O Conselho Pontifício da Cultura e
a arquidiocese de Roma organizaram
este sábado na capital italiana o colóquio
“Pela via da beleza para uma nova evangelização”,
primeira iniciativa do projeto
“Uma porta para o infinito.
O homem e o absoluto na arte”.
O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, o arcebispo italiano Salvatore Fisichella, sublinhou que «a beleza é a estrada privilegiada para a evangelização».
«Não esqueçamos que o cristianismo, desde o começo, teve com a arte uma estrada que lhe permitiu mostrar a coerência do mistério», disse o responsável, citado pela Rádio Vaticano.
«O cristianismo – prosseguiu – apresenta o mistério de um Deus que se faz homem, e a beleza, através das diversas expressões de arte, tem a capacidade de o manifestar.»
«Manifesta-o na beleza das nossas catedrais e igrejas, manifestou-o com a linguagem da poesia e da literatura, com a música, e continua a manifestá-lo com a beleza da liturgia», acentuou.
Depois de realçar que a Igreja «deve muito aos artistas, aos do passado e aos que virão», o arcebispo citou São Paulino de Nola, que em 406 dizia: «Para mim a única arte é a fé e Cristo a minha poesia».
O prelado lançou um apelo aos jovens para que experimentem novas linguagens que se confrontem com a pessoa e missão de Cristo.
«Penso que devemos alimentar o desejo de beleza, que está também presente nas gerações jovens», observou o arcebispo, que pretende estender o olhar da juventude para além do transitório.
«Parece-me que alimentar este desejo equivale também a exercitar e refinar sempre mais o gosto pela beleza nas suas diversas manifestações, não a limitando ao que diversos aspetos da cultura contemporânea exprimem numa beleza efémera, que é de hoje mas que amanhã desaparece. Precisamos de exprimir a continuidade da beleza o melhor possível », observou.
O arquiteto Paolo Portoghesi afirmou que a reevangelização precisa «de uma arte que saiba distinguir entre beleza autêntica e ilusória, uma arte da qual se começam a ver sintomas encorajadores mas que ainda não conseguiu afirmar-me e que se move com timidez face ao coro de uma crítica monocórdica» que privilegia o mercado e a «autocelebração».
É necessário «distinguir entre uma “autêntica” beleza» que «atrai para o alto» e uma «beleza ilusória» que «aprisiona»: enquanto a primeira é «essencial» para a nova evangelização, a segunda é a «antítese» porque está na base da secularização, do niilismo do eclipse do divino» na sociedade.
Este discurso, acrescentou, aplica-se igualmente à arte contemporânea, «que já não tem como objetivo central a beleza mas a estética e em muitos casos elogia a negação da beleza como uma dimensão do “espírito do tempo”».
O ciclo de encontros prossegue a 18 de fevereiro com o tema “Em diálogo: fé e arte figurativa”, revela o blogue do Projeto Cultural da Conferência Episcopal Italiana. A sessão realiza-se por ocasião da memória litúrgica do beato Angelico, patrono dos artistas.
A 6 de maio debate-se “Fé e cinema”, com a participação do padre do Jean-Marie Laurent Mazas, diretor do “Pátio dos Gentios”, estrutura do Conselho Pontifício da Cultura para o diálogo com os não crentes.
O presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, integra o painel de convidados do colóquio de 4 de junho, dedicado ao diálogo entre fé e música.
A iniciativa termina em outubro com uma sessão sobre “Beleza e cinema”.
O programa do projeto “Uma porta para o infinito” prevê ainda a realização de concertos, instalações e representações teatrais, num percurso cultural que nas palavras do vigário geral de Roma, cardeal Agostino Vallini, «convocará toda a comunidade cristã, favorecerá o encontro com os não crentes e comunicará a alegria do acolhimento do Evangelho».
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Imagens: Museus do Vaticano
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