RA - Rodrigo Janot: seu plano era entrar no
tribunal e se suicidar com a mesma arma usada para executar o ministro
(Cristiano Mariz/.)
Em entrevista, o ex-procurador-geral da República conta que, no ápice da Lava-Jato, foi armado ao STF para matar o ministro
No dia 11 daquele mês, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o chefe da operação em Brasília, foi a uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) decidido a executar o ministro Gilmar Mendes.
O plano dele era dar um tiro na cabeça do ministro e depois se matar. A
cerca de 2 metros de distância de Mendes, na sala reservada onde os
ministros se reúnem antes de iniciar os julgamentos no plenário, Janot
sacou uma pistola do coldre que estava escondido sob a beca e a
engatilhou.
Mesmo para quem conhece o temperamento mercurial de Rodrigo Janot é
difícil imaginá-lo praticando um ato de tamanha loucura. Naquele dia,
porém, ele estava transtornado. O procurador-geral e o ministro viviam
trocando alfinetadas em público. Gilmar Mendes era — e ainda é — um dos
mais ferrenhos críticos dos métodos utilizados pela força-tarefa da
Lava-Jato. As divergências chegaram a ponto de um se recusar a
pronunciar o nome do outro. O ministro se refere a Janot como bêbado e
irresponsável. O ex-procurador costuma chamar Mendes de perverso e
dissimulado. Em maio de 2017, o embate começou a entrar em ebulição
quando Janot pediu ao STF que impedisse Mendes de atuar em um processo
que envolvia o empresário Eike Batista. O procurador alegou que a esposa
do ministro, Guiomar Mendes, trabalhava no mesmo escritório de
advocacia que defendia Eike. Na sequência, foram publicadas notícias de
que a filha de Janot era advogada de empreiteiras envolvidas na
Lava-Jato — o que, por analogia, também colocaria o pai na condição de
suspeito. O procurador identificou Mendes como origem da informação — e,
nesse instante, decidiu matá-lo.
“Ia dar um tiro e me suicidar”, disse Janot em entrevista a VEJA. É
uma revelação surpreendente. O procurador vai lançar na próxima semana o
livro Nada Menos que Tudo, escrito pelos jornalistas Jailton
de Carvalho e Guilherme Evelin, em que narra episódios desconhecidos ao
longo dos quatro anos em que esteve à frente das investigações do maior
escândalo político do país. São histórias que se passam no coração do
poder, envolvendo os homens mais poderosos da República e empresários
influentes nos momentos mais agudos da operação.
Há casos de comportamentos indecorosos, como o de um pedido de Michel
Temer e seus aliados para que o procurador não investigasse o então
deputado Eduardo Cunha, e de uma bisonha tentativa de cooptação, quando o
então senador Aécio Neves, em meio ao escândalo e já na condição de
investigado, teve a desfaçatez de convidar Janot para compor com ele uma
chapa a fim de disputar a eleição presidencial de 2018. Há também
situações de sabotagem, traição, desconfiança, intrigas e suspeitas
entre os próprios membros da força-tarefa.
No livro, o ex-procurador preserva o nome de alguns personagens
pilhados em cenas constrangedoras, como o de um ministro do Supremo que,
chorando, foi procurá-lo para perguntar se era alvo da investigação. No
capítulo em que trata do plano para matar Gilmar Mendes, Janot fala de
sua motivação — “insinuações maldosas contra a minha filha” — e resume
em seis linhas o fato que poderia ter provocado uma imprevisível
reviravolta na Lava-Jato: “num dos momentos de dor aguda, de ira cega,
botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não
descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio
àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça
com minha filha. Só não houve o gesto extremo porque, no instante
decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”. A
identidade da “autoridade” que quase foi morta não é revelada.
