O uso da palavra humanitário serve aos mais distintos propósitos, inclusive para encobrir as ações propriamente inumanas dos terroristas
Já em 2015, Bassem Eid, ativista de direitos humanos e dissidente palestino, declarou: “Quem impôs três guerras a Gaza foi o Hamas. Em todos os países, os governos usam seus mísseis e foguetes para proteger o seu povo, mas o Hamas fez o oposto, usando seu povo para proteger seus mísseis e foguetes” (extraído de Natan Sharansky e Gil Troy, Jamais estive só). Os palestinos se tornam instrumentos de uma organização terrorista voltada para a destruição de seu inimigo primeiro, Israel e os judeus, com o intuito de posteriormente voltar-se contra as outras religiões, mormente as cristãs, e os valores ocidentais em geral.
Compreende-se, assim, melhor o elevado número de vítimas civis entre a população de Gaza, considerando que os terroristas borram qualquer distinção entre civis e militares, até nas estatísticas, não sendo as mortes militares contabilizadas. Procuram, isto sim, produzir o máximo de vítimas entre os civis, pois sabem o impacto dessas mortes na opinião pública ocidental, com o intuito de causar um dano midiático ao seu inimigo principal. Desprezam o Ocidente, mas empregam este mesmo Ocidente para miná-lo desde seu interior. Note-se o papel que conseguiram conquistar nas universidades americanas e nos seus êmulos entre nós, advogando, na verdade, pela destruição dos direitos humanos, considerados ocidentais. O Ocidente cava a sua própria cova.
Observe-se que Israel protege a sua população civil construindo abrigos subterrâneos, procurando deixá-la a salvo de foguetes e mísseis, enquanto lança à guerra os seus soldados, à luz do dia e na escuridão noturna. Oficiais marcham à frente para dar o exemplo. O Hamas, por sua vez, esconde os seus terroristas em abrigos subterrâneos, uma espécie de segunda cidade oculta, podendo usufruir de todas as comodidades. Fogem do confronto direito naquilo que hoje é considerado como “guerra urbana”. Os palestinos, então, são não apenas deixados à sua própria sorte, mas servem como vitrine para atrair a simpatia dos países democráticos. Zombam da democracia como ocidental, porém não perdem a ocasião para subvertê-la.
A utilização de hospitais enquanto lugares do terror, conectados aos subterrâneos da violência, é mais uma amostra de como o apreço pela vida foi substituído pelo culto da morte. Contudo, a instrumentalização é aqui bem-feita, pois aos olhos de uma parte da opinião pública ocidental seria Israel o culpado pela destruição. O Hamas alcança os seus objetivos, tornando um crime de guerra, a utilização de hospitais como instrumentos militares, numa defesa dos direitos humanos.
Os palestinos de Gaza são pobres; os terroristas, ricos. Sobram recursos para a construção de amplos espaços subterrâneos, para barragens de foguetes e mísseis, para armamentos e munições. São bilhões de dólares que, ao cabo de anos, foram canalizados para as atividades voltadas para o culto da morte, cujas fontes principais são o Catar e o Irã, além de países ocidentais, cujos recursos humanitários são, desta maneira, desviados. Supremo paradoxo das democracias ocidentais, fazendo o jogo do terrorismo, enquanto culpam Israel pela falta de ajuda humanitária. O uso da palavra humanitário serve aos mais distintos propósitos, inclusive para encobrir as ações propriamente inumanas dos terroristas.
A doutrina dos Direitos Humanos cumpriu um papel fundamental no processo de dissolução do regime comunista. Foram os dissidentes soviéticos que fizeram valer os Acordos de Helsinque de 1975, empregando um documento assinado pelos próprios comunistas para desmascará-los. Foram liderados por Andrei Sakharov, então o mais importante físico nuclear do regime, pai da bomba de hidrogênio soviética. E Sakharov teve, entre os seus mais importantes colaboradores, um jovem cientista, Natan Sharansky, que abandonou suas atividades acadêmicas e de pesquisa para se dedicar à luta dos direitos humanos e ao direito de os judeus imigrarem da União Soviética para Israel, no que foi também bem-sucedido, apesar de amargar nove anos de prisão no Gulag.
Ressalte-se que a doutrina dos Direitos Humanos, realçada em seu valor universal e ocidental, não havendo aí nenhuma contradição, tornou-se um importante meio para combater o comunismo e a esquerda. A humanidade, no seu mais nobre sentido moral, foi elevada a princípio civilizatório, em suas antípodas situando-se a esquerda. Atualmente, os direitos humanos foram apropriados por uma esquerda que, na verdade, os condena por ser uma mera ferramenta da dominação ocidental, algo particular a uma civilização determinada. Em seu lugar, surge a equiparação das civilizações, tudo tornando-se relativo, salvo o direito dos terroristas de instaurarem o seu próprio califado.
“From de river to the sea, Palestine will be free” (do rio ao mar, a Palestina será livre) é a pregação antissemita de aniquilação dos judeus, com o apoio de uma esquerda ocidental que abandonou o que outrora foram os princípios universais de Marx.
*PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR
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Fonte:https://www.estadao.com.br/opiniao/denis-lerrer-rosenfield/escudos-humanos/
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