Por CRISTIANA AGUIAR*
De acordo com a ciência da felicidade,
relacionamentos são a nossa maior fonte de alegria. Eles têm um
potencial enorme para nos causar dores, mas também são a melhor forma de
cura. Somos curados através dos relacionamentos.
Qual o maior impeditivo para a construção de relações
saudáveis? Essa pergunta de milhões pode ser respondida não de forma
categórica ou presumida, mas com uma frase que sintetiza várias outras:
falta de disposição.
Relacionamentos exigem de nós disposição para ouvir, ceder, compreender antes de ser compreendido, doar, contribuir, amar.
Como dito na canção do Renato Russo, "ainda que eu
falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria..." Letra extraída do
texto bíblico escrito no livro de 1 Coríntios capítulo 13, que diz
também: "o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
Parece que estas palavras estão em dissonância com uma
era em que não temos tempo a perder. A era do "clique" não sabe esperar,
tudo é para ontem.
Estes dias estava conversando com uma amiga que me
disse que está aprendendo a celebrar conquistas. Quando conquistamos
algo, parece que já estamos olhando para o próximo passo, nos perdemos
do tempo da celebração, da contemplação.
Acredito que essa cultura também chegou nas relações. É
preciso satisfazer anseios tão rapidamente que nem dá tempo de conhecer
o outro.
Mas como vou me relacionar com quem eu não conheço? E
como conhecer alguém que não se apresenta? Como se apresentar, se estão
todos distanciados através de uma vitrine digital?
Estamos cada vez mais conectados, todo mundo junto,
poucos temos de perto. O mundo físico pode dar mais trabalho, mas ele é o
mais eficiente quando falamos de relacionamentos, de trocas, de afetos.
Pensando
no mundo corporativo, fala-se tanto sobre entregas de resultados,
performance, metas e bônus, mas em alguns casos fica esquecida a palavra
"pessoas".
Curiosamente, o Instituto Gallup publicou um estudo
demonstrando que ter um melhor amigo no trabalho engaja até 7 vezes mais
o colaborador.
Já imaginou o líder que consegue aumentar o engajamento
da sua equipe em 700% investindo em amizades? É fácil pensar que, se eu
gosto de uma pessoa, vou desejar o melhor para ela, vou procurar
contribuir com seu sucesso, vou espontaneamente fazer coisas que a
agradam. Pense no líder que é amado por seus liderados.
Infelizmente, pesquisas revelam que 87% dos colaboradores ao redor do mundo são descomprometidos com o trabalho.
Uma pessoa tem aproximadamente 45 anos de vida
profissional, se considerarmos que em média troca-se de chefia a cada 3
anos, uma pessoa tem aproximadamente 15 chefes ao longo da vida. Estudos
têm demonstrado que apenas 15% são considerados bons líderes por seus
liderados.
Procure lembrar dos chefes que você teve. Quantos você
considera inspiradores, pessoas capazes de ter ideias e apontar caminhos
para o alcance dos objetivos? Muito dessa estatística se deve à falta
de habilidade para construir relações saudáveis, construir pontes, ao
invés de muros. O líder precisa amar a sua equipe.
Amor é diferente de paixão. Embora seja maravilhoso se
apaixonar, a paixão suspende temporariamente o juízo. Ela suspende a
noção de tempo e espaço. Quando estamos com a pessoa amada parece que só
existem nós dois no universo.
A paixão energiza, mas se durar muito, consome. A gente não pensa em outra coisa...
Já
o amor, cuida! Por isso líderes que amam seus liderados fazem toda a
diferença, eles celebram as conquistas e se responsabilizam também pelos
fracassos.
Logo, a paixão arrebata a alma, mas só o amor constrói.
* CEO da Jeito Certo Consultoria. Especialista em Gestão de Negócios e Pessoas
Fonte: https://www.jb.com.br/brasil/opiniao/artigos/2024/06/1050620-o-poder-do-amor.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário