FLÁVIO TAVARES*
Ilustração: Pedro Hamdan/SAÚDE é Vital
O assustador aumento dos casos de depressão mostra algo que deveria ser entendido (ou resolvido) por toda a sociedade, não só pelos diretamente afetados. Pesquisa do Ministério da Saúde nas capitais estaduais aponta que mais de 11% dos brasileiros sofrem de depressão, e o percentual supera 17% em Porto Alegre.
Não busco substituir-me à psicanálise e aos psicanalistas que, como Isaac Pechansky e outros mais, perscrutam os desvãos do inconsciente. Tento, apenas, chamar a atenção para as causas sociais de um distúrbio provocado, também, pelo cotidiano estilo de vida.
Estamos literalmente cercados pelas quinquilharias da sociedade de consumo. Não é à toa que a pesquisa constatou que o endividamento pessoal é a causa principal da depressão, afetando mais as mulheres. A compulsão a comprar "todas as novidades" - até as impo$$ívei$ - afeta todas as classes sociais. Assim, dívidas crescem a cada dia com os altos juros bancários.
O devedor busca aliviar-se e passa a beber, tentando fugir do problema. Completa-se o arco e surge o alcoolismo, estimulado pela propaganda a consumir "cervejinha" e similares.
O torpor típico dos deprimidos (de passar na cama o maior tempo) agrava o quadro pela falta de exercícios físicos. A pesquisa constatou, ainda, que as mulheres (por problemas hormonais) têm o dobro do risco dos homens de desenvolver depressão.
A pandemia agravou o quadro geral da depressão ao restringir a convivência e o contato. O "trabalho em casa" nos protege da covid-19, mas abre portas à solidão típica do deprimido.
A preocupação se completa com a ameaça de inflação e a caótica depressão política dos governantes.
*Jornalista
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