EU? - Whindersson Nunes assegura não ser viciado em smartphone, mas admite trabalhar em demasia (Antonio Milena/VEJA)
O drama do youtuber Whindersson Nunes, que teve um esgotamento, ilumina um problema atual: a saúde psíquica em tempo de internet
Nascido de um famoso comercial de televisão de biscoitos dos
anos 1980, o dilema do Tostines se resumia à seguinte e conhecidíssima
indagação: “Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende
mais?”. Transfira-se, com alguma liberdade de raciocínio, a indagação
para o mundo das redes sociais: por que tantos youtubers
têm ansiedade e depressão ou, ao avesso, por que tantos indivíduos que
sofrem de ansiedade e depressão se tornam youtubers? Não há uma resposta
definitiva, é impossível assegurar o que é causa, o que é efeito, mas
há algumas hipóteses. O sujeito que vive pendurado na web, falando de si
e de seu mundo à procura de curtidas e visualizações, acaba por entrar
numa angustiante roda-viva de querer e precisar de mais e mais, atalho
para desordens comportamentais. A pessoa deprimida no universo analógico
muitas vezes usa as janelas digitais para pedir socorro, para ter algum
contato, para sair do fundo do poço psicológico.
Como a dúvida sempre permanecerá, um bom modo de tentar
desenhar a depressão na era da internet é entender o que se passa na
cabeça dos grandes campeões de cliques — e poucos personagens são mais
adequados a essa investigação do que o piauiense Whindersson Nunes, ex-ajudante de garçom que, em 2013, pousou no YouTube
para compartilhar gravações engraçadas feitas dentro do próprio quarto
e, debochado, virou fenômeno. Seu canal, que registra 36 milhões de
inscritos e 2,9 bilhões de acessos, está entre os maiores do Brasil. Ele
chegou a fazer vinte shows por mês, tem programa no Multishow, virou
estrela de cinema — e alcançou faturamento anual de pelo menos 35
milhões de reais.
É um superstar de nosso tempo, incapaz de ser enquadrado em qualquer
um dos escaninhos do passado (não é propriamente um humorista, não é
exatamente um ator). Cresceu tanto, mas tanto, que explodiu — teve o que
no universo empresarial é chamado de burnout, a palavra em inglês que
designa o esgotamento profissional de caráter psíquico. Comoveu seus fãs
ao admitir a depressão em uma de suas postagens, e depois se recolheu.
Falou muito pouco ou quase nada do assunto. A VEJA, ele revelou com
exclusividade o que de fato aconteceu (leia a entrevista).
“Será que eu fiquei famoso para morrer como os artistas que partem aos
20 e tantos anos?”, indaga Whindersson. Ele assegura não ser viciado em
smartphone — “Fico numa boa” —, mas essa é uma postura improvável, uma
contradição em termos, para quem vive de se expor — o que no YouTube
significa estar quase sempre plugado, 24 horas por dia. Outros nomes de
peso desse time, como Felipe Neto (33 milhões de fãs no YouTube e 9 milhões no Twitter) e Kéfera Buchmann
(11 milhões de inscritos em seu canal no YouTube), já revelaram ter
perdido o prumo. Ele admitiu medicar-se diariamente, com
acompanhamento psicológico. Ela disse, em vídeo, e não poderia ser de
outra maneira: “Se você sofre de depressão (…) tenho uma coisa para te
falar. Não pense no suicídio como uma opção (…) você não quer acabar com
sua vida, quer que a dor pare (…) depressão é uma doença muito séria.
Não é doença de rico, de quem não tem nada para fazer da vida, ou coisa
de desocupado”.
Afinal de contas, os problemas de Whindersson, Felipe e Kéfera, e de
tantos outros youtubers, no Brasil e no mundo, são o retrato de uma nova
modalidade de disfunção, que poderia ser chamada de depressão digital?
E, se ela realmente existe, no que difere da depressão desplugada, do
tempo de nossos pais? Ressalve-se, como premissa, que, do ponto de vista
dos sintomas, a depressão dos tempos atuais e a de antes, quando não
havia o smartphone, são semelhantes. Contudo, a influência das
novíssimas tecnologias soa incontestável. “Ninguém está reinventando a
depressão, mas a utilização excessiva das redes sociais e smartphones
pode estar na base dos gatilhos depressivos”, diz o psicólogo Cristiano
Nabuco, coordenador do grupo de dependências tecnológicas do Instituto
de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. “Ou seja, a internet acaba
alavancando uma eventual predisposição genética que o indivíduo já
carrega e que, sem esse uso exagerado, talvez não apresentasse.”
