quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Em tempos de eleições: agências de checagem não são suficientes para conter o distúrbio informacional

Por Magaly Prado, professora convidada do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP

 

Magaly Prado – Foto: Arquivo Pessoal

 
As agências de checagem de fatos desempenham um papel essencial no combate à desinformação, promovendo uma cultura de verificação que deveria ser adotada por todos. É crucial ressaltar que a apuração rigorosa e a incessante checagem de fatos são responsabilidades inatas do jornalista. No entanto, o pensamento crítico, essencial para lidar com o atual ambiente informacional, é adquirido ao longo da carreira e com a vivência pessoal. O uso acelerado de robôs (bots) nas redes sociais e aplicativos de mensageria instantânea, especialmente para disseminar mensagens falsas, discursos de ódio e teorias da conspiração, é uma preocupação constante entre os estudiosos da comunicação.

A circunstância do tempo de atenção dos internautas revelou-se tão significativa que se pode afirmar que essa aceleração está gerando um novo “sensorium“, uma forma superficial e apressada de consumir material digital. Esse comportamento, cada vez mais comum, tende a se espalhar amplamente, contaminando o modo como todos interagem em rede. Este é o ponto nevrálgico de preocupação para o jornalismo, que busca atrair e manter a audiência para cumprir seu propósito maior: fornecer informações de interesse público com a ética que lhe é inerente.

Ademais, é necessário redobrar a checagem de informações provenientes de fontes não profissionais, que muitas vezes carecem de responsabilidade ética ao compartilhar conteúdo. É fundamental combater o “efeito manado” que leva à disseminação indiscriminada da turbulência da informação. Para que um fato se torne notícia, ele precisa ser verdadeiro, respeitando a prioridade ética do jornalismo: a busca pela “verdade factual”, expressão cunhada por Hannah Arendt (1906-1975) em seu ensaio Verdade e Política, publicado na revista New Yorker em 1967. Dominique Wolton destaca a importância do jornalista em distinguir a expressão pessoal da informação factual nas redes sociais, ressaltando que a internet exige um trabalho contínuo de verificação para garantir a qualidade das informações compartilhadas.

A prática de verificação de fatos, fundamental na era das deepfakes – ápice da desinformação –, exige uma atenção meticulosa aos detalhes. A provocação das deepfakes é que são criados vídeos e áudios extremamente realistas e difíceis de distinguir da realidade, tornando a checagem mais intrincada. No entanto, a prática da verificação não é nova. Nos Estados Unidos, ela surgiu nos anos 1990 como uma forma de autenticar declarações feitas em anúncios políticos veiculados na televisão. Hoje, centenas de organizações ao redor do mundo se dedicam a desmascarar mensagens falsas (veja exemplos ao final). A importância delas nunca foi tão evidente, pois estamos diante de uma proliferação de conteúdo crescente de baixa qualidade, muitas vezes elaborado com o intuito deliberado de distorcer os fatos.

O desafio, no entanto, vai além da simples checagem de fatos. A vulgarização de mensagens falsas obriga os jornalistas a desviar tempo e recursos para verificar boatos e fraudes, tarefa que, até recentemente, não era parte integral de suas responsabilidades. Hoje, além de fiscalizar governos e produzir reportagens apuradas, os jornalistas lidam com a tarefa árdua de análise de conteúdo e de contexto para desmascarar mentiras, corrigir desinformações e tentar conscientizar o público sobre os danos causados por essas falsidades. Embora as agências de checagem tenham surgido como resposta à era do desarranjo informacional, a imensidão do problema supera sua capacidade de resposta.

Mesmo com o trabalho de jornalistas e “fact checkers”, a velocidade e o alcance da superindústria das mensagens falsas, direcionadas e amplificadas por algoritmos e bots – conjurando fakers humanos e não humanos – tornam a tarefa de verificação insuficiente. Além disso, os danos causados pela escalada de mensagens falsas podem se alastrar rapidamente quando acessados por determinados grupos. A propagação viral de desinformações, muitas vezes impulsionada pelo desejo dos internautas de consumir conteúdos que confirmem suas crenças, acaba por ameaçar o debate público e compromete a qualidade da informação circulante.

