sábado, 7 de janeiro de 2012

A linguagem matemática e o vestibular

Carlos Alberto V. Heredia*

O ensino da matemática, independentemente da área a que hoje pertence, tem a obrigação de conduzir o aluno à criação de um olhar abstrato, com significados verdadeiramente capazes de levá-lo a perceber a real importância da matematização do cotidiano. Tudo passa por uma forte proposta de apropriação de conceitos básicos, privilegiando assuntos da aritmética, da álgebra, da geometria plana e da trigonometria. Isso basta, porque a partir daí tópicos um pouco mais delicados passam a ser vistos com simpatia. A intersecção desse conhecimento com os rituais diários e com os padrões da natureza indica um aprendizado pronto para ser aplicado no vestibular. Muitas questões das últimas provas da UFRGS e, principalmente do Enem, têm se caracterizado pela abordagem de tais conteú-dos. Não se sabe ainda o que vai acontecer na prova deste ano, mas imagino que cada escola tenha na sua agenda 2012 o item vestibular.
Creditado por uma longa experiência na arte de ensinar matemática e no prazer de ser professor, proponho algumas ideias.
Em relação aos vestibulandos, calma, tranquilidade e confiança; ninguém, exceto você, sabe como realmente está preparado. Mas pense positivo, pense nas coisas boas que foram feitas e, com toda a certeza, no aumento de suas informações obtidas durante a vida escolar. Comece a prova por aquilo que você sabe, acertando, o relaxamento vem ao natural.
No que concerne aos pais, procurem transmitir afeto e atenção aos filhos, não cobranças; permitam que eles façam aquilo que é próprio de cada um e não o que vocês querem que eles façam; “a mamãe vai ficar triste se não passares no vestibular”, já imaginaram?

"Em verdade, o axioma
“sem o gosto pela matemática
não é possível ensinar bem a matemática”
é incontornável."

A escola deve propor uma análise de resultados a partir de um trabalho estatístico cuja validação acontecerá no momento em que os dados são estudados e interpretados, de tal forma que implique mudanças comportamentais no plano de ação, embora ocorram variáveis de difícil avaliação ou mensuração. É importante ressaltar que o vestibular está mudado. Já não há mais a exploração apenas de formulismos, mas sim da interpretação, da criatividade, do relacionamento, da ordenação e da capacidade de raciocínio. E como estão os procedimentos didáticos? E a possibilidade da descoberta pelo aluno? E os recursos materiais?
A família e a escola formam uma parceria inevitável. Há componentes de aprendizagem cujos resultados satisfatórios só aparecerão se houver continuidade e se o aluno fizer a sua parte. Portanto, o acompanhamento familiar deve ser permanente. O educando precisa ser ajudado naquilo que faz e isso deve acontecer desde a educação infantil até o Ensino Superior. Convém refletirmos sobre os motivos que levam à aprovação ou à reprovação. Cliente-empresa não combina com aluno-escola.
Em verdade, o axioma “sem o gosto pela matemática não é possível ensinar bem a matemática” é incontornável. Mas não é menos verdade que para ser professor ou pedagogo, além de gostar, é preciso um conhecimento profissional que envolva aspectos diversos (conhecimento didático, conhecimento de currículo, conhecimento de processos de aprendizagem...) cujo somatório está diretamente ligado à competência do profissional.
René Descartes dizia que a única profissão eterna é a de professor, porque em qualquer momento, em qualquer lugar, haverá alguém que diga: “Certa vez eu tive um professor que...”.
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*Professor de matemática e mestre em Educação
Fonte: ZH on line, 07/01/2012
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