A depressão é um transtorno de múltiplos fatores e se caracteriza por
tristeza profunda e forte sentimento de desesperança. Suas origens
biológicas e suas causas ainda não foram totalmente desvendadas pela
ciência. Fatores genéticos, ambientais e psicológicos a tornam ainda
mais desafiadora. A história familiar também é decisiva — alguém cujo
pai ou mãe seja vítima do problema tem um risco 40% maior de desenvolver
depressão. Pelo menos três dezenas de genes já foram identificados como
uma chave de risco para a aguda aflição.
As pessoas propensas à depressão demonstram pouca habilidade para
regular as emoções, têm resiliência frágil e, invariavelmente, tendem a
levar a autoestima à lona — nesse aspecto, as redes sociais são o
ambiente propício para embaralhar a saúde mental. O uso à noite, na hora
de dormir, prejudica o sono; as notificações incessantes afetam a
concentração; os likes (e que sorte não haver dislikes)
aceleram a montanha-russa emocional; e a busca pela selfie perfeita
termina como uma desnecessária briga de egos. Além disso, o ambiente
virtual é habitado pelos haters, que adoram odiar, escrevem e
falam o que pensam, atacam a vida dos outros sem medo de repercussões,
incentivando o cyberbullying. Enfim, a vida digital mudou completamente a
forma como as pessoas se comunicam, interagem e trabalham. Estudos
recentes mostram que elas checam seu celular oitenta vezes por dia. Os
brasileiros são os mais assíduos. Passam mais de nove horas diárias
ligadíssimos, período inferior apenas ao dos filipinos e bem superior à
média global, de pouco mais de seis horas no ar. O limite, considerado
saudável, dentro do equilíbrio, é restrito a três horas diárias.
Do ponto de vista científico, as respostas sobre a influência que o
uso massivo das redes sociais tem na saúde mental são embrionárias, mas
interessantes demais para ser negligenciadas. Embora os smartphones
tenham se popularizado já há uma década, com o lançamento do iPhone, a
base de dados dos pesquisadores ainda está em construção. Um estudo
publicado no início deste ano pela Universidade College London, do Reino
Unido, mostrou que as meninas são duas vezes mais propensas a ter
depressão devido ao uso das redes sociais do que os meninos. O
levantamento analisou as associações entre redes sociais e sintomas
depressivos em cerca de 11 000 jovens britânicos. Para a pesquisa, todos
os participantes responderam a um questionário com informações sobre o
tempo diário de uso de internet, a frequência de assédios on-line, os
padrões de sono e impressões sobre a autoestima. Algumas conclusões: 25%
das meninas apresentaram sinais clínicos de depressão; entre os
meninos, a taxa foi de 11%. Outro levantamento, também do Reino Unido,
avaliou quanto as principais redes (YouTube, Instagram, Twitter e
Snapchat) influenciavam os jovens entre 14 e 24 anos. O canal mais
nocivo, de acordo com o estudo, seria o Instagram. A necessidade, ou
melhor, a imposição de fotos bem posadas e tratadas com filtros impacta a
autoimagem e multiplica um medo recentíssimo, com direito a sigla —
FOMO, que significa fear of missing out, ou medo de ficar de fora (veja o quadro).
O uso excessivo da internet é especialmente preocupante na
adolescência, período em que o cérebro é mais vulnerável ao surgimento
de doenças mentais. “As redes amplificam algumas fraquezas comuns entre
os adolescentes — a busca por ser valorizado, a aprovação pelos grupos, a
apreensão com as aparências”, diz Guilherme Polancyzk, psiquiatra de
crianças e adolescentes da Universidade de São Paulo. “Essa transição
para a vida adulta pode tornar-se mais difícil.” É tão preocupante o
risco de o admirável mundo novo produzir uma geração doente,
psiquicamente desguarnecida, que as grandes empresas de tecnologia
começam a se mexer, criando mecanismos de freio. Recentemente, o
Instagram anunciou um recurso para tentar ajudar usuários com
transtornos de ansiedade e depressão. Se alguém fizer uma busca por
hashtags associadas a essas condições, receberá rapidamente uma mensagem
com sugestões de cuidados. E mais: o Instagram chegou a cogitar uma
experiência radical, ao testar o fim da contagem de curtidas. A
tentativa é reduzir a ansiedade pelos likes. Mas a pressão é
permanente, talvez seja inescapável, e continuará a acelerar, na
velocidade das redes, explosões como a de Whindersson Nunes.
