sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

“Tenho firme crença no Brasil”

ENTREVISTA
Ben Verwaayen diretor-executivo da Alcatel-Lucent e membro da diretoria do Fórum Econômico MundialUm dia depois de ser um dos responsáveis por colocar o Brasil sob os holofotes do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), o holandês Ben Verwaayen reiterou seu interesse no país. Em meio ao burburinho dos corredores e à concentração das salas de conferências do encontro nos Alpes, reservou um momento para responder a perguntas feitas por Zero Hora por e-mail. Da sede em Paris, o executivo comanda os negócios da multinacional Alcatel-Lucent, empresa que atua nas áreas de telefonia fixa, móvel, fibra óptica, aplicações e serviços. Formado em MBA na área de Direito e Política Internacional pela Universidade de Utrecht, da Holanda, Cavaleiro do Império Britânico e da Legião de Honra francesa, Verwaayen personifica o cidadão europeu, mas está convencido de que a mudança no balanço entre países desenvolvidos e emergentes é definitiva. Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Zero Hora – O senhor realmente vê um “oceano de oportunidades” no Brasil? Por quê?
Ben Verwaayen – Sim. Basta observar o crescimento da população jovem e como é altamente capacitada tecnologicamente, o número de grandes eventos no Brasil e determinados criadores de políticas públicas.

ZH – O senhor comentou que o mundo visto a partir do Brasil teria uma perspectiva diferente daquela enxergada pelas economias desenvolvidas. O que poderia ser visto de forma diferente a partir do Brasil e por quê?
Verwaayen – A América do Sul viveu muitas crises no passado e aprendeu a enfrentá-las com as próprias forças e, às vezes, com remédios muito duros. Os países superaram essas dificuldades e agora desenvolvem um grande número de novas iniciativas e abordagens criativas para envolver uma população jovem e instruída.

ZH – O que é o melhor e o pior no Brasil atualmente?
Verwaayen - O melhor: o grande otimismo e a crença no futuro. O pior: a tendência ao protecionismo.

ZH – Os brasileiros ainda são um pouco céticos sobre o futuro do país. Os estrangeiros são mais otimistas?
Verwaayen – Isso pode ser verdade porque podemos ver desenvolvimentos em um contexto diferente, mas tenho firme crença no Brasil como uma potência do futuro.

ZH – Há lições que o mundo pode aprender do Brasil? Quais?
Verwaayen – Sim. Uma é que não se deve julgar um livro pela capa. Quando o presidente Lula começou, o mundo pensava que sua gestão seria marcada por políticas antiempresariais. No fim, acabou se mostrando efetiva na criação de oportunidades.

ZH – Quais tipos de negócios são mais promissores no Brasil neste momento?
Verwaayen – Qualquer coisa que tenha a ver com Olimpíada ou futebol tem um grande futuro no Brasil!

ZH – Como a Alcatel-Lucent planeja assumir – se é que já não está – uma posição estratégica no “oceano de oportunidades” do Brasil?
Verwaayen – Não posso responder porque estamos em período de silêncio (que antecede a divulgação de balanço). Nós poderemos responder depois da divulgação dos resultados financeiros em 10 de fevereiro.

ZH – A mudança do foco econômico das nações desenvolvidas para as emergentes é temporária ou definitiva?
Verwaayen – É definitiva.

ZH – Quanto tempo o senhor passou no país e qual sua experiência mais marcante aqui?
Verwaayen – Estive no Brasil uma dúzia de vezes nos últimos 20 anos. Minha experiência mais marcante foi ver a seleção brasileira de futebol vencer!
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Reportagem por MARTA SFREDO

marta.sfredo@zerohora.com.br
Fonte: ZH on line, 27/01/2012

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