Mais que representar o sagrado, é «dar corpo ao sagrado». O corpo, o lugar do amor e da dor, da alegria e da tristeza, o lugar onde mais somos o que somos, e que desse lugar tão humano possamos aceder ao sagrado. Pelo corpo como via de acesso ao sagrado, o belo como sedução daquilo que nos ultrapassa e ultrapassa o que se inscreve no próprio corpo.
Representativas de um período central da formação dos povos ibéricos – no qual a religião era elemento indentitário crucial – as esculturas da mostra Cuerpos de Dolor, da coleção do Museo Nacional de Escultura (Valhadolid, Espanha), sugerem-nos os caráter exuberante, quase, teatral, do Barroco ibérico e da profundidade com que a dimensão espiritual impregnava a arte e as representações do mundo, então.
"O corpo, o lugar do amor e da dor,
da alegria e da tristeza,
o lugar onde mais somos
o que somos..."
Mais que essa referida teatralidade, é o drama humano que, pelo corpo e inscrito no corpo, vai ao encontro do que nos transcende, e que, pelo belo, procuramos entendimento.
Cuerpos de Dolor, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, até 25 de março.
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Reportagem por João Amaro Correia
Linguagem: português de Portugal.
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