Sinalizar e reduzir a visibilidade de mensagens falsas

Quando os algoritmos restringem o conteúdo, contribuem para regular e, ao mesmo tempo, atrapalhar dificultando a comunicação digital e o livre fluxo de informações. Mas quem deveria denunciar essas mensagens sem fundamento? A responsabilidade pela checagem dos fatos, das histórias, do que circula, não deveria recair apenas sobre a imprensa ou as empresas de comunicação, mas também sobre as pessoas com um mínimo de instrução, as famílias e o sistema educacional, que precisa se adaptar às demandas deste cenário bicudo e desafiador. É imprescindível promover estudos de letramento, literacia tecnológica e habilidades críticas de informação, também conhecidos como educação midiática. Enfim, mesmo com o surgimento das agências de checagem de fatos, é necessário continuar educando os consumidores sobre o perigo das mensagens engendradas enquanto elas persistirem.

A era digital trouxe um aumento significativo na participação e expressão das pessoas, mas nem sempre de forma responsável. Vivemos em um mundo de transparência e, muitas vezes, de fontes abertas, onde qualquer indivíduo pode se tornar um “veículo” de comunicação, o que facilita a propagação da desinformação. O conteúdo qualificado, que passa por rigorosa apuração, checagem de informações e transparência de fontes, contrasta com o material desinformativo, que frequentemente se resume a rumores ou notícias plantadas com interesses escusos.

O agravante é que muitos dos meios onde essas mensagens deturpadas são publicadas se assemelham aos tradicionais veículos jornalísticos, com sites falaciosos imitando o design e a identidade visual da imprensa legítima. Utilizam cores, fontes e até nomes parecidos com os de veículos de comunicação estabelecidos, confundindo o público. Essa estratégia associa de forma equivocada o conteúdo enganoso ao trabalho jornalístico, criando textos pseudo-noticiosos, sem vínculo com a realidade, mas que imitam reportagens.

Esses falsários fazem um twist adaptando e distorcendo acontecimentos do dia para criar o que chamamos de “sites gêmeos” ou “clones”, copiando a arquitetura dos sites legítimos, com as mesmas fontes, layout e, muitas vezes, imagens roubadas. As manchetes, títulos e subtítulos são modificados para enganar o público. Até que as agências de checagem consigam desmascarar essas falsidades, Inês é morta. O cândido público é facilmente tapeado, enquanto os velhacos aproveitam a situação para reafirmar suas crenças, e, assim, não se aborrecer, não sair do estado de ataraxia, sem se preocupar com o impacto psicológico de lidar com a verdade.

As grandes plataformas comerciais, movidas por algoritmos de inteligência artificial, modulam o pensamento do público, muitas vezes atingindo de forma predatória grupos vulneráveis. Redes como Facebook (incluindo WhatsApp e Instagram) e Google (com o YouTube) – apesar de iniciativas (controversas) como o Facebook’s Fact-Checking Program e o Google News Initiative – têm milhões de acessos por segundo e estão em uma era de distribuição, controlando a visibilidade de conteúdo, ao mesmo tempo em que permitem a circulação destrambelhada de mensagens, porque qualquer pachorra advinda das brigadas da web tem lugar a ser publicado.

Muitas agências de checagem de fatos são afiliadas ou operadas por veículos de comunicação tradicionais, o que lhes permite utilizar os recursos e a audiência desses veículos para amplificar o impacto de suas checagens. Paralelamente, a imprensa, as bibliotecas e as agências de checagem trabalham incansavelmente para reforçar a importância da verdade factual e da informação precisa, enquanto tentam combater a desinformação em tempo real. Os checadores de fatos vêm de uma variedade de formações acadêmicas e profissões, e a diversidade de formações e experiências permite as várias perspectivas e metodologias para refletir a natureza multidisciplinar do trabalho de verificação na explosão de informações.

Embora a maioria das checagens de fatos ainda seja realizada em formato escrito e distribuída online, existem iniciativas de checagem de fatos em formato de áudio, incluindo programas de rádio e podcasts, que tornam o reporte de checagem mais acessível para quem prefere consumir informação dessa maneira. Isso é especialmente importante em comunidades onde a rádio é uma das principais fontes de informação. O formato em áudio também permite uma abordagem dinâmica e envolvente, com discussões e entrevistas que aprofundam as verificações.