Na entrevista a VEJA, o ex-procurador-geral fala do livro, das
pressões, das ameaças e das perseguições que sofreu ao longo da operação
e confirma que o alvo de sua “ira cega” era o ministro Gilmar Mendes:
“Esse inspetor Javert da humanidade resolveu equilibrar o jogo
envolvendo a minha filha indevidamente. Tudo na vida tem limite. Naquele
dia, cheguei ao meu limite. Fui armado para o Supremo. Ia dar um tiro
na cara dele e depois me suicidaria. Estava movido pela ira. Não havia
escrito carta de despedida, não conseguia pensar em mais nada. Também
não disse a ninguém o que eu pretendia fazer. Esse ministro costuma
chegar atrasado às sessões. Quando cheguei à antessala do plenário, para
minha surpresa, ele já estava lá. Não pensei duas vezes. Tirei a minha
pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui para
cima dele. Mas algo estranho aconteceu. Quando procurei o gatilho, meu
dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei
posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo.
Nesse momento, eu estava a menos de 2 metros dele. Não erro um tiro
nessa distância. Pensei: ‘Isso é um sinal’. Acho que ele nem percebeu
que esteve perto da morte. Depois disso, chamei meu secretário
executivo, disse que não estava passando bem e fui embora. Não sei o que
aconteceria se tivesse matado esse porta-voz da iniquidade. Apenas sei
que, na sequência, me mataria”.
“Suspeito que Cunha mandou invadir minha casa”
De todos os investigados na Lava-Jato, Janot atribui ao
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha o epíteto de “o pior dos
criminosos”. O ex-procurador-geral diz guardar “depoimentos
assombrosos” dos métodos de intimidação de Cunha e também suspeita que
ele esteja por trás do arrombamento de sua casa, em 2015. O parlamentar
foi afastado do cargo de deputado federal em maio de 2016, a pedido de
Janot, e depois condenado e preso
“Se não fosse a Operação Lava-Jato, talvez Eduardo Cunha fosse hoje
presidente da República. Faço uma constatação de que o então presidente
da Câmara, com a força extraordinária que tinha, com uma base de 150 a
170 deputados e com um sistema abastecendo-o de dinheiro de corrupção,
teria grandes chances de ser eleito presidente. Eu não faço a avaliação
de quem seria o melhor e de quem seria o pior, mas o Bolsonaro é um
produto da queda do próprio Cunha. No início de 2015, minha casa foi
invadida e só levaram um controle remoto do portão. Era um recado, uma
ameaça. Pelo cheiro, suspeito que foi obra do Eduardo Cunha. Não há
evidência. É pelo cheiro mesmo.”
“Aécio me convidou para ser seu vice-presidente”
Com o cerco se fechando sobre os políticos, Janot relata ter
recebido vários “agrados” — de convites para renovar o mandato de
procurador a uma vaga de ministro do STF. A mais inusitada oferta, no
entanto, partiu do então senador Aécio Neves, investigado por
recebimento de propina
“Certo dia, em 2017, meu conterrâneo, o senador Aécio, sentiu que o
clima estava aquecendo com as investigações sobre a Odebrecht e me
convidou para ser ministro da Justiça quando ele fosse eleito presidente
da República no ano seguinte. Eu, é claro, declinei. Dias depois, ele
voltou e me fez outra proposta: ‘Quero pedir desculpa. O convite não
estava à sua altura. Eu acho que você podia ser o meu vice-presidente.
Você escolhe qualquer partido da base, filia-se e vai ser o meu
vice-presidente. Isso vai ser um fato mundial. O vice-presidente chama
embaixadores, representantes de Estado e ele vai para a cozinha cozinhar
para essas pessoas. Eu sei que você gosta de cozinhar’. É óbvio que era
uma tentativa de cooptação. As investigações da Odebrecht estavam
andando e depois o caso JBS foi o tiro de misericórdia contra ele. Houve
uma situação semelhante quando Michel Temer assumiu a Presidência da
República. O ex-ministro Eliseu Padilha me sondou para que eu partisse
para um terceiro mandato como procurador-geral da República. Depois fui
sondado para ser ministro do Supremo. Na sequência, Gustavo Rocha (ex-subchefe de Assuntos Jurídicos e ex-ministro dos Direitos Humanos)
me ofereceu o cargo que eu quisesse. Eu brinquei que queria ser
embaixador do Brasil na Comunidade de Países de Língua Portuguesa,
porque eu moraria em Lisboa, não faria nada e seria como a rainha da
Inglaterra. O Gustavo Rocha disse na hora: ‘O cargo é seu, é seu’. Mas
eu estava brincando.”
