terça-feira, 14 de junho de 2011

O SONHO DA JUVENTUDE



 Imagem da Internet
Eles querem estudo e emprego

Pesquisa que ouviu jovens em quatro capitais, entre elas Porto Alegre, e em outras cidades revela os anseios da nova geração

Nem casa própria, dinheiro ou bens de consumo. O maior sonho do jovem hoje é ter boa formação profissional e um emprego. O perfil dos entrevistados, de 18 a 24 anos, aparece no estudo inédito Sonho Brasileiro, divulgado ontem, e revela pessoas que almejam realizações possíveis, diferentemente dos planos grandiosos da juventude dos anos 60 e 70.
O estudo da Box1824, empresa de pesquisa especializada no mapeamento de tendências de comportamento, em parceria com o instituto Datafolha, mostra que 55% dos entrevistados têm como maior sonho individual a formação profissional e emprego. Depois, aparecem casa própria (15%), ficar rico ou ter estabilidade financeira (9%), a família (6%) e compra de bens como carro, moto e eletrodomésticos (3%). Para o sociólogo Gabriel Milanez, pesquisador da Box1824 envolvido no estudo, o resultado não significa que a nova geração rejeita ficar rica ou ter o carro do ano.
– O fim não é só ficar rico e consumir. É ser alguma coisa mais do que ter. Ao mesmo tempo, o jovem não nega que deseja estabilidade e retorno financeiro. Não significa que não quer posses, mas quer ir além – diz Milanez.
Se nos anos 60 e 70 a juventude tinha sonhos grandiosos, a geração atual deseja o que está mais à mão. Tal comportamento deriva em muito da percepção de que os planos dos pais de mudar o mundo, calcados em revoluções, não deram certo.
– A nova geração é mais pragmática. A característica deles é que apostem em sonhos possíveis – explica Milanez.
Essa condição aparece na escala de sonhos construída nas entrevistas. A primeira pergunta do questionário era “Qual o seu maior sonho?”. “Ser feliz” aparece em sétimo lugar, com 2%, depois de ter um carro, moto ou eletrodoméstico (3%) e de viajar (2%).
– Ser feliz é uma coisa muito etérea. Os sonhos da nova geração são vivenciáveis e podem ser o caminho para outros sonhos – diz o sociólogo.
O estudo mostra ainda que 89% dos entrevistados têm orgulho de ser brasileiros. Ao mesmo tempo, a maioria não tem preferência partidária e concorda ser possível mudar a política a partir de ações do dia a dia.
– O jovem faz a parte dele. Ele participa de movimentos ambientalistas, por exemplo, não precisa virar deputado para buscar uma mudança na sociedade – argumenta o pesquisador.
andre.mags@zerohora.com.br
 ANDRÉ MAGS

A pesquisa
- Em um ano e meio, a Box1824 – empresa de pesquisa especializada no mapeamento de tendências de comportamento –, em parceria com o instituto Datafolha, ouviu quase 3 mil brasileiros em duas fases.
- Na qualitativa, foram feitas 1,2 mil abordagens com jovens das classes A, B e C nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.
- A segunda fase foi quantitativa, e englobou 1.784 entrevistas com jovens das classes A, B, C, D e E em 173 cidades de 23 Estados.

DESEJO POSSÍVEL
ENTREVISTAS FORAM REALIZADAS COM PESSOAS ENTRE 18 E 24 ANOS DE TODAS AS CLASSES SOCIAIS.

KZUKA – REPERCUSSões

Eduardo Testa, 20 anos,
estudante de Administração
 É importante ter uma boa formação. Claro que a gente estuda pensando em conquistar uma boa posição, ganhar dinheiro. Vejo o Brasil mundialmente reconhecido pelo crescimento econômico e quero acompanhar.

Thais Pedrazzi, 23 anos,
jornalista
Espero que o conhecimento seja mais valorizado do que hoje. Eu tenho um pouco de receio pelo futuro. Ter apenas formação em Ensino Superior hoje já não basta para conseguir um bom emprego.
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FONTE: ZH on line, 14/06/2011

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