Para defender Dilma, Lula tenta seduzir imprensa, diz Le Monde
O jornal Le Monde que chegou às bancas nesta terça-feira (29) dá
destaque à crise política no Brasil. Com o título "Lula está em missão
de sedução para defender Dilma", a correspondente do vespertino em São
Paulo, Claire Gattinois, explica como o ex-presidente tentou salvar a
imagem de Dilma durante uma entrevista coletiva concedida à imprensa
internacional na segunda-feira (28).
acorrespondente do Le Monde, Lula usou seu dom de orador de
ex-sindicalista e "todo seu charme natural" para tentar socorrer Dilma.
"Deixem essa mulher governar o país. Ela precisa de tranquilidade para
pensar no futuro", declarou Lula durante a entrevista, que tinha como
alvo a imprensa francesa, alemã, americana, argentina e chinesa.
"Lula, que saiu do poder com mais de 80% de popularidade, deixando um
país próspero e promissor, é hoje um homem arruinado. Suspeitas de
corrupção pairam sobre um ex-presidente convocado por uma Dilma Rousseff
desesperada para fazer parte de seu governo. A iniciativa chocou",
escreve Claire Gattinois.
Segundo a correspondente, Lula quer apagar a ideia de que, como
ministro, ele tentaria escapar da justiça. Para ela, o ex-presidente
tenta passar a imagem de que, aceitando ser chefe da Casa Civil, estaria
servindo o país, ajudando a combater a recessão econômica brasileira
sem cortes orçamentários, mas atraindo investimentos. Uma tentativa do
líder petista, de acordo com Gattinois, de reencarnar o "Lulinha Paz e
Amor", slogan de sua campanha de 2002.
O país em febre
A correspondente questiona se a estratégia de Lula de apelar à nostalgia
dos brasileiros vai dar certo, em um momento em que a polarização
atinge seu auge. "O país, em febre, se rasga", escreve, explicando para
os leitores franceses o virulento confronto entre os dois lados
caricaturais da opinião pública brasileira, os "coxinhas" e os
"mortadelas".
"Lula assiste, desolado, a esse espetáculo. Ele, que se diz autor de uma
revolução social" está "angustiado", escreve Gattinois. Segundo a
correspondente, o líder petista, que defendeu no passado o processo de
destituição previsto na Constituição, usa hoje a retórica do golpe de
Estado para denunciar um processo sem fundamento jurídico a seus olhos.
Para o ex-presidente, a tentativa de tirar Dilma do poder não passa de
um pretexto da oposição inconformada com a derrota para o PT em 2014,
ressalta a jornalista.
Gattinois também descreve a rivalidade que se criou entre Lula e o juiz
Sérgio Moro, encarregado da investigação Lava Jato. A correspondente diz
que o ex-presidente se sentiu ofendido ao ver algumas de suas conversas
telefônicas, grampeadas a mando de Moro, se tornarem públicas. Uma
decisão que Lula classificou como "um circo midiático e um espetáculo
pirotécnico", escreve. Para a jornalista do Le Monde, o líder petista
está convencido de que, em pouco tempo, todos os que o acusam logo virão
lhe pedir desculpas.
Fonte: http://br.rfi.fr/brasil/20160329-para-defender-dilma-lula-tenta-seduzir-imprensa-internacional-diz-le-monde-0
Nenhum comentário:
Postar um comentário