Áudios falsos, manipulados ou enganadores são frequentemente desmascarados por agências de checagem de fatos, mas o processo pode ser um pouco mais complexo do que para textos ou imagens.

Métodos com ferramentas para checar áudios falsos

Análise técnica do áudio
• Verificação de origem: Análise de metadados e rastreamento da origem do arquivo.
• Reconhecimento de voz e análise forense: Para verificar se o áudio é autêntico ou se foi manipulado.
Contextualização
• Checagem de conteúdo: Para ver se as informações fornecidas são precisas ou enganosas. Isso pode incluir verificar declarações e compará-las com fontes confiáveis.
• Verificação de fontes: Se o áudio inclui declarações de figuras públicas ou fontes identificáveis, as agências podem buscar confirmação dessas declarações com as fontes originais ou verificar se foram realmente feitas.
Consultas
• Com especialistas em áudio e tecnologia para confirmar se o áudio foi alterado ou manipulado.

Essas agências, que desempenham um papel crucial na verificação, detecção de fontes e recontextualização de informações, enfrentam uma batalha difícil contra o rápido espalhamento de mensagens falsas. A tarefa é semelhante a “enxugar gelo”: uma vez que o público tenha sido exposto à desinformação, corrigir essas mensagens a tempo é um grande desafio.

Uma das mudanças mais cruciais no jornalismo digital é a velocidade com que a informação circula. No entanto, o que permanece inalterado é o processo de produção da notícia: o planejamento da reportagem, a pesquisa do tema, a busca por fontes e personagens, a apuração, a checagem, a identificação, a captação de informações, a redação, a revisão (feita pelo repórter ou pelo editor) e a edição.

Culturalmente, não é comum realizarmos checagens frequentes de falhas, deslizes e fraudes. Ficamos dependentes de mediadores para nossas transações. No entanto, há um elemento perverso nesse processo: muitas vezes, as desinformações são propositalmente plantadas para desviar a atenção dos checadores, obrigando-os a desmentir incessantemente, o que acaba afastando o foco de outras checagens importantes. O ideal seria que houvesse mais ferramentas de inteligência artificial (exemplos: Hoax – analisa a propagação de mensagens falsas – e para detectar deepfake: Deepfake Detector, Truepic e Sensity AI), capazes de automatizar a checagem das “mentiralhadas” e, assim, garantir um combate mais eficaz e consistente a essa prática.

Automação e IA: Utilização de tecnologia de detecção

Diversas ferramentas de inteligência artificial têm sido desenvolvidas para a detecção de desinformação, incluindo:
• Análise de sentimentos: Utiliza técnicas de processamento de linguagem natural para avaliar o tom e a emoção das palavras em uma mensagem. Mensagens com tom negativo ou excessivamente emotivo podem indicar desinformação.
• Detecção de linguagem enganosa: Emprega algoritmos de aprendizado de máquina para identificar padrões de linguagem frequentemente encontrados em mensagens falsas. Detectam frases com linguagem ambígua ou que utilizam fontes anônimas.
• Verificação de fatos automatizada: Compara informações em notícias ou postagens nas redes sociais com bancos de dados de informações verificadas, automatizando a checagem da precisão dos dados.
• Rastreamento de fontes: Utiliza técnicas de inteligência artificial para rastrear a origem de uma postagem ou história, verificando se a fonte é confiável. Esse método é útil para identificar mensagens falsas criadas por bots ou outras técnicas automatizadas.

Imparcialidade, transparência e precisão

As agências se dedicam ao esforço extraordinário de conferir a veracidade da ansiedade das informações na internet e identificar as mensagens falsas. Baseando-se em evidências e fontes confiáveis, elas produzem conteúdo esclarecedor e informativo para o público. No entanto, é importante lembrar que algumas dessas agências recebem financiamento de empresas tecnológicas, muitas das quais abrigam desinformação e não tomam medidas suficientes para eliminá-la. Além disso, essas plataformas também possuem conteúdo checado pelas próprias agências que financiam. Isso levanta uma questão válida sobre a independência editorial dessas organizações. Para garantir que as verificações sejam conduzidas de maneira imparcial, é indispensável que as agências de checagem mantenham sua autonomia, mesmo quando financiadas por grandes empresas de tecnologia.

