Vidas pelas vidas, vidas ceifadas, matadas, esquartejadas, incineradas, enterradas no lodo da mata encharcada.
Vidas arrancadas por mãos assassinas, por gente perversa, não eram pescadores os algozes, mas matadores a mando de covardes protegidos em mandatos políticos, nos gabinetes e palácios governados por tiranos.
Vidas pelas vidas indígenas, dos povos livres, das comunidades ribeirinhas engajadas na preservação do ambiente contra o garimpo, a depredação e exploração desmedida.
Vidas pelas vidas na ausência de fiscalização estatal, dispensada e desmantelada pelo cinismo governamental, facilitador e avalizador dos crimes, das ameaças, das torturas, da mais vil brutalidade.
Vidas pelas vidas dos que ficam, daquelas e daqueles que os amam, admiram, que sentirão falta do sorriso e das lágrimas, do abraço e do beijo, da militância comprometida com o bem viver.
Vidas pelas vidas indígenas que ainda terão outras dores, lamentos, tragédias e tristezas, porque os perversos permanecem ativos, vomitando ira e sedentos pelo sangue e destruição.
Vidas pelas vidas daqueles que já se foram, os ancestrais, as espiritualidades, os encantos da natureza que agora os têm na harmonia definitiva, os acolhem com o devido e máximo respeito.
Vidas pelas vidas, que esse sacrifício não seja em vão.
Porto Alegre, 16 de junho de 2022.
* Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI Sul. Formado em Filosofia e Direito.,
Fonte: https://desacato.info/bruno-e-dom/#more-291056 16/06/2020
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