Rosely Sayão*
Rosely Sayão é psicóloga e colunista do 'Estadão' Foto: Valeria Gonçalves/ Estadão
Nos acostumamos a julgá-las e criticá-las pelo comportamento dos filhos. Mas como mudar esse cenário?
A pandemia colocou cada um de nós à prova. Pudera! Além da ameaça constante da infecção, muita coisa mudou por conta das medidas sanitárias tomadas para nos proteger.
As escolas fecharam e as crianças ficaram em casa, um grande número de pessoas passou a trabalhar em casa também, o entretenimento social deixou de existir e assim por diante. E é bom lembrar que não foi por escolha que passamos a viver com restrições, mas por imposição do contexto, e isso faz muita diferença!
Uma vida tão distinta da que estávamos acostumados a levar transformou, para o bem e para o mal, a família e as relações entre todos os seus integrantes, com destaque para o relacionamento pais e filhos.
E adivinhe: quem ficou sobrecarregado com essa situação? A mãe. Sim, mesmo nas famílias em que adultos já compartilhavam tarefas domésticas e responsabilidades com os filhos, isso ocorreu.
Temos um grupo, que cresce, em que o pai é tão atuante quanto a mãe: cuida dos filhos, realiza tarefas domésticas sem achar que só está “ajudando”, responsabiliza-se por tudo como real dono de casa e pai. Mesmo assim, durante esse período, não foi pequeno o número de mães que precisou de ajuda profissional para aguentar o tranco que muito afetou a saúde mental delas.
Passou da hora de encontrarmos algumas soluções para essa situação, já que não se trata de uma questão familiar ou pessoal: é social. Nós nos acostumamos a julgar e a criticar as mães pelo comportamento dos filhos e já denunciamos que elas passam pouco tempo com seus rebentos, e por isso a educação deles falha. Mas o que fazemos para mudar esse panorama?
Vamos começar pelas escolas: que tal repensar o que se considera a participação dos pais na vida escolar de alunos? Ela não precisa ser estar com o filho quando ele faz lição de casa. Pode ser incentivar a curiosidade pelo conhecimento sem usar os recursos escolares. As escolas podem revisar seu projeto para que as tarefas de casa sejam apenas do aluno e de ninguém mais!
E as empresas? Exercer sua responsabilidade social e ofertar empregos de meio período ou de um dos períodos remoto para as mães, pagar igualmente, pelo mesmo trabalho, a homens e mulheres, não evitar a contratação de grávidas ou mães com filhos pequenos e fornecer um espaço com professores para que os filhos com até 3 anos fiquem mais próximos das mães.
Que tal batalharmos todos para que tudo isso possa acontecer? É nossa responsabilidade, afinal...
*É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL E AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ
Fonte: https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,nossa-responsabilidade-com-as-maes,70003878117
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