Bárbara Wong*
Arnold Schwarzenegger
Lamento informar, mas no que diz respeito a Arnold Schwarzenegger fiquei parada no tempo. Sim, eu sei que foi governador da Califórnia pelo Partido Republicano, casado com Maria Shriver, uma Kennedy, mas continuo a vê-lo em filmes de acção pouco estimulantes ou ao lado de Danny DeVito em Twins, (também pouco estimulante). Portanto, confesso, foi com surpresa que na sexta-feira vi, nas redes sociais, o vídeo de quase dez minutos em que se dirige ao povo russo.
É com humildade e respeito que o actor nascido na Áustria se dirige aos russos para lhes dizer que o Kremlin está a mentir. É com compreensão que vai partilhando a sua história pessoal, a do seu pai que foi apanhado na propaganda nazi e obrigado a lutar, que ficou com cicatrizes físicas e mentais do cerco de Leninegrado. Arnold Schwarzenegger dirige-se assim aos soldados russos, mas também a todos os seus compatriotas e termina com uma menção aos que se têm manifestado no interior do país contra a invasão da Ucrânia, esses são heróis, apelida-os.
O que me surpreende neste vídeo é a atitude do actor que sabe ser admirado na Rússia pelos seus papéis. Não há qualquer superioridade moral, mas compreensão, na expectativa que as suas palavras possam ajudar um povo que está cada vez mais isolado, pela sua liderança e pelo exterior, a compreender o que se passa.
É também compreensão, mas sobretudo ajuda que pede a primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, a quem tem o seu posto, ou seja às mulheres e aos maridos dos dirigentes dos outros países, numa publicação nas redes sociais, a activista pelos direitos das mulheres propõe formas de ajuda, ao mesmo tempo que explica o que se está a passar no seu país.
Duas semanas depois de ter atravessado a fronteira com a Eslováquia com um saco de plástico, o passaporte e um número de telefone rabiscado nas costas da mão, Hassan, de 11 anos, reencontrou-se com a mãe, que conseguiu, também ela, chegar àquele país.? Dezenas de milhares de pessoas continuam a cruzar as fronteiras da Ucrânia com os países vizinhos, em fuga da guerra, a maioria mulheres e crianças. Nas últimas três semanas, 1,5 milhões de crianças fugiram da guerra, “o que equivale a uma criança por segundo” durante este período, disse ao PÚBLICO Joe English, o porta-voz da UNICEF em Lviv. ?
A jornalista Andréia Azevedo Soares escreve sobre as pessoas com deficiência que, nesta guerra, não têm muitas alternativas que não seja ficar em casa. Existem 2,7 milhões de pessoas com deficiência na Ucrânia, avança. “Parte deste grupo está a ficar para trás, mais exposto a bombardeamentos ou outras formas de violência. Uma sociedade que não prevê bunkers acessíveis está, ainda que indirectamente, a definir quem importa proteger”, denuncia. Lembrando que quando foi perguntado à antropóloga Margaret Mead (1901-1978) qual o objecto que assinala o início da nossa civilização, respondeu que foi um fémur regenerado. Esse significava que o grupo não deixou uma pessoa doente para trás.
Recorda-se que no início do mês, o casal de actores Ashton Kutcher e Mila Kunis lançou uma campanha de angariação de fundos para ajudar a Ucrânia? Pois bem, feito o balanço, o objectivo dos 30 milhões de dólares foi ultrapassado. O dinheiro vai ser usado para ajuda humanitária. Também o designer checo Tomas Brinek decidiu ajudar com umas almofadas com o rosto do presidente Zelenskii, porque percebeu que muitas mulheres o olham como um herói, explica. Para fechar, na Lituânia, o presidente da câmara de Vilnius decidiu mudar o nome da rua onde fica a embaixada russa para Rua dos Heróis da Ucrânia.
O comportamento de Kanye West, que sabemos sofrer de doença bipolar, levou-o primeiro a ser suspenso da rede social Instagram durante um dia, e agora, a ser excluído da cerimónia dos Grammy. Esta semana, o comediante Trevor Noah denunciou o facto de Kim Kardashian, que esteve casada com o cantor durante oito anos, estar a ser vítima de assédio. O rapper não gostou. O facto é que o vídeo do apresentador do The Daily Show foca um tema importante: a violência doméstica. E, tal como Arnold Schwarzenegger, também o comediante sul-africano pega na sua experiência pessoal pois testemunhou a sua mãe a ser vítima do seu padrasto, a pedir ajuda, a queixar-se e a ser ignorada quer pela família, quer pelas autoridades.
A psicóloga Raquel Raimundo, que escreve uma artigo de opinião mensal, reflecte sobre o que é ser mulher e os medos com que crescemos e contra os quais temos de lutar. “Ser mulher significa viver com este medo gravado no ADN, que nos faz pensar duas vezes antes de fazermos algo tão banal como passar à frente de um grupo de homens ociosos. É que 90% dos crimes violentos são cometidos por homens.?”
Este sábado assinalou-se o Dia do Pai. Ana e Isabel Stilwell lembraram todos os pais que, por motivo de separação, são afastados dos seus filhos e apelam para que mães e pais se entendam, em nome das crianças. Também a advogada Alexandra Bordalo Gonçalves partilha histórias de processos que acompanhou e chega à mesmíssima conclusão: os progenitores devem respeitar o superior interesse dos filhos.
A psicóloga Clementina Almeida escreve sobre as consequências de ter um filho viciado em ecrãs, fazendo algumas recomendações para o ajudar a desligar; e a psicóloga Telma Gonçalves reflecte sobre o impacto dos castigos físicos.
Ainda não recuperada da ModaLisboa, já a jornalista Inês Duarte de Freitas ia a caminho do Porto para mais uma semana de moda, o Portugal Fashion — haverá assim tantos países com dez milhões de habitantes e duas semanas de moda? De quarta-feira a domingo, a indústria e os criadores encontraram-se na Alfândega (mas também noutros espaços da Invicta) naquilo que se espera não ser só uma feira de vaidades. Fomos aos bastidores, conversamos com os criadores e fizemos o balanço de mais uma edição.
Pelo caminho, há duas exposições para ver, uma em Matosinhos e outra em Londres. Por cá, Portugal Pop apresenta 50 anos de moda portuguesa, com curadoria de Bárbara Coutinho, directora do Museu do Design e da Moda (Mude); no Victoria & Albert Museum, pela primeira vez, há uma mostra da moda masculina ao longo dos séculos aliada à arte e que reflecte também sobre a imagem do homem. Patente até 6 de Novembro.
*Editora do Público
Fonte: https://www.publico.pt/impar
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