Emily Bell, diretora do Tow Center for Digital Journalism da Columbia University, destaca que “é importante lembrar que as mesmas empresas que estão presentes em nossas redações, treinando e conversando com jornalistas, também estão fazendo o mesmo com políticos (…) e vendendo pacotes de software para autoridades educacionais locais.” Avaliar o nível de independência do jornalismo nessas circunstâncias é complexo. Bell ressalta que “essas são preocupações muito sérias e, sinceramente, pouco discutidas devido à influência penetrante do dinheiro.”

Embora as agências de checagem garantam ter total liberdade para realizar seu trabalho, essa independência deve ser constantemente defendida. Existem códigos de princípios que as agências de checagem devem seguir para promover a excelência na verificação de fatos, e muitas delas estão sob constante escrutínio. Um exemplo é a International Fact-Checking Network (IFCN), da Poynter. Alexios Mantzarlis, diretor da IFCN, reflete sobre a complexidade do financiamento, afirmando: “É um tanto injusto, de certa forma, que com todo esse financiamento, parece que você tem que justificar que não está respondendo ao seu doador, de um jeito que não acontece em outras transações. Quando você tem um cliente grande, também não está respondendo mais ou menos aos desejos dele?”. A IFCN defende que a “verificação de fatos transparente e apartidária pode ser um instrumento poderoso para o jornalismo de prestação de contas.” Os verificadores de fatos comprometidos com a IFCN seguem rigorosos padrões de transparência em seu trabalho diário, semelhante ao incansável trabalho de formiguinhas (lembrando que formigas são conhecidas por sua inteligência!).

O status de signatário da IFCN pode ser concedido a organizações legalmente registradas que publicam relatórios imparciais sobre a precisão factual de declarações de figuras públicas, instituições proeminentes e questões de interesse público. Um exemplo de ação coletiva ocorreu quando mais de 80 organizações de checagem de fatos em todo o mundo publicou uma carta aberta à CEO do YouTube, Susan Wojcicki, acusando a plataforma de ser um dos principais canais de desinformação. A carta listou exemplos de vídeos de diferentes países que causaram danos na vida real e pediu que o YouTube ampliasse seus esforços contra a disseminação de mensagens falsas em idiomas além do inglês. Entre os signatários, de mais de 46 países, estavam o Africa Check, o Washington Post Fact-checker, dos EUA, e as brasileiras Agência Lupa e Aos Fatos.

Opiniões de todos os lados nos ecossistemas de informação

Ao permitirmos que não profissionais compartilhem informações em ambientes sociotécnicos, sem apuração, checagem ou fontes confiáveis, distribuídas na blogosfera, por meio de torpedos, sites e caixas de comentários, e, posteriormente, nas redes sociais, observamos uma proliferação de opiniões tão disparatadas quanto verossímeis. Esse cenário, repleto de informações desencontradas, fica à mercê de especialistas em propaganda maliciosa, que podem usá-las para tentar modular o pensamento e comportamento do público, colocando em risco a democracia, que já passa por condições para lá de adversas com todo esse imbróglio aumentando a entropia do sistema.

Nas redes sociais e nos mensageiros interativos instantâneos, predomina a busca pela confirmação. Apenas aqueles que concordam com a opinião do outro se aproximam, enquanto o banimento daqueles que discordam se tornou prática comum, muitas vezes acompanhada de ofensas. O gigantismo do espaço virtual reforça a tendência de engajamento com informações que confirmam crenças pré-existentes. Como resultado, observamos mudanças de atitude nas pessoas expostas à poluição comunicacional, gerando desconfiança e uma atmosfera confusa, especialmente nas mídias sociais, com impactos diretos na participação política e cultural. A ausência de informações verdadeiras e precisas causa estragos sem precedentes, e vale lembrar que a informação é um direito humano fundamental.

Apesar de a automação e algoritmos possam facilitar e melhorar a eficiência na checagem de fatos, eles ainda não são capazes de substituir completamente o trabalho humano. A combinação de tecnologia e análise humana é atualmente a abordagem mais eficaz, permitindo que a automação lide com tarefas de grande volume e os humanos se concentrem na interpretação e verificação detalhada. A evolução contínua da tecnologia e a integração com habilidades humanas são essenciais para enfrentar os desafios da desinformação de maneira eficaz.