Você é a pessoa que tem o maior número de seguidores
do Brasil, com 36 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, e é
considerado o humorista mais engraçado da geração digital. Como é fazer
milhões cair na gargalhada enquanto enfrentava a depressão? Nunca
vi uma ligação entre a doença e ser engraçado. Na verdade, sempre fui
feliz. Mas muitas coisas aconteceram na minha vida, como eu ser novo e
ter muita responsabilidade. Também há um choque de cultura. Sou do
interior do Piauí, a minha vivência era outra. As pessoas que me
rodeavam eram outras. Hoje é tudo diferente.
Você sofreu alguma crise de pânico? Chegaram a publicar que foi preciso chamar uma ambulância do serviço de saúde pública para me salvar, mas não é verdade. Eu tive, sim, uma crise dentro de casa. Estava sozinho e me vi agoniado, não sabia o que era.
Foi quando você escreveu no Twitter: “Eu vivo rodeado de abutres, urubus, cada um querendo a sua fatia do bolo”, no dia 12 de abril? Sim. Na verdade, aquele foi meu estopim. Eu não sabia o que estava acontecendo. Fiquei refletindo a tarde toda, quando vi era noite e eu estava olhando para as paredes. Não sou essa pessoa que fica assim. Sempre estou fazendo esporte, vendo um filme. Mas me percebi enclausurado e saquei: “Tenho um problema”.
E o que você fez? Fui à terapia para identificar que era algo psicológico, para entender o sentimento que me deixava preocupado. Faço terapia três vezes por semana desde então.
A presença permanente nas redes sociais potencializou a depressão? Para dizer a verdade, sou zero viciado em celular, fico de boa em casa. Não tenho raiva dos haters nem me preocupo com eles. Meu trabalho é fazer com que a maioria goste de mim.
Embora você diga que não é viciado em smartphone, precisa estar conectado, postando quase o tempo todo. Essa pressão constante não pode ter alimentado a depressão? Talvez sim, mas o ponto é que trabalho demais. Não me sinto especial por ser um cara que nasceu pobre e me tornei o que me tornei, mas, sim, especial por fazer o meu humor. Por outro lado, eu era um cara que não tinha nada, daí passei a poder comprar tudo e não ter como usar, aproveitar. Por exemplo, sempre gostei de instrumentos musicais. Comprei uma guitarra, mas não havia tempo livre para tocar. Combinava de receber um amigo, mas, quando ele chegava, já era hora de dar uma entrevista, e então não podia dispensar a devida atenção a ele. Quero continuar fazendo shows? Sim, mas preciso organizar meu tempo. Eu saía do Acre, viajava para Santa Catarina e depois voltava a Manaus. Nada de parar em casa. Quero ter uma agenda organizada. Fazia mais de vinte shows por mês, agora quero respeitar o meu limite.
Além da terapia, o que você tem feito? Ficado em casa, brincado com meus cachorros, tocado guitarra, piano, violão. Também tomo remédio prescrito pela médica.
Teve algum medo? Sempre me perguntava: “Será que fiquei famoso para morrer como os artistas que partem aos 20 e tantos anos?”. Entrei na bad, achando que tudo poderia resultar em um fim trágico. Cada vez mais eu ficava com medo de que acontecesse uma tragédia, de o avião cair, de não concluir as coisas, meus planos.
Por que expôs sua doença? Muita gente me relatou ter ficado feliz após escutar uma piada minha, que eu levo alegria em momentos tristes. Então achei justo dividir quando era a minha vez de pedir ajuda. Recebi muita oração e carinho, foi gratificante.
O senhor mudou a forma de fazer piada? Sim, em vários pontos. Nos vídeos do meu canal, era normal aquele negócio de chamar um cara de ‘viadinho’. Hoje, não falo mais. Também lembro de falar ‘gordinho’ para se referir a um rapaz. Todo mundo caminha para ser uma pessoa melhor, se libertar. Esse é o meu caso. Eu era evangélico, então não tinha música que não fosse evangélica em meu celular, as chamadas mundanas. Hoje, escuto toda música sem isso ter problema com a minha fé. Sou cristão.