“Palocci disse que iria entregar cinco ministros do STF”
As desavenças entre Rodrigo Janot e Gilmar Mendes se
intensificaram diante de rumores que surgiram durante as apurações da
Lava-Jato sobre o envolvimento de ministros do STF com alguns dos
investigados. Janot confirma que delatores fizeram insinuações nesse
sentido mas nunca apresentaram uma evidência concreta
“Na primeira vez em que o ex-ministro Antonio Palocci tentou fechar
uma delação com a gente, disse que iria entregar cinco ministros do STF.
Ele citou a Rosa Weber, o Luiz Fux, o Fachin, mas era igual a biscoito
de polvilho, só fazia barulho. Da Rosa Weber ele disse apenas que o
marido dela era amigo do ex-marido da Dilma. Disse também que o Fux ia
matar no peito e inocentar os petistas no julgamento do mensalão. Do
Fachin, dizia que tinha amizade com não sei quem. Tudo bobagem. Foi
nessa mesma época que um ministro do Supremo me procurou para saber se
ele estava sendo investigado. Com lágrimas nos olhos, disse que a mãe
dele não suportaria vê-lo na condição de investigado. Não tinha
fundamento nenhum. Também houve o episódio em que suspendi as
negociações de delação do Léo Pinheiro (ex-presidente da empreiteira OAS)
porque o nível de informação que ele disse que traria nunca chegou. Era
igual ao Palocci. Ele citava uma conversa que teve com o Toffoli numa
festa, sobre um problema de vazamento no teto da casa do ministro. Disse
que indicou duas ou três empresas para que o Toffoli fizesse o serviço
na casa. Perguntei a ele: ‘Alguma dessas empresas era ligada a você?’
‘Não.’ ‘Vocês pagaram esse serviço?’ ‘Não.’ Então o que tem isso a ver?
Não tinha fato típico. Não tinha nada.”
“Temer queria que eu praticasse um crime”
O ex-procurador-geral relata ter recebido, em março de 2016,
pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff, um convite para um
encontro com o vice-presidente Michel Temer. No Palácio do Jaburu, além
do vice, estava o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves, que,
sem meias palavras e com o aval de Temer, pediu a ele que poupasse o
então deputado Eduardo Cunha de qualquer investigação
“Pouco antes do início do processo de impeachment da Dilma, recebi um
convite para ir ao Jaburu encontrar o vice-presidente. Lá, ele (Temer),
depois de um pequeno rodeio, falou assim: ‘Estamos aqui para conversar
não com o procurador-geral, mas com o patriota’. E entra o Henrique
Eduardo Alves e reafirma: ‘Estamos aqui falando com o patriota e
queríamos chamar o senhor para não permitir que o Brasil entre numa
‘situação de risco’. Esse homem é um louco. O senhor tem de parar essa
investigação’. O louco era o deputado Eduardo Cunha. Custei a acreditar
que estava ouvindo aquilo e disse que aquela conversa estava errada.
Diante da minha reação, Temer ainda insistiu: ‘O Henrique não está
falando com o procurador-geral, ele está falando a um patriota. Não há
gravidade na proposta que ele está fazendo’. Eles queriam que eu
praticasse um crime, o de prevaricação. Falei alguns palavrões
indizíveis antes de ir embora. A reunião foi testemunhada pelo Zé
Eduardo (José Eduardo Cardozo, então ministro da Justiça).”
