Por Amanda Graciano
Após a pandemia, os padrões de vida mudaram e isso deixou trabalhadores desmotivados e produzindo menos
Você já ouviu falar da epidemia da solidão? Com as mudanças nos padrões de vida — incluindo o aumento da urbanização e o declínio das estruturas familiares tradicionais — a solidão está emergindo como um desafio de saúde pública que transcende as fronteiras pessoais e já tem afetado significativamente o ambiente de trabalho.
Essa condição, caracterizada por uma desconexão perturbadora ou insuficiente com outros seres humanos, pode se manifestar por meio de sentimentos de isolamento, mesmo quando cercado por pessoas. A solidão não só aumenta o risco de numerosas condições físicas, como doenças cardíacas e diminuição da função imunológica, mas também está diretamente ligada a problemas de saúde mental como depressão e ansiedade.
Após a pandemia temos percebido cada vez mais os impactos da solidão no mercado de trabalho. Os impactos da solidão são vastos e variados. Trabalhadores que se sentem cronicamente solitários tendem a ter um desempenho inferior, apresentam maiores taxas de absenteísmo e são menos produtivos. Estudos estimam que a solidão pode custar bilhões às economias nacionais devido ao aumento dos custos de saúde e à perda de produtividade. Por exemplo, no Reino Unido, o custo anual da solidão para os empregadores é estimado em cerca de £ 2,5 bilhões (mais de R$ 162 bilhões) devido ao aumento do absenteísmo e à diminuição da produtividade.
Organizações em todo o mundo estão começando a reconhecer a necessidade de abordar a solidão como uma questão crítica no local de trabalho. Iniciativas como a criação de espaços de trabalho mais colaborativos e inclusivos, programas de bem-estar focados em saúde mental e atividades que promovem interações sociais significativas são passos que algumas empresas estão tomando para mitigar este problema. Por exemplo, o Google tem implementado programas que incentivam interações pessoais e apoio emocional, ajudando a criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e conectado.
Como aborda o estudo da U.S. Surgeon General’s Advisory a solidão é uma epidemia. E é importante que as lideranças empresariais entendam que embora a solidão não se origine no mercado de trabalho, ela certamente o impacta. A responsabilidade de abordar essa questão não se restringe apenas ao desenvolvimento de políticas internas, mas também ao apoio a iniciativas mais amplas que abordem as causas fundamentais da solidão.
Investir em comunidades mais integradas e em tecnologias que promovam conexões genuínas são passos essenciais para mitigar esse fenômeno. Dessa forma, as organizações não apenas melhorarão a saúde e o bem-estar de seus funcionários, mas também fortalecerão sua própria resiliência e capacidade de adaptação em um mundo cada vez mais complexo e interconectado.
* Conselheira do Pacto Global da ONU e lidera a operação de Corporate Venture Builder da Fisher Venture Builder. Escreve mensalmente às terças
Fonte: https://www.estadao.com.br/link/amanda-graciano/a-epidemia-da-solidao-esta-em-alta-e-ja-afeta-o-ambiente-de-trabalho/
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