Onde o senhor investe o seu dinheiro? Cara, sou o rico mais pobre que tem (risos). Eu dou muito dinheiro. A galera acha que eu tenho um prédio na Avenida Paulista (Nunes investe em imóveis, em fazenda, em cavalos…).
Ao decidir sair de cena por três meses para tratar a depressão, o senhor disse “não” para dinheiro. Como foi essa decisão? Não era uma decisão, eu tinha de cuidar de mim. A maioria dos anunciantes interrompeu as campanhas em andamento, não podia esperar o dia em que eu fosse ficar bem. Mas teve empresa que topou ficar comigo. Não ligo para dinheiro, tanto que não faço eventos corporativos. Além de ser outra galera como público, tem aquele negócio de falar que ama a empresa que eu nem conheço. Se tenho uma relação com o dono da empresa, aí é outra pegada. Também não faço nada associado a política.
Valeu a pena tirar esses meses sabáticos? Eu não tenho problema em falar da questão de saúde, sou resolvido sobre isso. Há pessoas que têm depressão e não sabem. Não podemos ligar para comentários que condenam aquele que sorri, pois seria a prova de que não teria depressão. Tem gente que queria ver a gente morrendo para falar: “Verdade, o cara tem depressão”. Por outro lado, não é porque o cara sorriu ou saiu de casa que precisa interromper a terapia. É preciso encarar o problema como algo real. O corpo manifesta o que o cérebro está sentindo, sente febre, dor. Eu tive até um problema no “furico” (um abscesso na nádega). As pessoas precisam entender que é fundamental pedir ajuda. Quem tem dor de dente vai fazer canal, quem sofre do coração coloca um marca-passo, se for preciso. Temos de tratar as doenças da cabeça da mesma forma: elas também são urgentes.
Qual é o seu maior sonho? Ter um cachorro do meu tamanho. É sério.
Sua agenda para o segundo semestre está cheia? Tem muita coisa legal. Vou estrear o YouTube Premium no Brasil com uma série de oito episódios gravados em minha turnê mundial. No Netflix, vai estrear um show gravado no Ceará para 22 000 pessoas. Também tem a estreia da segunda temporada de Os Roni, no Multishow, e do filme Os Parças 2.
Whindersson Nunes fala sobre sua depressão: ‘Me senti enclausurado’
Choro, crise de pânico e medo de o avião cair: como o youtuber mais popular do Brasil enfrentou a doença
Você sofreu alguma crise de pânico? Chegaram a publicar que foi preciso chamar uma ambulância do serviço de saúde pública para me salvar, mas não é verdade. Eu tive, sim, uma crise dentro de casa. Estava sozinho e me vi agoniado, não sabia o que era.
Foi quando você escreveu no Twitter: “Eu vivo rodeado de abutres, urubus, cada um querendo a sua fatia do bolo”, no dia 12 de abril? Sim. Na verdade, aquele foi meu estopim. Eu não sabia o que estava acontecendo. Fiquei refletindo a tarde toda, quando vi era noite e eu estava olhando para as paredes. Não sou essa pessoa que fica assim. Sempre estou fazendo esporte, vendo um filme. Mas me percebi enclausurado e saquei: “Tenho um problema”.
E o que você fez? Fui à terapia para identificar que era algo psicológico, para entender o sentimento que me deixava preocupado. Faço terapia três vezes por semana desde então.
A presença permanente nas redes sociais potencializou a depressão? Para dizer a verdade, sou zero viciado em celular, fico de boa em casa. Não tenho raiva dos haters nem me preocupo com eles. Meu trabalho é fazer com que a maioria goste de mim.
Embora você diga que não é viciado em smartphone, precisa estar conectado, postando quase o tempo todo. Essa pressão constante não pode ter alimentado a depressão? Talvez sim, mas o ponto é que trabalho demais. Não me sinto especial por ser um cara que nasceu pobre e me tornei o que me tornei, mas, sim, especial por fazer o meu humor. Por outro lado, eu era um cara que não tinha nada, daí passei a poder comprar tudo e não ter como usar, aproveitar. Por exemplo, sempre gostei de instrumentos musicais. Comprei uma guitarra, mas não havia tempo livre para tocar. Combinava de receber um amigo, mas, quando ele chegava, já era hora de dar uma entrevista, e então não podia dispensar a devida atenção a ele. Quero continuar fazendo shows? Sim, mas preciso organizar meu tempo. Eu saía do Acre, viajava para Santa Catarina e depois voltava a Manaus. Nada de parar em casa. Quero ter uma agenda organizada. Fazia mais de vinte shows por mês, agora quero respeitar o meu limite.
