Sara Antunes de Oliveira*
A mim aconteceu-me muito cedo, senti-me viúva com 29 anos. Mas a dor da perda é a dor mais universal
Por muito remendo, por muito que esteja tudo colado, por muito que as gavetas estejam arrumadas, nós já não somos a mesma pessoa.
Porque um dia o telefone tocou e disseram-nos que a pessoa que mais amamos no mundo deixou de existir.
O tempo, a única coisa que faz, é ajudar a que tenhamos distância do livro que, no primeiro dia, está colado no nosso nariz.
Mas não cura absolutamente nada.
A certa altura tem de se escolher: vou viver com uma nuvem negra em cima da cabeça ou vou arrumar isto, aprender com a tristeza?
E, inevitavelmente, acabei por escolher ser feliz.
* Texto de Sara Antunes de Oliveira. Jornalista. Editora do Jornal Observador.
Maria Botelho é apresentadora da televisão. Há 7 anos precisou de ajuda para lidar com o luto do namorado, com quem se preparava para casar, e do pai, quatro anos depois. É a terceira convidada da série “Labirinto” – Conversas sobre Saúde Mental.
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