Cesar Gaglioni
Veja as metas que cinco músicos, escritores e atores fizeram na virada de um ano para o outro
O término de um ano traz a sensação de um fim de ciclo e começo de outro. Por isso, tendemos a querer criar metas nesse período. É como se estivéssemos no fim de uma folha de papel já preenchida e contemplando uma nova página, totalmente em branco, livre para ser usada com novas histórias e perspectivas inéditas.
“Não é como se houvesse algo mágico acontecendo em 31 de dezembro”, afirmou Charles Duhigg, autor de “O Poder do Hábito”, em entrevista ao jornal The New York Times, em 2018. “O que é mágica é a capacidade da nossa mente de criar novas narrativas para nós mesmos e de procurar eventos como oportunidades de mudar essa narrativa”.
É assim para cidadãos desconhecidos, e é assim também para celebridades. Neste texto, o Nexo apresenta cinco listas de resoluções de Ano Novo de artistas que marcaram época.
Ernest Hemingway nasceu em 1899, na cidade americana de Oak Park, perto de Chicago. Na década de 1920, trabalhou como jornalista, primeiramente no Canadá, depois em Paris. Foi correspondente durante a Guerra Civil Espanhola, experiência que o inspirou a escrever “Por quem os sinos dobram”, lançado em 1940.
Em 1925, ele anotou algumas das metas que tinha para o ano seguinte:
- Pescar mais
- Buscar um equilíbrio entre trabalho e vida
- Não morar em qualquer lugar que não seja Paris
- Manter o contato com as pessoas que gosto
- Continuar escrevendo
Escritora, tradutora, ensaísta e editora, Virginia Woolf foi um dos principais nomes da literatura do século 20. É autora de livros como “Orlando”, “Mrs. Dalloway” e “As ondas”. Em 1931, ela fez uma lista de resoluções:
- Não ter metas, para não ficar presa nelas
- Ser livre e gentil comigo mesma
- Comprar boas roupas
- Parar de me irritar
- Ler o menor número possível de jornais
Engajado politicamente, Guthrie foi um artista muito influente na música folk americana e escreveu uma das mais cultuadas músicas do país, “This Land is your Land” (“Esta terra é sua terra”, em tradução livre). Ele foi uma das principais inspirações para a obra de Bob Dylan.
Em 1º de janeiro de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, Guthrie escreveu (e ilustrou) uma lista com 33 resoluções de Ano Novo em seu diário. As tarefas vão de atividades corriqueiras, como escovar os dentes e tomar banho, a outras grandiosas. Algumas delas são:
- Derrotar o fascismo
- Fazer a barba
- Manter as esperanças vivas
- Conhecer melhor as pessoas
- Escrever uma música por dia
Marilyn Monroe era o nome artístico de Norma Jeane Mortenson, nascida em em Los Angeles em 1926. A atriz passou a maior parte de sua infância e adolescência em orfanatos e lares temporários na cidade da costa oeste americana. Aos 18 anos, foi fotografada enquanto trabalhava na fábrica de munições Radioplane Company, que fornecia balas e mísseis para o Exército americano na Segunda Guerra Mundial.
Em 1955, quando já era uma celebridade, Monroe escreveu algumas de suas metas em um diário, que veio a público em 2015. Parte das resoluções eram:
- Começar a fazer aulas de atuação
- Não me atrasar para os compromissos
- Observar mais as pessoas ao meu redor
- Trabalhar sempre que possível
- Cuidar mais do meu corpo
Marilyn morreu por overdose de ácido barbitúrico em 1962, em sua casa, aos 36 anos.
Renato Russo liderou uma das maiores bandas brasileiras da década de 1980, o Legião Urbana.
Em seus diários, compilados pela editora Companhia das Letras em 2016 sob o título “O livro das listas”, Renato escreveu algumas das metas que tinha para 1991:
- Economizar para a casa nova
- Viajar para todo lugar quando sentir vontade
- Limpar a casa
- Escrever novas canções
- Não depender demais das pessoas
Renato Russo morreu em 1996, aos 36 anos, em decorrência de complicações causadas pela aids. Um disco póstumo do Legião Urbana com faixas inéditas foi lançado em 1997.
Resoluções, um desafio
Um estudo divulgado em dezembro de 2015 pelo departamento de psicologia da Universidade de Scranton, nos EUA, mostrou que apenas 8% das pessoas são bem-sucedidas em alcançar as metas propostas na entrada do novo ano. Os mais velhos se saem pior: entre pessoas acima dos 50 anos, só 14% chegam no resultado almejado; a taxa vai a 39% entre pessoas na faixa dos 20 anos.
Uma consultoria britânica, a YouGov, chegou a resultados semelhantes para o Reino Unido em dezembro de 2014: apenas 10% dos entrevistados em uma pesquisa sobre o tema conseguiram manter suas resoluções até o fim do ano.
Um dos principais motivos pelos quais resoluções são quebradas é a nossa tendência de cair na armadilha da “síndrome da falsa esperança”, um comportamento identificado por dois pesquisadores da Universidade de Toronto. Segundo eles, essa síndrome ocorre porque acreditamos na ilusão de que mudança pessoal é fácil. A partir disso, traçamos metas irreais.
De acordo com Tom Conellan, autor do livro “The 1% Solution for Work and Life: How to Make Your Next 30 Days the Best Ever” (A solução 1% para o trabalho e a vida: Como fazer dos seus próximos 30 dias os melhores de todos, inédito em português), metas irreais incluem pensar em apenas uma grande mudança para o ano.
Para Conellan, ter várias metas menores traz mais chances de resultados e, por consequência, mais momentos de motivação. Assim, em vez de um projeto que se desenrolará ao longo de um ano, o melhor seria focar metas semanais ou mensais, sugere. O autor também diz que mudanças implicam uma quebra da rotina, de um padrão com o qual estamos acostumados, o que pode não ser fácil.
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2023/12/30/as-resolucoes-de-ano-novo-que-artistas-fizeram-no-passado?utm_medium=email&utm_campaign=02012024_a_nexo&utm_content=02012024_a_nexo+CID_88f2ea1093e479f129598538a95ef585&utm_source=Email%20CM&utm_term=nexo
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