O evento, patrocinado pelo Global World Forum, de São Francisco,
na Califórnia, reunia centenas de pessoas em diversas salas no Hotel
Hilton, em Manhattan. Na sala onde eu faria minha participação, muitos
jovens alguns sentados no chão,
em frente à mesa. Antes que eu começasse
a falar, um
deles levantou e perguntou o que eu achava da ideia de
internacionalizar a Amazônia, e acrescentou:
“Não quero sua resposta como brasileiro.
Quero que responda como humanista”.
Diante disso, eu falei que poderia considerar a hipótese de internacionalização da Amazônia se antes fossem internacionalizados
Essa fala
Nenhum nacionalismo tem o direito de se opor ao humanismo, porque
A Terra é um condomínio de países. Cada um deles precisa ter o sentimento de sua relação com o resto do mundo, especialmente nos tempos em que
O presidente Bolsonaro
A Amazônia é nossa,
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- todos os poços de petróleo,
- as armas nucleares,
- os museus,
- as cidades históricas,
- tudo de importante para a humanidade
- , inclusive as crianças pobres que morrem por falta de comida e remédio.
“Quando tudo isso for internacional, podemos discutir a internacionalização da Amazônia. Até lá a Amazônia é nossa e só nossa”.
- teve uma grande repercussão,
- foi traduzida em muitos idiomas;
- inclusive incorporada em uma coletânea de grandes discursos por brasileiros.
- até o fotógrafo Sebastião Salgado, amigo há 50 anos,
- dizer que não gostava da conclusão,
- porque se não formos capazes de cuidar dos patrimônios da humanidade que estão no nosso território,
- não merecemos tê-los só para nós.
- ao ver o ministro general Heleno dando a impressão de que temos o direito de queimar a Amazônia,
- porque ela é nossa. Só nossa.
Nenhum nacionalismo tem o direito de se opor ao humanismo, porque
- é imoral e é estúpido,
- indecente e insensato.
A Terra é um condomínio de países. Cada um deles precisa ter o sentimento de sua relação com o resto do mundo, especialmente nos tempos em que
- a tecnologia disponível permite ao menor país desarticular o equilíbrio ecológico,
- ao explorar suas reservas de petróleo,
- destruir suas florestas,
- produzir bombas atômicas ou centrais nucleares.
O presidente Bolsonaro
- comete grave erro diplomático
- e pecado humanista
- ao apontar para o presidente francês e para a chanceler alemã e lembrar que desde os romanos a Europa queima suas florestas
- e que, por isso, eles não têm autoridade para nos criticar quando nós queimamos a nossa Amazônia.
- desafiar Macron e Merkel a reflorestarem o mundo;
- propor uma disputa para ver que país reflorestaria mais do que nós brasileiros;
- uma disputa humanista no lugar do holocausto verde
- que o general e o presidente parecem querer cometer em nome de um nacionalismo suicida.
- a enfrentar Trump e Putin, que vão explorar petróleo no Polo Norte,
- e enfrentar o governo japonês que autorizou a caça às baleias;
- ao Macron desafiar que defina um prazo para desligar todas suas centrais nucleares, tal qual a Alemanha e a Itália fizeram;
- nos comprometermos a uma política indigenista humanista
- e desafiar a Europa a respeitar os imigrantes.
A Amazônia é nossa,
- mas nós, brasileiros, temos a obrigação de entendermos que somos também humanos e humanistas, nacionalistas e inteligentes,
- e, portanto, devemos cuidar bem de nossas florestas,
- porque elas existem há mais tempo do que o Brasil
- e porque o mundo, do qual somos parte, precisa delas para sempre.
* Ex-Reitor e Professor Emérito da Universidade de Brasília
Fonte: http://www.padrescasados.org/archives/82136/a-li%c2%adcao-do-tiao-sal%c2%adga%c2%addo/#more-82136 17/07/2019
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