Essa discrepância do volume de dados, quando a taxa de geração de informações é muito maior do que a quantidade possível de ser consumida, pode ser descrita pelo aumento da entropia informacional. O ideal é aplicar a inteligência de rebanho e, de quebra, entender o esquema dos algoritmos o bastante para tentar enganá-los e, com isso, perderem força. Mesmo que rebaixem ou derrubem sites e perfis de má-fé aqui e ali, estes voltam de novo. Portanto, é inevitável e fundamental que possamos debater a justiça dos dados, as leis que vão reger quem provoca o distúrbio informacional. Talvez punições para quem estarrece com mensagens falsas.

Assim, mesmo com o trabalho de formiguinhas com olho vivo das agências de checadores – algo imprescindível, o alerta é apenas em parte dos usuários, pois não consegue ir aos mesmos lugares que os bots, sobretudo porque o público que consome a cacofonia informacional muitas vezes não está exposto aos resultados das checagens de fatos nos mesmos canais que elas são divulgadas. Isso pode incluir diferenças em hábitos de mídia, como preferências por certas redes sociais, sites ou plataformas. Além disso, os algoritmos das redes sociais e plataformas podem criar bolhas de filtro onde os usuários são evidenciados principalmente a informações que confirmam suas crenças preexistentes. Isso pode limitar a exposição a checagens de fatos para aqueles que precisam delas. Ainda algumas pessoas podem ter uma visão cética das agências de checagem de fatos, especialmente se percebem essas organizações como tendenciosas ou alinhadas a certos interesses. Portanto, melhorar a eficácia na comunicação e alcançar o público certo é um aspecto essencial para a eficácia das iniciativas de checagem de fatos.

A discrepância entre o volume de dados e a capacidade de consumo pode ser descrita como aumento da entropia informacional. Para enfrentar esse desafio, é essencial adotar uma abordagem estratégica, como utilizar a “inteligência de rebanho” e compreender os algoritmos para tentar manipular ou diminuir seu impacto. Embora a remoção de sites e perfis maliciosos possa ter algum efeito, esses frequentemente reaparecem.

Diante desse cenário, torna-se urgente:

1) na educação, estimular jovens e adultos, por meio de uma alfabetização midiática robusta, a desenvolverem consciência, visão e ouvido crítico diante das mensagens falsas que assolam o ciberespaço e a identifica-las por conta própria;
2) nas agências de checagem, desmascarar incansavelmente a desinformação, um esforço árduo que se assemelha a um calvário, já que, ao desmentir uma mensagem falsa, outras rapidamente surgem em seu lugar; e
3) na Academia e nas empresas, investir em pesquisas e experimentos que busquem novas formas de armazenar conteúdo de maneira inviolável, como o uso de plataformas baseadas em blockchain, e fomentar a compreensão do público, permitindo sua participação na elaboração de leis de regulação que não recaiam na censura ou ameacem a liberdade de expressão.

Portanto, é crucial discutir a justiça dos dados e as leis que regulamentarão os responsáveis pela desordem informacional. Punir aqueles que disseminam mensagens falsas pode ser uma abordagem necessária. Para combater a discórdia fomentada por desinformadores, replicar boas práticas e adotar a contrafala como tática de combate pode ser eficaz. Se todos contribuírem para desmascarar uma fraude por dia, podemos reduzir o impacto das mensagens falsas.

Nota: Algumas das agências de checagem brasileiras como a Agência Lupa, Aos Fatos, Comprova, G1 Fact Checking/Fato ou Fake, Boatos.org, UOL Confere, Estadão Verifica, entre outras, são referências significativas no campo. Entre as internacionais, como são muitas, deixo aqui as globais, presentes em vários continentes, com checagens em vários idiomas como a Agence France-Presse (AFP) Fact Check e a Reuters Fact Check. Para registro, o pioneirismo do FactCheck.org fundado em 2003 por Amy Goodman e dirigido pelo Annenberg Public Policy Center da Universidade da Pensilvânia é um dos primeiros sites dedicados exclusivamente à checagem de fatos e ainda é uma referência importante na área.

Assista ao clipe: Na saúde e na política

Fonte:  https://jornal.usp.br/artigos/em-tempos-de-eleicoes-agencias-de-checagem-nao-sao-suficientes-para-conter-o-disturbio-informacional/

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