MIRIAN GOLDENBERG*
Falta de compreensão e de escuta carinhosa
parecem explicar boa parte da infelicidade
nas relações amorosas
Homens querem compreensão, carinho, cuidado.
Um engenheiro, de 59 anos, diz: "Minha mulher vive dizendo que sou imaturo, que quero uma mãe, não uma mulher. As amigas dela dizem a mesma coisa de todos os homens. O engraçado é que nunca ouvi um só homem dizer que quer uma mãe.
E elas nunca perguntaram para mim o que eu quero. Elas mesmas decidiram: homens querem mãe. Ponto final!".
Ele continua: "Elas dizem que não gostamos de discutir a relação. Mas como dá para discutir se elas já nos rotularam como bebês carentes? Elas se sentem superiores e acham que podem dizer o que é certo e errado em termos de de maturidade, de afeto".
Eles dizem que querem uma mulher que os amem exatamente como são. Não alguém que critique o tempo todo e queira mudar tudo neles: da roupa que usam até as brincadeiras e piadas que gostam de fazer com os amigos. Perguntam: por que elas não aceitam que os homens são diferentes? Por que se acham melhores do que nós?
Mulheres querem reconhecimento, escuta, intimidade, visibilidade, sentirem-se únicas, inesquecíveis.
Uma professora, de 55 anos, diz: "Eu quero me sentir especial, ser escutada com atenção, ser amada mesmo gordinha, com rugas e celulite. Quero sentir que sou a mulher mais gostosa do mundo para o meu marido".
E acrescenta: "Quero que, para ele, e só para ele, eu seja a única mulher do mundo, que ele não se interesse por mais ninguém. Morro de inveja de mulheres que não trabalham e às quais o marido dá um cartão de crédito sem limite. Quer maior prova de amor? Mulheres que não são jovens ou bonitas, mas são tratadas como princesas".
Elas dizem que sentem falta de que eles as admirem, desejem, respeitem e valorizem. Sentem-se invisíveis ou ignoradas no meio de mulheres que eles consideram mais interessantes, desejáveis ou "leves". Querem ser a mulher mais importante na vida deles. E ainda perguntam: "É querer muito?"
Homens e mulheres estão extremamente infelizes em suas relações amorosas. Mas não querem ficar sozinhos. São reincidentes: casam, separam, casam de novo, separam de novo...
A falta de compreensão e de escuta parece explicar grande parte das insatisfações masculinas e femininas.
Parece tão simples, mas que tal perguntar para o outro o que ele realmente quer? E ouvir com atenção e carinho a resposta, sem julgar, rotular e condenar?
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* MIRIAN GOLDENBERG, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "Toda Mulher é Meio Leila Diniz" (Ed. BestBolso)
Fonte: Folha on line, 17/01/2012
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