POR QUE RAZÃO, SEGUNDO O SENHOR, ESTE NOSSO TEMPO E A
NOSSA HUMANIDADE PRECISAM TANTO DE MISERICÓRDIA?
Porque é uma
humanidade ferida, uma humanidade que possui feridas profundas. Não sabe como
curá-las ou acredita que não é possível curá-las. E não são apenas as doenças
sociais e as pessoas feridas pela pobreza, pela exclusão social, pelas inúmeras
escravidões do terceiro milênio. Também o relativismo fere muitas pessoas: tudo
parece igual, tudo parece o mesmo. A humanidade precisa de misericórdia. Pio XII
há mais de meio século, disse que o drama da nossa época era termos perdido o
sentido do pecado, a consciência do pecado.
A isso se
acrescenta atualmente o problema de considerar o nosso mal, o nosso pecado, como
incurável, como algo que não pode ser curado e perdoado. Falta a experiência
concreta da misericórdia. A fragilidade dos tempos em que vivemos é também
está: acreditar que não existe a possibilidade de redenção, alguém que nos dá a
mão que nos levanta, um abraço que nos salva, perdoa, anima, que nos inunda de
um amor infinito, paciente, indulgente; que nos coloca de novo nos trilhos.
Precisamos de misericórdia.
Temos de nos perguntar por que tantas
pessoas, homens e mulheres, jovens e idosos de todas as classes sociais,
recorrem hoje a adivinhos e a cartomantes. O Cardeal Giacomo Biffi citava estas
palavras do escritor inglês Gilbert Keith Chesterton: “Quem não crê me Deus não
quer dizer que não acredita em nada, porque começa a acreditar em tudo”. Uma
vez ouvi uma pessoa dizer: “No tempo da minha avó bastava o confessor; hoje,
muitas pessoas vão aos cartomantes...” Hoje, procura-se a salvação em tudo que
é lugar.
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- Excerto do livro do Papa Francisco - O nome de Deus é misericórdia. Uma conversa
com Andrea Tornielli. Ed. Planeta, SP, 2016, pp. 37/38.
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