Rossandro Klinjey*
Além de diversão e entretenimento, a internet na pandemia se tornou espaço para as aulas, para os filhos, e mais trabalho para os pais.
Com toda essa tecnologia à disposição, teríamos de deixar de viver apenas para monitorar os filhos. Além disso, existe uma imensa lacuna digital entre os pais e seus filhos que aumenta a cada geração. São comuns os casos de pais que não estão monitorando os comportamentos online de seus filhos. Muitos pais afirmam não terem tempo nem disposição para esse monitoramento, enquanto outros se sentem impotentes por perceberem que seus filhos têm domínio muito maior das tecnologias.
Um exemplo bem prático. Você desconecta o Wi‑Fi de sua casa, mas seu filho “hackeia” o sinal do vizinho e acessa a internet bem tranquilo no quarto. Foi baseado em história como essa que a pesquisa também constatou outra questão - muitos pais superestimam o que eles sabem sobre a internet, quando na verdade eles não têm a mínima ideia do que seus filhos estão realmente fazendo.
Como você não pode ser um Big Brother na vida dos seus filhos, vigiando-os 24 horas, o que seria um desastre na vida de ambos, é necessário criar alguns critérios que possam indicar quando e como aumentar ou diminuir essa vigilância. Dois critérios são bem simples: a idade dos filhos e o grau de suspeita que você tem do comportamento deles. O ideal é começar cedo, quando são crianças, pois quanto mais velhos ficam e passam a dominar as tecnologias, mais improdutivo fica o monitoramento. Educá‑las e capacitá‑las continua sendo a melhor prevenção, pois assim, o seu filho poderá ajudar a si mesmo. Numa frase: a vigilância não substitui a educação com valores.
Todos os modelos que a criança observa oferecem um repertório de comportamentos que servem de exemplos para ela posteriormente imitar. Mas, a criança não fica na simples imitação. Se seu filho imita um vídeo do YouTube, imagine o quanto ele imita você?
Para que ocorra essa imitação, e posterior interiorização do comportamento, a criança precisa, sobretudo, respeitar e admirar aquele ou aquela a quem ela observa. E se isso é uma regra para todos os modelos, ela é ainda mais forte no caso dos pais, ou seja, respeitar e admirar os pais é uma condição, sem a qual a criança não irá inte rnalizar os valores da família em seu comportamento.
Moderação e respeito são ótimos, mas saiba dosar bem: enquanto você está sendo cauteloso demais, respeitando totalmente a privacidade de seu filho e bancando o politicamente correto, do outro lado da tela do computador ou do smartphone o mesmo não acontece.
* Psicólogo, professor visitante da Fundação Dom Cabral, consultor em educação e desenvolvimento humano.
*Texto adaptado do livro Help! Me eduque, Rossandro Klinjey, Editora LetraMais, 2017.
Fonte: https://educa21.com.br/blog/38?utm_campaign=p9_email_mkt__junho__03_-_1706&utm_medium=email&utm_source=RD%20Station
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