidade das páginas à relação de escritores famosos com a prática

Usar cadernos para fazer anotações, lembrar tarefas ou expressar os próprios sentimentos pode ser benéfico, de acordo com pesquisas feitas por neurocientistas e psicólogos.

O ato de escrever – à mão e com a fisicalidade do papel e caneta – permite uma conexão maior com aquilo que está sendo escrito e ajuda a processar a memória do que é registrado, segundo especialistas. Como resultado, o cérebro gasta menos energia mental processando as informações, evitando cair em uma espiral de ansiedade e de esforço.

O blog Notebook Stories foi feito para todos aqueles que são aficionados por cadernos. No ar desde 2008 e mantido por um autor anônimo, o site se tornou uma referência para tudo que diz respeito a cadernos, diários e a prática de mantê-los. A página é escrita em inglês, mas pode ser traduzida automaticamente pelos principais navegadores de internet.

Nele, o autor faz análises de cadernos – levando em conta os materiais usados na fabricação, a qualidade das páginas e o tamanho deles, por exemplo –, publica páginas de cadernos dos leitores e conta histórias da relação de pessoas famosas com os artefatos.

Uma publicação recente trata do hábito da jornalista americana Joan Didion em manter cadernos ao longo de sua vida. “O sentido de ter um caderno nunca foi, nem hoje é, dispor de um registro factual preciso do que eu tenho feito ou pensado”, escreveu Didion no livro “Rastejando até Belém”. “‘Era assim que eu sentia’: esse é o significado mais próximo do caderno.”

Quando morreu aos 87 anos, em 2021, Joan Didion deixou entre seus bens 38 cadernos em branco, que ela esperava conseguir preencher em vida.

As atualizações do Notebook Stories são semanais. Segundo seu autor, o projeto só vai parar quando ele encontrar “a página perfeita”. Até lá, as histórias de cadernos continuarão.

Escritores e cadernos

Escritores costumam usar cadernos como uma espécie de laboratório, um ensaio para aquilo que depois vão produzir de fato.

A brasileira Clarice Lispector também mantinha diários. Um deles foi escrito entre julho e agosto de 1944, durante uma viagem da autora à Europa.

Um texto publicado no site do IMS (Instituto Moreira Salles), que apelidou o diário de “caderno de bordo”, diz que o material pode ser usado como uma forma de se estudar o processo criativo de Clarice na escrita do livro “O lustre”, já que alguns dos personagens do romance são citados nas páginas do diário.

“A Writer’s Diary” (O diário de uma escritora, em tradução livre), coletânea dos diários de Virginia Woolf, traz em seu prefácio um texto assinado por Leonard Woolf, marido da autora. Na introdução, ele diz que o hábito de manter diários era, para a escritora britânica, “um método de praticar e experimentar o ato de escrever”.

Na revista The New Yorker, o jornalista Joshua Rothman argumenta que os diários mantidos por Jack Kerouac, autor americano do clássico “On the road - pé na estrada”, apresentam experimentos no estilo que o consagrou, ao mesmo tempo em que mostram as dificuldades que Kerouac tinha para escrever. 

Fonte:  https://www.nexojornal.com.br/expresso/2022/12/01/Um-blog-para-quem-%C3%A9-aficionado-por-cadernos?utm_source=NexoNL&utm_medium=Email&utm_campaign=anexo

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