Carla Rojas Braga*
O Carnaval começa neste final de semana.A praia está repleta de jovens excitadíssimos para pularem, ficarem, se divertirem.
O problema é que essa excitação os leva a abusarem do álcool e, consequentemente, a consumirem drogas também.
O consumo de álcool entre os adolescentes tem crescido assustadoramente, começa cada vez mais cedo e, muitas vezes, em casa.
Diversas pesquisas sobre o assunto, das melhores universidades americanas e brasileiras, revelam que o álcool pode causar danos ao hipocampo, que o completo desenvolvimento do cérebro e, mais especificamente, do lóbulo frontal, só ocorre ao final da adolescência (que pode ser até os 24 anos) e concluíram que os danos causados às células neuronais que estão sendo mortas ou lesadas a cada bebedeira vão trazer consequências graves no futuro.
O álcool e as drogas podem lesar o cérebro.
Segundo as pesquisas da Universidade da Califórnia, adolescentes que haviam se embebedado pelo menos cem vezes (contando os finais de semana de festas, vemos que isso não é difícil de acontecer), dos 14 aos 16 anos, apresentaram pior desempenho em testes de memória e, ainda, um hipocampo menor do que os que não bebiam.
Isto quer dizer que o consumo de álcool e drogas pode, também, diminuir o tamanho do cérebro.
Três milhões de adolescentes contraem doenças sexualmente transmissíveis a cada ano no mundo. Nos EUA, duas pessoas jovens contraem aids a cada hora. Aqui, os consultórios ficam repletos de meninas violentadas ou arrependidas de terem praticado sexo com estranhos, infectadas com o vírus HPV ou outras DSTs, após as festas de Carnaval... E por quê?
Corpo de bêbado não tem dono...
Além disso, o álcool é a porta de entrada para as outras drogas: maconha, ecstasy, cocaína e o crack. É fácil, estando alcoolizado, ser convencido a experimentar qualquer uma dessas drogas.
Aí, é lesão cerebral na certa.
Algumas doenças mentais, como a esquizofrenia, por exemplo, podem vir a desenvolver-se com o uso de maconha.
Fico impressionada quando vejo alguns meninos e meninas completamente alcoolizados, voltando para casa de manhã, quando eu estou acordando. Onde estão os pais para ver isso?
Parece-me existir socialmente uma proibição de envelhecimento, o que tem transformado alguns pais em “adultescentes”, agindo como se fossem mais um dos amigos dos filhos.
Pai é pai, amigo, é amigo!
Os pais têm o dever e o direito de impedir que seus filhos comecem a beber muito cedo e demais. Os jovens precisam, principalmente, de limites e orientação. Dar limite é cuidar. Dar limite é dar amor.
Proíba seu filho de beber antes da idade certa. Não ofereça bebida alcoólica para seu filho, não beba com ele, não patrocine as festas de aquecimento, nem nenhuma festa jovem regada a álcool em sua casa, se seu filho ou filha é menor de 18 anos, ou você poderá ser um pai ou mãe filicida.
Os pais têm que impedir que essa geração de jovens inteligentes se torne uma geração de adultos dependentes, sequelados, desmemoriados, lesionados ou drogados pelo álcool e pela maconha.
Um bando de pierrôs sequelados e colombinas burras não vai saber cuidar do nosso mundo.
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*Psicóloga e psicoterapeuta
Fonte: ZH on line, 18/02/2012
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