"Subir um lance de
escadas pode aumentar sua expectativa de vida em 6 minutos",
diz o
arquiteto Matthias Hollwich -
Fernando Lemos / Agência O Globo
Criador da plataforma digital de arquitetura Architizer, alemão veio ao
Rio como palestrante de um fórum sobre longevidade
“Nasci em Munique, vivo em Nova York e tenho 46 anos. Portanto,
ultrapassei 50% da minha expectativa de vida e já seria considerado uma pessoa
velha. Entre as pessoas com quem cresci estava a minha avó, que me deixou muito
curioso a respeito da vida. Essa experiência me acompanha até hoje.”
Conte algo que não sei.
Subir um lance de escadas pode aumentar sua expectativa de vida em seis
minutos. Se alguém sobe dez andares para chegar em casa, ganha uma hora a mais
por aqui. Exercícios diários como esse podem contribuir para um envelhecimento
saudável.
No que as pessoas erram em termos de envelhecimento?
Hoje, o maior problema é que a sociedade tem medo de envelhecer, quando
a beleza da vida é ficar mais velho, porque corresponde a uma transição
natural. Ao se conformar com o envelhecimento, passa-se a olhar o futuro com
menos medo e a tomar melhores decisões. A sociedade precisa mudar o modo como
enxerga a si mesma e abraçar esta jornada comum a todos.
Como a arquitetura pode ajudar a corrigir esse erro?
Passamos 95% do tempo envolvidos com arquitetura. Só precisamos ter
certeza de que ela dê suporte aos nossos desafios e oportunidades. As
superfícies de uma cidade, por exemplo, devem ser seguras e não exigir muito
esforço, para se adaptar às necessidades de pessoas idosas e garantir que as
conexões sociais continuem como antes. Não podemos esquecer que, ao envelhecer,
nossos desejos se mantêm os mesmos da juventude. Lugares e construções têm de
ser pensados pela ótica dos mais velhos, para criar um ambiente que não os
exclua.
Como aliar tecnologia à dificuldade das pessoas mais velhas de interagir
com mecanismos modernos?
A tecnologia está passando por uma incrível transição. Passamos pelos
notebooks, estamos nos celulares e teremos ainda a geração do controle de voz.
Esse último recurso ainda é muito controlado por telas, que podem ser difíceis
de ler e tocar, mas o plano é fazer tudo se desenvolver pelo ar. Um sistema de
voz pode estar vinculado a um alerta de emergência, de maneira que, em
determinadas situações, um simples comando possa acionar ajuda. Ou seja, a
integração da tecnologia quase transforma a arquitetura em outra pessoa, pronta
para dar suporte a qualquer momento. A tendência é que, no futuro, os idosos
sejam mais independentes do que são hoje.
Projetos que seguem diretrizes específicas, como os sustentáveis e
humanizados, podem ficar baratos?
Há muitas questões em relação a isso. Primeiramente, a tecnologia está
cada vez mais acessível. Outro ponto é que os governos gastam muito dinheiro
administrando asilos e casas de cuidado. O custo de manutenção de ambientes
integrados, dentro de casa, é bem menor. Com isso, as gestões deveriam investir
mais em ferramentas que tornem os idosos pessoas mais independentes. Mas não dá
apenas para ficar aguardando uma atitude pública. Podemos reconfigurar nossos
lares para conviver com amigos e reduzir o custo de vida.
Como essas propostas podem ajudar a desbancar o senso comum brasileiro
de que pessoas idosas são desimportantes para o funcionamento da sociedade?
Precisamos ser inclusivos e transparentes com as pessoas mais velhas. Ao
deixá-las de lado, os mais jovens perdem a oportunidade de criar uma conexão
emocional e de perceber como elas se sentem. Devemos exigir seus direitos,
porque essa luta não é apenas dos idosos. Todos ficaremos velhos e ocuparemos
essa posição no futuro
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Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/matthias-holwich-arquiteto-beleza-da-vida-ficar-mais-velho-22275433#ixzz53vSHyKVr 10/01/2018
Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/matthias-holwich-arquiteto-beleza-da-vida-ficar-mais-velho-22275433#ixzz53vSHyKVr 10/01/2018
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