“Não tenho dúvida de que
o Lula é corrupto”
Era de responsabilidade de Rodrigo Janot a investigação dos
políticos com direito a foro privilegiado — deputados, senadores,
presidentes e até ex-presidentes da República. Como procurador-geral,
ele denunciou Michel Temer, Dilma Rousseff, Lula e Fernando Collor —
todos, segundo ele, envolvidos no escândalo de corrupção, embora em
graus diferentes
“É impossível que o Lula não fosse um dos chefes de todo esse
esquema. Não tenho dúvida de que ele é corrupto. Da mesma forma que não
tenho nenhuma dúvida de que a Dilma não é corrupta. Mas ela tentou
atrapalhar as investigações com a história de nomear o Lula como
ministro da Casa Civil. A obstrução de Justiça aconteceu, tanto que eu a
denunciei. Até agora não surgiu nenhuma prova que envolva a
ex-presidente com corrupção. Temer, sim, é corrupto. Corrupto filmado,
fotografado e gravado. No caso da JBS, teve até malinha correndo em São
Paulo por ação controlada autorizada pelo Judiciário. Não tem como
esconder que aquilo existiu. No caso do Sarney, não dá para dizer
categoricamente que o ex-presidente é corrupto, porque não consegui
denunciá-lo, apesar dos áudios em que aparece discutindo, de forma
velada, repasses de dinheiro. O Collor é um caso à parte…”
“Collor se sentou na minha frente e ficou repetindo: ‘f.d.p., f.d.p.’ ”
Fernando Collor foi denunciado por corrupção e lavagem de
dinheiro em 2015. O senador foi apanhado na primeira leva de políticos
flagrados embolsando dinheiro desviado da Petrobras. Meses depois da
denúncia, Janot passaria pela sabatina no Senado que o reconduziria ao
cargo. Collor estava na primeira fila
“Esse cara virou a minha vida do avesso. Ele levantou o histórico de
um imóvel meu para ver possíveis inconsistências no imposto de renda,
levantou antigos problemas de um irmão meu, já falecido, com a Justiça,
procurou vícios em contratações na PGR em busca de irregularidades. O
investigado investigou o investigador completamente. Para tentar me
constranger, ele avisou antes que se sentaria na primeira cadeira
durante a sabatina e minha segurança advertiu que ele poderia ir armado.
Ainda brinquei: ‘Se for igual ao pai, pode deixar que ele vai errar o
tiro’ (nos anos 60, o senador Arnon de Mello, pai de Collor,
disparou contra o senador Silvestre Péricles, seu adversário político,
mas errou o alvo e acabou matando outro senador, José Kairala). Mas
quem é que daria um baculejo no Collor? Adverti o então presidente do
Senado, Renan Calheiros, de que a minha segurança estava sob
responsabilidade dele. Na hora da sabatina, Collor se sentou na minha
frente, como prometera, e ficou repetindo ‘f.d.p., vou te pegar, f.d.p.,
vou te pegar’. Era uma tentativa de me intimidar. A participação dele
no esquema da Lava-Jato deixou muitas impressões digitais. Ele é um
corrupto com certeza.”
“Deleguei as delações para Curitiba e me arrependi”
Desde que o site The Intercept Brasil divulgou as primeiras
mensagens captadas ilegalmente dos celulares dos integrantes da
força-tarefa da Lava-Jato, travou-se um debate sobre o grau de isenção
dos investigadores e do então juiz Sergio Moro. Janot diz que até
desconfiou das intenções de alguns colegas, mas que elas não chegaram a
contaminar o trabalho
“No início da operação, a força-tarefa de Curitiba pediu que eu
delegasse a ela o direito de fechar as primeiras colaborações premiadas.
Deleguei e me arrependi. As delações do Paulo Roberto Costa e do
Alberto Youssef estavam muito rasas. O primeiro inquérito contra o então
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também estava muito ruim.
Questionei a respeito. Recebi como resposta que o objetivo deles era
‘horizontalizar as investigações, e não verticalizar’. Achei estranho.
Determinadas decisões poderiam estar sendo tomadas com objetivos
políticos? Os procuradores decidiram, por exemplo, denunciar o
ex-presidente Lula por corrupção e lavagem de dinheiro e, no caso da
lavagem, utilizaram como embasamento parte de uma investigação minha,
que eu nem tinha concluído ainda. Mas não houve nenhum complô político.
Depois que o Sergio Moro aceitou o convite para assumir o Ministério da
Justiça no governo Bolsonaro, voltei a refletir sobre o assunto. Como
juiz, ele fez um trabalho técnico, benfeito. Até agora, do que apareceu
dessas conversas do The Intercept, no máximo pode haver algum
questionamento de caráter ético na condução do processo, algum
questionamento sobre imparcialidade. Mas tecnicamente não vi nenhuma
contaminação de provas.”
