Estive no encontro do pessoal da cultura com Lula. Como se diz, “todo mundo” da cultura estava lá, no hotel Plaza São Rafael, do carnaval ao hip hop, da literatura ao teatro, das artes plásticas ao cinema, do Luís Augusto Fischer ao José Falero de camiseta do Atlético-MG.
O evento bombou e repercutiu. Basta dizer que, no palco, o cineasta Jorge Furtado emocionou-se ao falar dos massacres de negros no Brasil. O premiado escritor Jeferson Tenório, ganhador do Jabuti, lembrou que foi o primeiro negro a se formar na UFRGS como cotista. Repórter e ex-mestrando em antropologia, sociólogo, historiador e escritor, eu estava com todas as antenas ligadas para compreender Lula em cena, ao lado Geraldo Alckmin, acompanhado por Dilma Rousseff, Tarso Genro, Olívio Dutra, a velha guarda do PT gaúcho, Manuela D’Ávila e convidados como a cantora Glau Barros. Claro que não poderia faltar a Janja, esposa do candidato, descontraída e feliz.
E Lula falou, brincou, mostrou-se em plena forma. O cara acorda antes das seis da manhã todo dia para fazer ginástica. Eu, que sou simples mortal, não saio da cama antes da sete. Ou das oito. Segundo ele mesmo, nunca esteve com tanto tesão como nesta disputa eleitoral. Eu poderia fazer uma tese sobre a conexão entre Lula e o público presente, destacando o seu carisma, a sua desenvoltura, aquela coisa de parecer em casa, um peixe na água na hora de discursar e seduzir. As imagens disponíveis nas redes me dispensam desse exercício, que poderia dar um ensaio sobre o chamado “animal político” em ação.
Lula prometeu dar novamente status de ministério à Cultura, valorizar os artistas e criar comitês culturais em cada Estado.
Na política, pediu que haja união no Rio Grande do Sul para ter uma chapa competitiva ao governo do Estado e ao Senado. Falou isso olhando para Manuela d’Ávila e Paulo Pimenta, presidente do PT gaúcho.
Não será nada fácil. A resistência, por exemplo, a apoiar Beto Albuquerque como cabeça de chapa não é novidade para ninguém. O PSB nem apareceu nos eventos de Lula em Porto Alegre. Beto não abre mão de ser candidato a governador por entender que tem mais potencial eleitoral no interior do Rio Grande do Sul. Edegar Pretto também está firme na sua posição de pré-candidato. Lula precisa que o PT apoie o PSB por aqui, assim como no Espírito Santo, para ter apoio a Haddad em São Paulo. Não é troca garantida. Sem ela, porém, fica difícil que role.
Não faltou quem saísse com a seguinte impressão: Jorge Furtado tem tudo para ser ministro da Cultura. Por que não? Tem gabarito.
Para quem ainda possa acreditar que Lula não teria mais pegada para ser presidente, a notícia não é boa: o homem está voando.
Geraldo Alckmin parece muito à vontade com seus novos companheiros. Recebeu elogios e aplausos. Já faz parte do projeto.
Lula defendeu diversidade na mídia. Criticou a hegemonia midiática e artística de Rio de Janeiro e São Paulo.
É todo um programa.
Pobre de uma terceira via.
Dá para entender por que o capitão não quer debates.
O jogo parece jogado. Será entre Lula e Bolsonaro.
Pelas pesquisas, Lula está com uma mão na taça.
*Jornalista. Escritor. Prof. Universitário
Fonte: https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/colunistas-matinal/juremir-machado/juremir-encontro-cultura-com-lula-porto-alegre-rs/
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