domingo, 5 de fevereiro de 2012

NOSSOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES

Lygia Fagundes Telles*
Nunca senti a vida monótona, nem mesmo quando frequentava a escolinha de freiras dirigida por madre Mônica. Todas se vestiam iguais, os chapelões engomados com a mesma proa dos veleiros, as almôndegas com o mesmo gosto dos quiabos. E que variedade! As poesias que a gente devia decorar para as festas também eram sempre as mesmas, versos que dizem que nosso céu tem mais estrelas, nossa vida, mais amores. E os campos. Não menciona nossas ruas, especialmente essa Rua Barão de Itapetininga (um brasileiro ilustre) onde roubaram minha carteira e meus documentos. Entro na fila infinita da papelada e a fila avança num silêncio tão conformado que chega a ser inquietante. Uma virtude raríssima se desenvolve no nosso povo afeito a esse tipo de mecanismo que faz parte do sistema, virtude modesta como uma flor miúda que ninguém plantou e à qual ninguém dá atenção: a paciência. Vejo as caras concentradas das pessoas que já vieram ontem e terão que voltar amanhã e penso que o paulistano é antes de tudo um forte. Mas cansa.
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Fonte: TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Círculo do Livro, s/d. p.65.
Imagem da Intenet

3 comentários:

  1. OS MEUS PARABÉNS .
    BONITO TRABALHO.
    GOSTO DO CONTRASTE DAS CORES .
    SILVANO MONTEIRO

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  2. EU COSTUMO DAR GLÓRIAS Á DEUS ATRAVÉS DE SUAS GRANDES MARAVILHAS, E AS FLORES É UMA DELAS, QUE MARAVILHA.

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  3. GLÓRIAS ÁDEUS POR TODAS AS CRIAÇÕES MARAVILHOSAS QUE ELE FEZ.

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