“Desde o episódio do STF, parei de andar armado”
Comandar a Lava-Jato, para o ex-procurador, representou algo
que ele compara a uma visita ao “inferno”. Janot conta que, desde o
início da operação, recebeu ameaças, recados velados e pressões para
paralisar as investigações
“A partir de 2014, posso dizer que minha vida virou um inferno. As
pressões eram constantes, num jogo muito bruto e sujo. Se eu estivesse
investigando o PCC, poderia receber uma ameaça de morte direta a mim ou a
minha família. A ameaça do mundo político é diferente, é velada.
Primeiro vem a tentativa de cooptação, uma insinuação de cargo. Recebi
várias ofertas, como já disse. Se isso não dá certo, começam a vir os
recados, como o do Temer, apelando para o ‘patriotismo’. Se isso também
não funciona, vem o peixe embrulhado no jornal (sinal de jura de morte da máfia).
Eles sabem da sua rotina, mandam mensagens cifradas. É quase sempre
assim. Ameaça física de verdade eu recebi umas três, inclusive uma em
que o sujeito me xingava de traidor. Esse sujeito, que chegou a ser
preso, me abordou na rua, na saída de um restaurante aqui em Brasília, e
tentou me agredir. Por tudo isso, depois de deixar a procuradoria,
passei uma temporada fora do Brasil. Não tenho medo de morrer, mas tenho
medo da agressão, o que pode terminar em tragédia. Desde o episódio do
Supremo, parei de andar armado.”
“Minha ideia é deixar um relato para que as pessoas julguem as decisões que tomei”
Rodrigo Janot diz que suas decisões na Lava-Jato passarão por
um julgamento histórico daqui a quatro ou cinco décadas. Por isso
decidiu deixar um registro pessoal dos quatro anos em que esteve à
frente da procuradoria e no comando da investigação do maior esquema de
corrupção do país
“Tudo o que a gente está passando aqui vai ter invariavelmente um
julgamento histórico, no qual vão ser apontados erros e acertos. A
maioria das pessoas não terá vivido este momento e receberá informações
de segunda, terceira mão, que podem ser deturpadas. A minha ideia é
deixar um relato para que as pessoas julguem as decisões que tomei ou
pelo menos levem em consideração os meus argumentos. A Lava-Jato foi uma
das mais bem-sucedidas investigações já realizadas no mundo. Neste
momento, acho que não só no Brasil, mas em vários países da América
Latina, se apresenta uma contramarcha no combate à corrupção. É preciso
resiliência para não perder essa luta.”
Publicado em VEJA de 2 de outubro de 2019, edição nº 2654
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Fonte: https://veja.abril.com.br/politica/janot-gilmar-ia-dar-um-tiro-na-cara-dele/
O ministro Gilmar Mendes,
do Supremo Tribunal Federal, reagiu na manhã desta sexta-feira, à
revelação de Rodrigo Janot a VEJA de que foi armado à corte para matá-lo
e que, em seguida, pretendia cometer suicídio. O ministro afirmou que
ficou “algo surpreso”. O ministro lamentou “o fato de que, por um bom
tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem
confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção
suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do
gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por
oportunismo e covardia.”
Em declaração a VEJA, o ministro afirma que “o combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal”
Gilmar Mendes confessa estar “algo surpreso”. “Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.”
“Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País”, afirma Gilmar, que completa: “Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.”
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Fonte: https://veja.abril.com.br/politica/gilmar-sobre-janot-recomendo-que-procure-ajuda-psiquiatrica/
Gilmar sobre Janot: ‘Recomendo que procure ajuda psiquiátrica’
Em declaração a VEJA, ministro afirmou ter ficado surpreso com a revelação de que o ex-PGR foi armado até o Supremo com a intenção de matá-lo
Publicado em 27 set 2019
Em declaração a VEJA, o ministro afirma que “o combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal”
Gilmar Mendes confessa estar “algo surpreso”. “Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.”
“Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País”, afirma Gilmar, que completa: “Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.”
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Fonte: https://veja.abril.com.br/politica/gilmar-sobre-janot-recomendo-que-procure-ajuda-psiquiatrica/
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