Além da terapia, o que você tem feito? Ficado em casa, brincado com meus cachorros, tocado guitarra, piano, violão. Também tomo remédio prescrito pela médica.
Teve algum medo? Sempre me perguntava: “Será que fiquei famoso para morrer como os artistas que partem aos 20 e tantos anos?”. Entrei na bad, achando que tudo poderia resultar em um fim trágico. Cada vez mais eu ficava com medo de que acontecesse uma tragédia, de o avião cair, de não concluir as coisas, meus planos.
Por que expôs sua doença? Muita gente me relatou ter ficado feliz após escutar uma piada minha, que eu levo alegria em momentos tristes. Então achei justo dividir quando era a minha vez de pedir ajuda. Recebi muita oração e carinho, foi gratificante.
O senhor mudou a forma de fazer piada? Sim, em vários pontos. Nos vídeos do meu canal, era normal aquele negócio de chamar um cara de ‘viadinho’. Hoje, não falo mais. Também lembro de falar ‘gordinho’ para se referir a um rapaz. Todo mundo caminha para ser uma pessoa melhor, se libertar. Esse é o meu caso. Eu era evangélico, então não tinha música que não fosse evangélica em meu celular, as chamadas mundanas. Hoje, escuto toda música sem isso ter problema com a minha fé. Sou cristão.
Onde o senhor investe o seu dinheiro? Cara, sou o rico mais pobre que tem (risos). Eu dou muito dinheiro. A galera acha que eu tenho um prédio na Avenida Paulista (Nunes investe em imóveis, em fazenda, em cavalos…).
Ao decidir sair de cena por três meses para tratar a depressão, o senhor disse “não” para dinheiro. Como foi essa decisão? Não era uma decisão, eu tinha de cuidar de mim. A maioria dos anunciantes interrompeu as campanhas em andamento, não podia esperar o dia em que eu fosse ficar bem. Mas teve empresa que topou ficar comigo. Não ligo para dinheiro, tanto que não faço eventos corporativos. Além de ser outra galera como público, tem aquele negócio de falar que ama a empresa que eu nem conheço. Se tenho uma relação com o dono da empresa, aí é outra pegada. Também não faço nada associado a política.
Valeu a pena tirar esses meses sabáticos? Eu não tenho problema em falar da questão de saúde, sou resolvido sobre isso. Há pessoas que têm depressão e não sabem. Não podemos ligar para comentários que condenam aquele que sorri, pois seria a prova de que não teria depressão. Tem gente que queria ver a gente morrendo para falar: “Verdade, o cara tem depressão”. Por outro lado, não é porque o cara sorriu ou saiu de casa que precisa interromper a terapia. É preciso encarar o problema como algo real. O corpo manifesta o que o cérebro está sentindo, sente febre, dor. Eu tive até um problema no “furico” (um abscesso na nádega). As pessoas precisam entender que é fundamental pedir ajuda. Quem tem dor de dente vai fazer canal, quem sofre do coração coloca um marca-passo, se for preciso. Temos de tratar as doenças da cabeça da mesma forma: elas também são urgentes.
Qual é o seu maior sonho? Ter um cachorro do meu tamanho. É sério.
Sua agenda para o segundo semestre está cheia? Tem muita coisa legal. Vou estrear o YouTube Premium no Brasil com uma série de oito episódios gravados em minha turnê mundial. No Netflix, vai estrear um show gravado no Ceará para 22 000 pessoas. Também tem a estreia da segunda temporada de Os Roni, no Multishow, e do filme Os Parças 2.
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Publicado em VEJA de 17 de julho de 2019, edição nº 2643
Fonte: https://veja.abril.com.br/saude/depressao-digital-aonde-pode-chegar-o-exagero-da-presenca-nas-redes/ 12 jul 2019, 11h57 - Publicado em 12 jul 2019
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