Cinema
Filme rendeu a Michael Fassbender o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza de 2011
Filme traz Michael Fassbender como
um executivo viciado em sexo.
O ambiente repleto de estímulos da cidade grande. O computador, as imagens em movimento. A propaganda. O transporte coletivo. A velocidade. A compressão do tempo-espaço. O que pode brotar deste caldo histórico-cultural do qual fazemos parte? Como se desenvolvem as nossas consciências?
Shame trata da relação entre as pessoas, da qualidade do contato entre os seres humanos. Ao contar um pouco da história de Brandon Sullivan, um executivo viciado em sexo que mora em Nova York, o filme consegue mergulhar em uma crítica ao individualismo contemporâneo, experimentando no espectador uma série de sentimentos angustiantes.
O filme é essencialmente muito bem dirigido, conseguindo manter a todo o instante o clima tenso de uma viagem interior, protagonizada pelo ator alemão Michael Fassbender. O público embarca através da empatia com o personagem, nas impressões de um universo estéril, e ao mesmo tempo repleto de perversidade, no submundo noturno da Big Apple.
Sullivan é um executivo que parece aproveitar a vida, alternando o trabalho com conquistas. Esse clima de normalidade aparente, na leitura do espectador, rapidamente descamba para uma necessidade absoluta de sexo, onde o personagem começa a demonstrar um comportamento doentio.
A coisa toda só piora, quando o executivo recebe, de forma imprevista, a visita de sua irmã mais nova, uma cantora problemática que se hospeda em sua casa. Precisando conviver com um nível de profundidade um pouco maior do que nas relações em que está acostumado, Sullivan tem sua vida sacudida, e ele é obrigado a se deparar com suas fraquezas.
A capacidade do diretor inglês Steve McQueen em manter o clima, em termos do fluxo e mudança de atmosferas, é algo notável. O clímax, literalmente, do filme, onde durante mais de 10 minutos só temos música e imagens, é algo raro na história do cinema: Acontece uma espécie de fotogenia, como definida por Jean Epstein, algo que não pode ser descrito por palavras, e que arrebata o espectador por cerca de alguns segundos.
Nesse tempo, podemos ver a força rítmica dos corpos nus, mostrados em uma geografia quase abstrata, assim como percebemos o conflito, a dor do personagem durante a consumação do ato sexual. Como então, o sexo, que aparece muitas vezes ligado ao amor, pode ser uma ponte para algo bem longe disso.
Tudo isso evolui para um final arrebatador, não em termos de emoção, ou da definição de um roteiro. Mas no sentido de uma imagem final, um fechamento cinematográfico, de kinema, a palavra grega que designa movimento.
Shame tem estréia prevista para a próxima semana no Brasil.
Veja o trailer: http://youtu.be/iWfdZ7-m1vs
---------------------------Reportagem Por Francisco Taunay
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/17/02/2012
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