23 Novembro 2021
Uma mente sem emoções não é uma mente, é apenas uma alma de gelo: uma criatura fria, inerte, desprovida de desejos, de medos, de preocupações, de dores ou de prazeres.
Pode surpreender, mas quem escreve essas linhas é um neurocientista, o estadunidense Joseph Le-Doux, nascido na Louisiana em 1949. Ele abandona a concepção asséptica de outros colegas que identificam cérebro e mente (ou alma) reduzindo-os ao impressionante sistema neuronal cerebral.
A referência é às realidades que definimos com a palavra de matriz latina "emoção". Uma matriz sugestiva porque se assenta em dois componentes: por um lado, certamente o verbo movère que evoca movimento, dinamismo e caminho por excelência; por outro lado, existe a preposição ex- que convida a sair, a derreter justamente o gelo que jorra, que se espalha, borbulha, fertiliza o solo.
É a experiência que os verdadeiros apaixonados experimentam quando seguram a mão da pessoa amada ou olham em seus olhos, fundindo-se um no outro. É o coração que acelera suas batidas quando se vivem eventos felizes ou dores excruciantes. É a emoção da mente e do espírito diante da beleza de uma obra-prima artística. Essas e outras emoções não são redutíveis a um algoritmo, nem podem ser inseridas na inteligência artificial de uma máquina. É necessário, portanto, atravessar toda a gama de sentimentos e não apenas os percursos da racionalidade para serem realmente pessoas humanas.
* O comentário é do cardeal italiano , prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 21-11-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
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