quarta-feira, 5 de junho de 2013

Crônica sobre a Economia do Amor


130530-Meditação
Dentro do velho sistema em colapso, e numa civilização em risco, surgem também sinais de uma nascente
 lógica da generosidade

A meditação pública coletiva está no filme Occupy Love.” Foi lançado há um mês em mais de 80 países. Exerga, nas mobilizações sociais contemporâneas, caminhos para organizar o mundo com base no compartilhamento — não na ganância”, conforme nota texto em Outras Palavras. Vem sendo legendado e exibido de forma colaborativa e gratuita pelo mundo. Pelo site oficial é possível comprar uma cópia por dez dólares.

Mais Amor, Por Favor. Cartazes anônimos surgiram de repente nos muros de São Paulo, recordando o Profeta Gentileza. Antes, o amor já chegara à obstetrícia, ao descobrir-se que quando a gente beija, faz amor, dá à luz, amamenta o corpo produz “hormônios do amor” – em particular um neuropeptídeo chamado ocitocina, que alimenta nossa capacidade de amar. 

Qualquer maneira de amor. Descoberto em 1909, pelo poder de estimular o útero e a glândula mamária, pouco depois já estava sintetizado e passou a ser usado, pragmaticamente, para apressar parturientes. O filme Renascimento do Parto pergunta o que será dessa espécie, que, submetida à ocitocina sintética, pode desaprender a segregar os hormônios do amor – e denuncia a indústria da cesariana, de que os médicos e hospitais são apenas a ponta.

Na última década, pesquisas foram além. Conhecida por seu papel na criação do vínculo entre mãe e filho, a ocitocina foi considerada pela neuroeconomia a cola social de famílias e comunidades. Ao inundar o sistema nervoso de amor, estaria irrigando com confiança a sociedade e de prosperidade a economia.

Chovem exemplos. Moedas locais são puro amor, e já chegam a uma centena pelo Brasil. Pode um gesto mais amoroso que dar crédito à criatura para o gás do almoço, a compra do mês, o aluguel – na base da confiança, olho no olho? Creative Commons é economia da generosidade. Copyleft, doação incondicional. Crowdfunding então? Economia solidária, feira de trocas, FIB – Felicidade Interna Bruta. São pilares de um paradigma econômico e social nascente – um despertar, uma Primavera! Embrião de uma economia do amor.

Estamos reinventando nossos modos de viver e nos relacionar, dar e receber – em busca da justa contribuição para exprimir gratidão. Ousemos nos colocar num campo de abundância – especialmente em tempos de escassez.

Mire-se no espelho da Mãe Natureza, recomenda a biologia. “Tudo que os organismos naturais fazem para saciar suas necessidades – comer, respirar, acasalar – contribui de alguma forma para a fertilidade do habitat em que vivem. Os dejetos dos animais adubam o solo, o dióxido de carbono que expiram é usado pelas plantas na fotossíntese. A vida criou um sistema generoso e essa é a razão pela qual esse material genético existe há 10 mil gerações. A única forma de garantir o futuro de nossos filhos, netos e bisnetos é cuidar do lugar em que vão viver. Tem de aprender a ser generoso. É o que a vida faz.”

Tempo de sintonizar o chacra do coração.
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 Por Inês Castilho
 Fonte: http://rede.outraspalavras.net/pontodecultura/2013/05/30/cronica-sobre-a-economia-do-amor/

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